Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
MENSAGEM DO EVANGELHO
Neste, 14º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus 11,25-30, Jesus louva a Deus porque n’Ele todos podem conhecer o Pai. O verdadeiro alimento é conhecer a Deus como Pai e nos conhecer como filhos. À medida que as pessoas buscam conhecê-lo, Ele se dá como misericórdia abundante, que dá alento para a alma. Esse é o dom do Espírito Santo, que nos comunica uma vida filial e fraterna, raiz da nova Lei, a lei da liberdade do Filho.
Jesus inicia um discurso de ‘bênção’, ‘bendição’ ou ‘bendizer’. Uma ‘berakah’ suave e terna típica oração hebraica geralmente iniciada pelas palavras “Bendito sejas tu, ó Deus”. Ele proclama, reconhece publicamente, o dom do Pai e que Ele é senhor de tudo: do céu e da terra. Jesus exulta de alegria por aqueles que acolhem a Palavra. Estamos diante de um ponto alto do Evangelho: o Filho se alegra com a mesma alegria do Pai porque os filhos participam dos movimentos interiores de Deus. Os sábios e inteligentes buscam a revelação mediante os conhecimentos religiosos e estudos prolongados; os pequenos e os discípulos missionários se deixam instruir por Jesus.
O Apóstolo Paulo, dirá aos coríntios que os pobres e fracos sabem mais que os inteligentes porque acreditaram em Jesus crucificado e ressuscitado, ao contrário daqueles que só buscam a Deus pela sabedoria. Só Jesus pode revelar o verdadeiro rosto e o projeto do Pai, pois ele vem do Pai e conhece o que transmite. A revelação aos pequenos sabem mais, mas que eles conhecem melhor. Jesus se relaciona com o Pai dando a si o título de Filho, para mostrar a sua distinção e a dependência do Pai. Ele revela o mistério do Pai. O Pai conhece o Filho, assim como o Filho conhece o Pai. Há uma sintonia entre o agir de Deus e o agir do Filho. O Pai age com amor e bondade e foi desta forma que o povo entendeu o agir misericordioso e bondoso de Jesus.
O Filho ‘conhece os gostos’ do Pai sabe o que é que lhe agrada. Se antes Jesus glorifica a porque o Pai revela tudo a Ele em uma íntima relação de amor, agora Jesus mostra o caminho para que toda a comunidade participe desta nova relação. É preciso um esforço de busca por parte das pessoas, que devem se aproximar de Jesus para sentir-se filhos, amados do Pai. Assim como os animais, as pessoas carregavam seus fardos como sinal de sua escravidão. A Lei, que havia sido proposta como um caminho de vida para proteger a vida em comum e orientar os homens a viverem junto com Deus havia sido transformada por alguns grupos desde a época pós-exílica em um legalismo infiel e sem caridade. Era usada para legitimar o poder de um grupo sobre a maioria pobre da população que não tinha condições de se adequar a todas as exigências legais.
Os que não conseguiam cumprir a Lei frequentemente eram vistos como infiéis e distantes desígnos de Deus. O povo que não conhecia a Lei era chamado de “maldito”. Um fardo pesado para se carregar! Jesus não veio abolir a Lei, mas para dar-lhe o pleno cumprimento. Jesus quer lembrar à humanidade qual é o núcleo que permite viver bem a Lei: praticar o amor! O amor, fruto do dom do Espírito Santo, é pleno cumprimento da Lei. Só o amor é e contém aquela “justiça excessiva” que introduz no Reino dos Céus e ensina a ser misericordioso em todas as situações. Todo o que quer interpretar a Lei deve olhar para Jesus.
Ele mostra como ela é com seu testemunho de vida. Se Jesus é o reflexo de Deus aos homens, todos podem perceber nele como viver em plenitude uma relação de intimidade com Deus: tendo um coração manso e humilde. Jesus usa a imagem da sabedoria, na qual os homens podem encontrar descanso da opressão do mundo legalista no qual vivia, que tornava a religião um capricho de um grupo dominante. O amor é livre não porque transgride a lei, que transgride a lei é escravo rebelde da Lei!, mas porque dele brota tudo e só o que é bom. Quem ama não é mais escravo da Lei, mas é súdito do amor, monarca absoluto, verdadeiramente absoluto! O caminho do Reino dos Céus não se esgota na encarnação.
É preciso um esforço do homem para se aproximar de Deus, o que não pode ser resumido em um processo de culpa-castigo, em que é preciso obedecer normas morais para que Deus ajude a ser feliz. Este é um peso grande demais! Ser cristão significa entrar na íntima relação de amor que existe entre Jesus e Deus, sendo continuamente transformado em sua forma de ver o mundo e vivê-lo, tornando-se, com Cristo, manso e humilde de coração. É tempo de ir ao encontro de Jesus que nos acolhe e nos livra dos fardos pesados que a vida moderna nos impõe.
Seja fiel, ofereça o Dízimo