Reconstrução de escolas e unidades de saúde, manutenção de abrigos, limpeza de ruas, ajuda a desabrigados, recuperação de vias, reformas de pontes, recuperação de muros de contenção e tantos outros serviços foram mais uma vez necessários em cidades do Vale do Itajaí em 2017. A chuva forte traz deslizamentos, enchentes e enxurradas que deixam um rastro de sujeira e de cicatrizes em muros e encostas, mas também de prejuízos até difíceis de contabilizar. Números que os municípios afetados precisam tentar botar na ponta do lápis para correr atrás de verba estadual e federal para começar a recuperação.
Somente em Blumenau e Rio do Sul, segundo levantamentos das prefeituras e de empresas, o custo das chuvas em 2017 ultrapassa os R$ 109 milhões. Os valores são referentes à enchente do fim de maio e começo de junho em Rio do Sul e às fortes chuvas que atingiram Blumenau em janeiro e março, causando deslizamentos e enxurradas. Desse valor, apenas cerca de R$ 871 mil já foram repassados para as duas cidades.
Com grande parte da cidade debaixo d’água duas semanas atrás, Rio do Sul é a cidade com a situação mais delicada. A prefeitura estima perdas de R$ 12,4 milhões no período e, segundo um levantamento feito com todo o setor produtivo da economia do município, outros R$ 73,4 milhões foram amargados pelas empresas rio-
sulenses, contando perda de mercadorias e equipamentos, gastos com reformas e outros prejuízos.
– A palavra de ordem ainda é levantamento de custos, mas tivemos algumas respostas rápidas nas últimas semanas. Estive com o governador de Santa Catarina em uma visita na semana passada e também fui à Brasília me reunir com o Fórum Parlamentar Catarinense. A resposta foi positiva, o governador homologou o decreto de situação de emergência em nível 2 e o presidente Michel Temer sinalizou
R$ 20 milhões para Santa Catarina. Acredito que boa parte venha para Rio do Sul – destacou o prefeito José Thomé.
Dos R$ 12,4 milhões que fazem parte do levantamento da prefeitura de Rio do Sul, a maior parte deve ser destinada à reconstrução de escolas e unidades de ensino atingidas pela enchente, além da limpeza da cidade e recuperação das estradas. Um plano de trabalho também está sendo montado pelas equipes da Defesa Civil municipal e estadual, para ver as questões técnicas do que precisa ser feito. Obras em 15 quilômetros da Trans Enchente – rua criada ao redor da cidade para ligar os bairros em situações de enchente – também fazem parte do pacote.
Prefeitura de Blumenau contabiliza R$ 23,9 milhões em obras e reparos
Se a enchente de duas semanas atrás no Vale do Itajaí teve impactos menores em Blumenau, a cidade ainda corre atrás de verba para reembolsar o que gastou no primeiro trimestre, quando as chuvas de verão deixaram estragos. A prefeitura contabiliza prejuízo de R$ 10.250.828,02 no evento de janeiro – das chuvas e enxurradas no Distrito do Garcia, e outros R$ 13.697.102,20 para os danos das fortes chuvas na região da Velha Grande em março. As ocorrências envolveram deslizamentos de terra e alguns imóveis foram condenados, inclusive duas unidades de ensino.
Com situação de emergência decretada pelo prefeito Napoleão Bernardes para agilizar a busca por verbas para as duas situações, Blumenau encaminhou à União um pedido de R$ 450 mil para ações chamadas tecnicamente de resposta, como limpeza, desobstrução de ruas, retirada de entulho, entre outras melhorias para os estragos de março. Desse valor, segundo o secretário da Defesa do Cidadão Rodrigo Quadros, o governo federal repassou R$ 427 mil.
De acordo com Quadros, tramita na Secretaria Nacional da Defesa Civil dois pedidos do município para verbas de reconstrução dos danos causados em janeiro e março, que juntos chegam a R$ 23,9 milhões. Dos estragos causados pela chuva e a cheia do começo do mês, levantamento feito pela Secretaria de Conservação e Manutenção Urbana calcula ter investido pouco mais de R$ 374,1 mil em trabalhos como tapa buraco, maquinário, limpeza de ruas, etc.
“É uma situação de calamidade financeira”, diz José Thomé
Embora os danos da enchente tenham sido controlados e perdas com vidas ou estruturas maiores evitados, o que não fez Rio do Sul precisar decretar situação de calamidade pública, o prefeito José Thomé avalia que a situação econômica da cidade beira a calamidade:
– Uma cidade que passou por enchentes em 2013, 2015 e 2017 fica em uma situação econômica difícil. A economia sofre, a cada dois anos as empresas param e perdem muito. É preciso fazer o comércio voltar a girar – afirma.
A declaração de Thomé é baseada pelo levantamento feito pela prefeitura com 820 empresas da cidade após a enchente do começo do mês. Através de um sistema, os empresários afetados de alguma forma pelas chuvas preencheram um formulário que ajudou o município a chegar ao valor de R$ 73,4 milhões em prejuízos na economia – a maior parte na indústria.
Enquanto tenta viabilizar recursos com o governo federal para os custos do poder público, a prefeitura também diz estar trabalhando no auxílio ao setor econômico, especialmente na busca por linhas de crédito com condições melhores.
JORNAL DE SANTA CATARINA