Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Dom 14 de maio de 2017
MENSAGEM DO EVANGELHO
Neste, 5º Domingo do Tempo da Páscoa, O Evangelho de João 14,1-12, é um longo discurso de Jesus, somente com poucas perguntas dos discípulos missionários. Esta situado depois do lava-pés e do anúncio da traição de Judas. O tema gira em torno da partida de Jesus e da preparação dos discípulos missionários para que continuem a caminhada com fé em Jesus e aponta para a vivência no amor e na espera escatológica. Diante da sua paixão iminente, Jesus conversa com os discípulos missionários sobre o significado da sua partida para a vida dos discípulos missionários. São palavras de despedida, um testamento. Jesus abre o seu coração e revela o sentido último da sua existência. Dois motivos deixaram os discípulos missionários perturbados!
Primeiro: Jesus anuncia a sua partida, eles vão ficar sem Jesus; Segundo: o anúncio da traição de Judas que rompe com a comunidade, já não são mais Doze Apóstolos. Jesus pede que o seu coração se acalme e não se perturbe. A frase será repetida e alongada mais adiante: “Não se perturbe e não se intimide o vosso coração”. A partida de Jesus é necessária. Ele precisa retornar ao seio do Pai. Assim como os sinais fizeram com que os discípulos missionários cressem em Jesus, a sua partida não deve ser vista como uma ausência, mas o cumprimento da missão. Isso pode ser entendido à luz da fé. Não é qualquer fé: eles devem ter fé em Deus e fé em Jesus! Jesus vai partir, mas não vai para qualquer lugar. Retorna de onde veio. Assim como veio ao encontro dos primeiros discípulos missionários, estará lá aguardando quando chegar a hora deles partirem e irem ao encontro do Pai. Jesus retorna para a casa do Pai. A casa é o lugar do aconchego, da segurança, do bem estar. Jesus irá preparar um “lugar”.
Os judeus diziam que o Templo era o “lugar” da morada verdadeira de Deus. Mas Jesus já havia denunciado que eles fizeram da casa do Pai um lugar de comércio. Este novo lugar misterioso não será mais construído por mãos humanas, como dirá a Carta aos Hebreus, mas por Jesus, e lá haverá muitos lugares, lugar para todos. Os judeus sabiam que no Antigo Testamento o Senhor havia caminhado com eles, feito o caminho da escravidão para a Terra Prometida. A Lei dada por Deus ao povo era como um caminho a seguir, ver o Salmo 119, e uma das estrofes dizia: “Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho”. Com Jesus, há uma nova Lei, o caminho do Amor que deve ser seguido pelos discípulos missionários. Tomé, chamado Dídimo, que significa “gêmeo”. Ele já havia manifestada por ocasião da morte de Lázaro quando convidou os discípulos missionários para irem a Judeia e “morrer com Jesus”. E irá aparecer sem fé e depois confessar sua crença na ressurreição de Jesus e na pesca milagrosa. É o modelo do discípulo missionário que precisa perguntar e ver para crer. No Evangelho de João por sete vezes, utiliza o verbo com complemento: “Eu sou o Pão da Vida”; “Eu sou a luz do mundo”; “Eu sou a Porta”; “Eu sou o Bom Pastor”; “Eu sou a Ressurreição e a Vida”; “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”; “Eu sou a Videira Verdadeira”. Por sete vezes, o número perfeito, Jesus diz quem e o que Ele é! Quando Jesus afirma que é o Caminho não quer dizer que é uma mudança de lugar, mas é uma maneira de entrar na intimidade do Pai. Ele define a sua missão. Ele é o caminho que conduz a Deus. É por meio dele que chegamos a Deus. Os primeiros cristãos diziam que seguiam o “Caminho”. Jesus é a Verdade porque revelou o verdadeiro rosto de Deus Pai, e revelou quem é o humano. Ele é a Vida porque ele comunica a vida que está em Deus e faz de nós filhos de Deus e porque veio “para que todos tenham a vida e a tenham em abundancia”.
Jesus é o mediador, é a porta que leva os discípulos missionários ao encontro amoroso com o Pai. Trata-se de uma grande declaração da identidade de Jesus. Não significa simplesmente uma compreensão pela razão a respeito de Deus. O verbo ‘gnosko’ se refere a uma experiência, uma relação intima entre duas pessoas. Filipe fala com Jesus como se o Filho e o Pai fossem duas pessoas separadas. O pedido lembra a solicitação de Moisés para ver a glória de Deus, como se houvesse a necessidade de uma manifestação poderosa em forma de epifania para que Deus fosse visto por todos, o que era típico do mundo israelita. Jesus é tratado como se fosse um simples mediador. Não se trata de uma visão ocular, como um reconhecimento de algo que está diante de si. João 6,46 já havia usado esta expressão para dizer que somente o Filho havia visto o Pai. Ver o Pai está ligado à compreensão de seu mistério pessoal, de uma compreensão na fé. Assim, Moisés “via a forma do Senhor”. Jesus já havia defendido sua relação com o Pai a partir das obras que fazia. As obras não podem ser entendidas como a ação de um milagreiro. Para João, elas têm um caráter de “sinal”, algo permanente, cujo efeito é duradouro e revela uma realidade mais profunda. Jesus inaugura a sua partida que é o início do nosso retorno ao Pai. Ao mesmo tempo ele prepara os discípulos missionários para a caminhada da Igreja que deve seguir suas pegadas. Na Oração Eucarística proclamamos: “Caminhamos na estrada de Jesus”. Nós sabemos que ele é o Caminho e que ele está presente nesta caminhada. E nos dá a segurança de que quando nossa missão se cumprir temos um lugar garantido, temos a nossa morada, o nosso ‘cantinho’. Este caminho que iniciamos quando aderimos à fé e entramos nesta “vida eterna” da qual tanto fala o Evangelho de João. Esta só se concretizará, em sua plenitude, na “Casa do Pai”.
Seja fiel, ofereça Dízimo!