Aluna Amaro em entrevista para o Programa Momento da Educação, com o professor Aluizio Witiuk. (Fotos: Wannessa Stenzel)
Ela é extremante competente e concentrada. Cássia Eduarda Amaro, abriu um novo caminho para o futuro. Posição de sentido. Ela é a mais jovem integrante da turma que ingressa na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Capinas (SP).
A aluna Amaro, como agora é chamada, é moradora de Porto União. Egressa do Colégio São José, a jovem entrará para a história de mulheres combatentes no Brasil. O ano letivo iniciou em 2017.
Até então, no País, elas só poderiam trabalhar em funções administrativas ou integrando os quadros de saúde (como médicas ou dentistas, por exemplo). Agora, serão combatentes, onde terão, como os homens, o direito de cursar a faculdade militar. Ao se formarem na escola, os alunos têm, então, ingresso assegurado à Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), o ensino superior dos militares.
Pela primeira vez em 76 anos, a EsPCEx terá uma turma feminina. A lei foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2016 e dá à Força prazo de até cinco anos para se preparar para integrar alunas à Escola Preparatória. Embora haja mulheres combatentes em polícias militares pelo País, no Exército o segmento feminino se restringe a 6.700 de seus 200 mil integrantes, representando apenas 3,35% do total. Como comparação, o Exército dos Estados Unidos, por exemplo, tem 14% de mulheres, o quádruplo, proporcionalmente.
Primeira seleção de mulheres
A primeira seleção de mulheres para as escolas de preparação para funções de combate no Exército foi considerada um sucesso: a concorrência foi tanta que gerou uma relação candidato por vaga superior às das carreiras mais procuradas no vestibular da USP, um dos principais do país. Mais de 7,7 mil jovens se inscreveram para as 40 vagas reservadas às mulheres na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, porta de entrada para a carreira de oficial na Aman.
De acordo com a Soldado Amaro, a escolha veio de inspiração familiar. “Meu pai Marcelo fez serviço militar. Eu estava em dúvida entre cursar medicina, porém o coração falou mais alto. A inspiração da carreira militar dele (pai) e a abertura das inscrições na EsPCEx firmaram a minha escolha profissional. Estou muito feliz. Minha família é meu pilar, é meu tudo”, confirma.
Estudos
A soldado Amaro é muito dedicada, e isso percebe-se em cada palavra por ela proferida. Em 2016, ela estava enjangada a estudar, onde vinha frequentando cursinho preparatório para processos seletivos das escolas militares em Londrina (PR). “Este é o resultado de toda a preparação de estudos desde a primeira infância”, conta.
Rotina
A moradora de Porto União conta que a rotina da EsPCEx exige muita dedicação. Nas primeiras semanas, as alunas contaram com aulas baseadas nas técnicas milites básicas para a formação, incluindo testes físicos. “Agora, já às 5h50 temos a alvorada. Neste momento, as alunas devem estar com o coque bem alinhado – sempre coque e sem fios aparente, com exceção dos cabelos curtos, com o uniforme padrão, cama arrumada, armário organizado. Já às 6h20, ocorre a primeira inspeção do dia, seguida do café da manhã. Após avançamos o rancho com os avisos da companhia. Em seguida temos a divisão do ensino, como física, cálculo, entre outras”, diz a jovem, relatando parte de sua rotina.
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