Um grupo de representantes de prefeitos recém-eleitos recebeu, na manhã desta quinta-feira (03), investidores dispostos a propor Parcerias Público-Privadas (PPP) para a construção de usinas de aproveitamento de energia renovável através do lixo urbano. A conversa ocorreu na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), com empreendedores que detém a tecnologia no Brasil: a americana Kogenergy, e a Nazca GrouP, que atua em Santa Catarina.
Denominada UVER (Unidade de Valorização Energética de Resíduos Sólidos Urbanos), a estrutura traria para o estado a tecnologia largamente empregada em diversos países para produção de energia limpa. A unidade projetada processaria 300 toneladas de lixo por dia. Com esta quantidade seria possível produzir 40.000 MWh/ano, potência equivalente ao consumo de 70 mil residências. "A energia pode ser utilizada para compensar consumos próprios da Prefeitura em escolas, hospitais e iluminação publica", exemplificou o diretor da Nazca Group, Marcelo Malavota.
Por meio de análise realizada na cidade de Recife, onde está estabelecida a empresa Kogenergy, os empreendedores sugerem economia para os municípios entre 35 a 50% nos custos com energia elétrica mais os custos com o aterro sanitário. O corte de gastos deve ser similar se implantado em cidades catarinenses. Conforme o diretor da Kogenergy no Brasil, Rubens de Paula, cerca de 95% do lixo seria aproveitado dentro da usina. O restante, as sobras em forma de cinzas, poderiam ser destinadas para a construção civil.
Para viabilizar a obra, os investidores sugerem Parceria Publica-Privada (PPP), através de uma concessão por um prazo de 20 a 25 anos. O estudo elaborado pela empresa estima um custo para as Prefeituras de contraprestação entre 12 e 16 milhões de reais por ano. Os investidores ressaltam que uma licitação deve ser aberta pela prefeitura, com direito à ampla concorrência.
“Esta solução é ideal para localidades com 300 mil e 400 mil habitantes”, afirmou João Bosco de Almeida, sobre a construção de plantas da UVER. Ele ressaltou que cidades menores podem buscar alternativas para viabilizar a obra, como incluir resíduos industriais e agrícolas aos rejeitos para a incineração. Também poderia ocorrer consórcio com outras prefeituras para alcançar as 300 toneladas de lixo por dia que o projeto exige. Para planejar a construção das unidades, os investidores propuseram realizar estudos em cada município.
Usinas com esta tecnologia ainda não foram implantadas no Brasil. O processo dentro da unidade começa com a entrada de rejeitos carregados por caminhões de lixo. Materiais com baixo valor de geração térmica, como metais pesados, são separados durante o processo. O restante é tratado, com a secagem do lixo que será enviado para a caldeira e incinerado. Os gases resultantes são tratados para evitar mau cheiro.
O consultor empresarial João Bosco de Almeida destacou que alterações recentes na legislação facilitariam a construção das usinas, como a Política Nacional de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também permite que o consumidor produza a própria energia a partir de fontes renováveis.
A implantação da usina levaria cerca de dois anos, entre estudos e fim das obras. Uma área de aproximadamente 30 mil m² seria necessária para abrigar a unidade. Durante a obra, cerca de 100 empregos seriam gerados. Para o funcionamento da unidade, cerca 35 funcionários devem ser contratados.
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