Da Redação, com Rádio Vaticano
Santo Padre alerta sobre risco da vaidade, que leva à fraude / Foto: Arquivo-L’Osservatore Romano
Na Missa desta quinta-feira, 22, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco fez um alerta sobre a vaidade, que é como uma osteoporose da alma e acaba levando à fraude, a uma vida falsa. Ele disse ainda que avidez, vaidade e orgulho são a raiz de todos os males.
A homilia foi concentrada no Evangelho do dia, que apresenta o rei Herodes inquieto porque, depois de matar João Batista, se sente ameaçado por Jesus. Francisco explicou que, na alma do homem, existe a possibilidade de sentir duas inquietações: uma boa, provocada pelo Espírito Santo para realizar boas ações, e outra má, que nasce da consciência suja. Herodes estava preocupado com o seu pai, Herodes o Grande, depois da visita dos Reis Magos. Os dois resolvem suas inquietações matando, passando sobre “o cadáver das pessoas”.
Essa gente que provocou tanto mal, que fez mal e tem a consciência suja e não pode viver em paz, disse o Papa, porque vive numa coceira contínua, numa urticária que não os deixa em paz. Essa gente praticou o mal, mas o mal tem sempre a mesma raiz, todo mal: a avidez, a vaidade e o orgulho. “Todos os três não deixam a consciência em paz; todos os três não deixam que a inquietação saudável do Espírito Santo entre, mas levam a viver assim: inquietos, com medo. Avidez, vaidade e orgulho são a raiz de todos os males”.
A primeira Leitura do dia, extraída do Livro do Eclesiastes, fala da vaidade. “A vaidade que nos enche. A vaidade que não tem vida longa, porque é como uma bolha de sabão. A vaidade que não nos dá um ganho real. Qual ganho tem o homem por toda a fadiga com a qual ele se preocupa? Ele está ansioso para aparecer, para fingir, pela aparência. Esta é a vaidade. Se queremos dizer simplesmente: ‘A vaidade é maquiar a própria vida’. E isso deixa a alma doente, porque se alguém falsifica a própria vida para aparecer, para fazer de conta, e todas as coisas que faz são para fingir, por vaidade, mas no final o que ganha? A vaidade é como uma osteoporose da alma: os ossos do lado de fora parecem bons, mas por dentro estão todos estragados. A vaidade nos leva à fraude”.
O Santo Padre fez uma comparação ainda aos trapaceiros que marcam as cartas e assim acabam conseguindo uma vitória falsa. Esta é a vaidade, explicou, viver para fingir, para fazer de conta, para aparecer, e isso inquieta a alma.
São Bernardo – recordou o Papa – disse uma palavra forte aos vaidosos: “Mas pense naquilo que você vai ser. Você vai ser comida para os vermes. E todo esse maquiar a vida é uma mentira, porque os vermes vão comer você e você não vai ser nada”. Mas onde está o poder da vaidade? Levado pelo orgulho em direção do mal, não permite um erro, não permite que se veja um erro, cobrir tudo, tudo deve ser coberto”
“Quantas pessoas conhecemos que parecem … ‘Mas que boa pessoa! Vai à missa todos os domingos. Faz grandes ofertas à Igreja’. Isto é o que se vê, mas a osteoporose é a corrupção que tem dentro. Há pessoas assim, – mas há pessoas santas, também! – que faz isso. Mas a vaidade é isso: se parece com rosto de pequena imagem e, depois, a sua verdade é outra. E onde está a nossa força e segurança, o nosso refúgio? Lemos no Salmo: ‘Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração”. Por quê? E antes do Evangelho recordamos as palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Esta é a verdade, não a maquiagem da vaidade. Que o Senhor nos livre destas três raízes de todo os males: a avidez, a vaidade e o orgulho. Mas sobretudo da vaidade, que nos faz tanto mal”.