Foto: André Podiacki / Agência RBS
Antes de a Olimpíada começar, no dia 5 de agosto, seleções de várias modalidades estarão espalhadas pelo Brasil se preparando para o Rio de Janeiro. Em Santa Catarina, até agora, três países confirmaram treinos de aclimatação: o boxe do Uzbequistão, a natação da Alemanha e a natação paralímpica de Israel. Os alemães foram os primeiros e já estão por aqui. Desde esta terça-feira eles trabalham no complexo aquático da Unisul, em Palhoça, com a maior tranquilidade e sem medo em relação a segurança da delegação.
– Escolhemos aqui justamente por ser um lugar em que nos sentimos seguros. Acho que foi feito o suficiente em relação a segurança. Me sinto seguro – disse o técnico da seleção alemã Henning Lambertz.
Quem cuida da segurança durante o Rio 2016 é a Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos, do Ministério da Justiça. Em contato com a reportagem, eles informaram que a secretaria não recebeu nenhuma solicitação desses países que ficarão em SC. O mesmo posicionamento teve a Polícia Federal:
– Não houve nenhum pedido de segurança para essa seleção ou qualquer outra. Se houver, será avaliado – explicou o delegado federal Luiz Carlos Korff.
A Polícia Militar do Estado reforçará as patrulhas na região da Unisul.
– Não recebemos de nenhuma entidade, como COI, força de segurança federal ou das próprias seleções solicitação para aumentar a segurança. A Unisul entrou em contato conosco informando que a Alemanha está lá. O comando do batalhão da região decidiu intensificar o patrulhamento na Unisul nesse período – explicou o tenente-coronel Alessandro Marques.
Ildo Rosa, delegado federal aposentado e que foi representante da Interpol, analisa que a Olimpíada é o evento com maior perigo para atentados.
– É o evento que reúne mais países e divergências, sejam de disputa de território ou religiosas. Mas a Secretaria de Grandes Eventos tem um trabalho de inteligência avançado e se houvesse um perigo aqui com a Alemanha eles teriam providenciado um esquema de segurança. Na Copa do Mundo foi usado o mesmo sistema da Olimpíada, trabalhei nele e funcionou muito bem.
O professor de criminologia da Univali Alceu de Oliveira Pinto Júnior explica que a análise de risco da secretaria é feita de duas formas.
– São duas análises: uma de perturbação, que serve para atletas muito famosos que reúnem pessoas com desejo de um autógrafo ou tirar uma foto e ou a delegação que pede uma segurança maior, isso com uma justificativa. Em tese, a Secretaria de Grandes Eventos faz um mapeamento de risco de todas as delegações. Na Copa do Mundo funcionou – explicou.
Apesar de na segunda-feira ter havido um ataque a um trem na Alemanha, a delegação se mostra tranquila em SC e confiante na segurança pública do Estado.
O que dizem os órgãos oficiais
- A organização do Rio 2016 informou, por meio de assessoria de imprensa, que os quesitos de segurança são de responsabilidade da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos do Ministério da Justiça.
- A Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos disse que nenhuma das seleções que estarão em Santa Catarina nos próximos dias solicitou qualquer esquema de segurança.
- Agência Brasileira de Inteligência (Abin) informou, por e-mail, que "estão verificando se será possível encaminhar informações sobre essa questão". Até o fechamento desta edição eles não haviam retornado com novas informações.
- O Ministério da Defesa informou que delegações de seleções que não estejam no Rio de Janeiro não são de responsabilidade deles e, sim, da força pública de cada estado.
- A Polícia Federal disse que nenhuma seleção solicitou esquema de segurança e que, se receber algum pedido, ele será avaliado antes de ser atendido.
- A Polícia Militar de Santa Catarina informou que nenhum órgão federal orientou em relação às seleções que treinarem no Estado e que, informados pela Unisul da chegada da Alemanha no complexo aquático, eles reforçaram as patrulhas na região da universidade.
DC *Colaborou Leonardo Gorges