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Jantar natalino tem beija-mão a Temer e ‘barraco’ entre Kátia Abreu e Serra

Quinta, 10 de dezembro de 2015

 

Vice foi cortejado na festa em que ministra arremessou copo contra senador

O vice-presidente Michel Temer chega à casa do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) - Maria Lima/O GLOBO

BRASÍLIA - Presenciar a durona presidente Dilma Rousseff se curvar a um apelo “emocionado” para que não rompesse a relação política foi apenas uma parte da noite em que o vice-presidente Michel Temer, entre baforadas de charuto e um intenso beija-mão, saboreou madrugada adentro os prazeres que a expectativa de poder pode proporcionar. Logo depois da delicada conversa com Dilma, Temer chegou para um jantar de confraternização de senadores da base e oposição na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE).

Mas o jantar não foi só de confraternização natalina. Em um momento que deixou constrangidos os convidados, a ministra da Agricultura Kátia Abreu e o senador José Serra (PSDB-SP) protagonizaram um verdadeiro "barraco", que terminou com a peemedebista jogando seu copo de bebida no tucano depois de um bate-boca acalorado provocado por uma brincadeira mal recebida.

A um canto da piscina uma fila de senadores e ministros assediaram o vice que hoje assume a Presidência interinamente em virtude da posse do novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, por enquanto, e o assunto era um só: como tinha sido a conversa com Dilma e sua avaliação sobre o desfecho do impeachment. Temer teve duas conversas particularmente demoradas: com a ministra da Agricultura Kátia Abreu, um das mais ferrenhas defensoras da presidente Dilma; e com o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), que passou a noite falando sobre o processo de impeachment que o apeou da Presidência em 1992.

— Temer ficou surpreso com o apelo dramático que a presidente Dilma fez a ele. Logo ela que é durona e não mostra fraqueza, se emocionou muito — comentou Kátia Abreu numa roda de senadores, sem explicar se a presidente Dilma chegou a chorar, durante a conversa.

— O vice está deslumbrado e muito embevecido achando que já é o presidente, mas disse que não vai fazer nenhum comentário a respeito. Na conversa ele disse para a presidente Dilma que sua preocupação agora é com o partido que está dividido ao meio. Há em curso um processo paulista, do empresariado e da mídia impulsionando esse seu comportamento de distanciamento da presidente — comentou a ministra Kátia Abreu.

EMOÇÃO, COLLOR E ‘BARRACO’

O senador Fernando Collor (PTB-AL) e o vice-presidente Michel Temer - Divulgação

Outros convidados contaram que a presidente Dilma, antes da conversa com Temer, fez um mídia training com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que almoçara na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outros senadores do partido. Na sabatina, ela tinha sido instruída a ser “emotiva” e não tocar nos temas reclamados por Temer na carta desabafo que motivara a conversa, a pedido da presidente para tentar recompor a relação com o vice.

Presente na festa, o ex-ministro e atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, ponderava, nas conversas, sobre a necessidade de o PMDB do Senado, que tem dado sustentação a presidente Dilma, se articulasse mais no entorno do partido.

A conversa de mais ou menos 15 minutos de Collor com Temer também chamou a atenção .

— É a vítima dando lições para algoz — comentou o senador Paulo Bauer (PSDB-SC).

 

Ao voltar para a mesa em que estavam vários senadores, inclusive o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e outros, Collor passou a discorrer sobre sua própria experiência de impeachment. Os senadores quiseram saber em que momento ele percebeu que não tinha mais volta, que a cassação será irreversível.

— O momento mais dramático foi quando eu tive que demitir os ministros Bernardo Cabral (Justiça) e Zélia Cardoso de Melo (Economia) . Naquele momento eu perdi o comando do governo. Depois, quando o povo se vestiu de negro, eu senti que perdera a presidência da República — contou Collor, dizendo que na conversa com Temer não tinha abordado como tinha sofrido, o que poderia ser interpretado como um gesto em defesa da presidente Dilma nesse momento.





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