Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 34º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de João 18,33b-37, é próprio da Celebração Litúrgica de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. O contexto é o relato joanino da Paixão, concentra-se no diálogo entre Jesus e Pilatos sobre a realeza. A realeza universal de Jesus, proclamada diante do representante de César, suprema autoridade mundial, primeiro representante do chefe deste mundo, é o tema que domina toda a narração da Paixão. Depois que o poder religioso decidiu a entronização de Jesus na cruz, o poder político proclama a realeza, condenando-o à morte. Esse texto é um jogo de ironias: o que é dito por brincadeira é verdade; o que se considera verdadeiro é brincadeira. Uma brincadeira estúpida e trágica ao mesmo tempo. A mentira, sem querer nem saber, proclama a verdade. As trevas saíram em campo aberto, reuniram-se para julgar e mancomunaram-se para condenar o Nazareno. A luz do mundo dissolve as trevas que o aprisionaram. Jesus executa abertamente o julgamento de Deus. Ao invés de condenar quem quer que seja, e motivo não faltaria, dá a vida por todos. Contra o Filho, enviado pelo Pai para salvar os transviados irmãos, reuniram-se os poderosos, para cumprir o que a mão e a vontade o Senhor haviam predisposto que acontecesse: manifestar a todos o Seu amor misericordioso, glória dEle e salvação nossa. Rei é o homem ideal, ideal de todo homem. Livre e poderoso quer o que lhe agrada e faz, ou faz fazer, o que quer. No mundo antigo e na Idade Média sob muitos aspectos, foi sua continuação, o rei era o representante de Deus na terra. O confronto com Pilatos ocupa perto de um terço do relato da Paixão. Abarca o processo, prossegue na cruz e prolonga-se na deposição da cruz. O poder de Pilatos estende-se da condenação à execução, da execução ao sepultamento do Justo injustamente executado. A essência injusta e letal do poder romano é escancarada. A realeza de Jesus desmonta a nossa imagem deformada do homem e de Deus. Depois que um de Deus se fez carne, imagem visível do Deus invisível, parece não ter mais sentido a proibição mosaica de fazer representações de Deus. Não é mais necessário fazer imagem de Deus, nem do homem, porque a sua única imagem é o ser humano, verdadeiro e livre. Na sua sóbria solenidade, o processo diante de Pilatos é uma síntese de ‘teologia política’, um tesouro inesgotável sobre a verdade do homem e de Deus. Jesus é condenado ‘de fora’ do palácio para ‘dentro’ do palácio. O movimento não é só físico; dentro e fora é uma distinção teológica importante. Dentro, está a Palavra de verdade e vida, fora, a gritaria de mentira e morte, dirigida pelos chefes religiosos. Pilatos, o indefinido Pilatos, fica na coluna do meio, nem dentro nem fora. Chamado a responder à revelação que sente dentro, cede às pressões da violência que vem de fora. É o preço que paga para manter o poder, este poder, o seu poder, que não está a serviço da verdade e da vida! Só Jesus está a serviço da verdade e da vida. A realeza de Jesus é a única que está a serviço da verdade e não é conhecida pelos poderosos. Ele é o rei libertador porque se recusa a dominar e assume o serviço como essência da sua messianidade. Ele é rei, sim, mas um rei muito diferente. Nele, Deus e o homem se mostram numa luz absolutamente nova, como no princípio da Criação, à imagem do Deus Amor. Dentro do processo que irá decidir a execução de Jesus, o Evangelho de João oferece um diálogo privado incrível entre Pilatos, representante do império mais poderoso da terra e Jesus, um prisioneiro manietado que se apresenta como testemunha da verdade. Justamente, Pilatos quer ao que parece saber a verdade que se esconde naquele estranho personagem que tem diante do seu trono: “És tu o rei dos judeus?”.
23/11/15 – Seg: Dn 1,1-6.8-20 – (Dn 3) – Lc 21,1-4
24/11/15 – Ter: Dn 2,31-45 – (Dn 3) – Lc 21,5-11
25/11/15 – Qua: Dn 5,1-6.13-14.16-17.23-28 – (Dn 3) – Lc 21,12-19
26/11/15 – Qui: Dn 6,12-28 – (Dn 3) – Lc 21,20-28
27/11/15 – Sex: Dn 7,2-14 – (Dn 3) – Lc 21,29-33
28/11/15 – Sáb: Dn 7,15-27 – (Dn 3) – Lc 21,34-36
Seja um participante fiel, na sua Igreja, ofereça o Dízimo!