Na maioria dos países ocidentais, o Dia de Finados é celebrado em 2 de novembro. Isso ocorre desde a Idade Média, após essa data ter sido sugerida pelo abade Odilon de Cluny
No dia 02 de novembro, na maior parte dos países ocidentais, ocorre um dos mais importantes rituais religiosos da tradição cristã católica, isto é, o Dia de Finados. Essa data tem por objetivo principal relembrar a memória dos mortos, dos entes queridos que já se foram, bem como (para os católicos) rezar pela alma deles, haja vista que, de acordo com a doutrina da Igreja Católica, a alma da maioria dos mortos está no Purgatório passando por um processo de purificação. Por essa razão, a alma necessita de orações dos vivos para que intercedam a Deus pelo sofrimento que as aflige. Nesse contexto, o Dia de Finados era conhecido na Idade Média como “Dia de todas as Almas”, dia esse que sucedia o “Dia de todos os Santos” (comemorado no dia 1º de novembro).
Desde a época do cristianismo primitivo, que se desenvolveu sob as ruínas do Império Romano, que os cristãos rezavam por seus mortos, em especial pelos mártires, onde estes eram frequentemente enterrados: nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma. O costume de rezar pelos mortos foi sendo introduzido paulatinamente na liturgia (conjunto de rituais que são executados ao longo do ano) da Igreja Católica. O principal responsável pela instituição de uma data específica dedicada à alma dos mortos foi o monge beneditino Odilo (ou Odilon) de Cluny.
Odilo (962-1049) tornou-se abade de Cluny, em Borgonha, na França, uma das principais abadias construídas no mundo medieval e responsável por importantes reformas no clero no período da Baixa Idade Média. Em 02 de novembro de 998, Odilo instituiu aos membros de sua abadia e a todos aqueles que seguiam a Ordem Beneditina a obrigatoriedade de se rezar pelos mortos. A partir do século XII, essa data popularizou-se em todo o mundo cristão medieval como o Dia de Finados, e não apenas no meio clerical.
Apesar do processo de secularização e laicização que o mundo ocidental tem passado desde a entrada da Modernidade, o dia 2 de novembro ainda é identificado como sendo um dia específico para se meditar e rezar pelos mortos. Milhões de pessoas cumprem o ritual de ir até os cemitérios levar flores para depositar nas lápides em memória dos que se foram; outras levam também velas e cumprem os rituais mais tradicionais, como orações, cânticos etc.
Cemitérios em São Bento do Sul
Atualmente São Bento do Sul possui 10 cemitérios Municipais:
– Cemitério Municipal Centro;
– Cemitério Dona Francisca;
– Cemitério do Cruzeiro;
– Cemitério Rio Vermelho Povoado;
– Cemitério Rio Vermelho Estação;
– Cemitério do Lençol;
– Cemitério Estrada dos Bugres;
– Cemitério Rio das Pacas (Rio Mandioca);
– Cemitério Ponte dos Vieiras
– Cemitério Fundão.
Existe ainda um cemitério administrado pela comunidade de Rio Natal e um cemitério particular (cemitério Jardim). Existem aproximadamente 15.000 sepultados nos cemitérios de São Bento do Sul, onde somente no cemitério do Centro são cerca de 10.000 sepultados. No município existe um cemitério tombado considerado Patrimônio Cultural do Estado de Santa Catarina, que localiza-se no Rio Vermelho Povoado, onde encontram-se imigrantes sepultados. Lençol também possui um cemitério antigo desativado. Consta que é na Dona Francisca e também encontram-se sepulturas muito antigas de imigrantes. Atualmente onde encontra-se a praça ao lado do Hospital Sagrada Família. no centro, a qual possui o monumento do Imigrante, tem-se o registro do primeiro cemitério do município, o qual foi desativado e todas as ossadas transferidas para os cemitérios hoje existentes.
Usos, costumes e mudanças
Antigamente se velavam os mortos em suas casas, onde principalmente a vizinhança se juntava, e os velórios que duravam em média 24 horas, se transformavam em rodas de conversa e verdadeiros mutirões eram feitos para preparar comidas que eram servidas durante toda a noite. Também os enterros eram precedidos de coche fúnebre puxado por cavalos (na entrada do Cemitério Municipal existe o usado em São Bento do Sul, restaurado e em exposição). Outro costume era quando os cortejos fúnebres passavam pelas ruas onde existiam estabelecimentos comerciais, estes serrarem as portas, e os homens que na época usavam chapéus, descobrirem a cabeça em sinal de respeito. Como tudo muda e evolui em função do progresso, hoje existem as capelas mortuárias para onde são conduzidos os mortos para o velório, o que também pela ocupação, trabalho e compromissos, dos vivos, a freqüência está sendo cada vez menor nestes atos, com alguns sendo liberados apenas algumas horas para visitação. Também a cremação que ainda é uma prática bastante recente e encontra muitas resistências, mas assim mesmo não ocupa espaços nos campos santos, devido as cinzas serem acondicionadas em pequenas caixas que são guardadas ou espalhadas em algum lugar especial que era vontade do morto. Também em muitas cidades o sinistro das catacumbas e mausoléus deu lugar a cemitérios jardins, onde prevalece o verde da grama, as árvores e sem a ostentação de grandes cruzes ou construções. Tudo no mesmo plano e em igualdade, verdadeiros campos da paz.
Missas
Neste finados, as Missas serão celebradas no Cemitério Municipal, às 9:30. Caso chova será transferida para a Igreja Matriz. Já no cemitério Jardim na 25 de Julho, também às 9:30, com qualquer tempo.
História
*** CEMITÉRIO MUNICIPAL
“A superintendência adquiriu por compra um terreno do Sr. José Zipperer na Estrada Schramm, numa collina, nas proximidades do centro, tendo a área de 76.400 metros quadrados, pelo preço de 350$000. O cemitério foi muito bem cercado, munido com terreiro e portal e muro de frente, bem como com uma pequena casa mortuária e custou, inclusive o preço do terreno, 1964$600. Em 1º de setembro de 1900 foi inaugurado o cemitério e até o fim do mesmo anno foram effectuados nelle 12 enterros”.
*** O PRIMEIRO ENTERRO
“O primeiro enterro em São Bento teve logar na estrada Wunderwaldt, em 1874 e occasionou, por assim dizer o meu emprego como marceneiro de esquifes. Estavamos occupados naquela época com a abertura dos terrenos na picada, no lugar do actual Oxford, quando chegaram, às 2 horas da tarde as senhoras Bendlin e Hackbarth da estrada Wunderwald, desesperadas e desfeitas em lagrimas, communicando-nos a morte do colono Bendlin: “Não havia ninguém que pudesse ajuda a enterrar o seu marido e Ella só, sem auxilio de um homem não podia”. Já não chorava por seu marido, mas sim, porque elle ainda não tinha sepultura christã. O cadáver entrava em decomposição, pois já estava deitado a três dias no mesmo logar onde morera. No primeiro dia tinha corrido para a estrada D. Francisca (picada de floresta virgem) onde esperava encontrar patricios da Pomerania. Mas ali não encontrou nenhum homem; todos trabalhavam no matto muito além de campo Alegre. No segundo dia correra ao longo da estrada Wunderwaldt. Mas embalde. Nenhum homem pudera encontrar, todos trabalhavam muito afastados de suas casas. No terceiro dia excavara , com auxiulio de sua vizinha, um sepulcro, afastado só 10 passos da sua choupana e correra após á colônia ao negociante Reusing que nos mandou as mulheres à picada onde trabalhávamos sob direcção do engenheiro Alberto Kröhne. Este me mandou voltar logo á colônia com as mulheres e me deu ordem de exigir taboas da directoria, fazer um caixão e effectuar o enterro o mais depressa possível. Com a chegada da noite o esquife ficou prompto, apesar de eu nunca na minha vida ter feito algo semelhante. E eu olhei e vi que não era bom. Era feito de taboas de 3 centimetros que nem estavam enxutas, porque outras não se podiam conseguir.
Eu, e as mulheres tivemos de leva-lo então 7 km. Atravez do matto. Não foi uma insignificcancia. Talvez perto de cem vezes tivemos de depor o caixão e tomar fôlego. E não é para admirar que tivéssemos chegado sómente ás 2 horas da madrugada. Um vizinho doente, o velho Gatz, e seu filho, um rapaz de 6 annos velavam junto a uma grande fogueira que illuminava a scena nocturna e a cujo clarão se distinguiam na escuridão da noite já de longe as silhuettas phantasticas dos dois guardas. Mas também já precisávamos tapar os narizes, porque o mau cheiro, que o cadáver exhalava, era insupportavel, tanto que nenhum dos presentes queria me ajudar a deitar o morto no caixão, minha obra prima. Assim eu era reduzido a mim mesmo. Carreguei, pois, o meu cachimbo com a quantidade dupla, puz a parte lateral do caixão junto ao defunto e deixei rolar o cadáver para dentro. Durante esta operação fumeguei, naturalmente, com toda a força, para envolver o meu órgão de olfato em nuvens de fumaça as mais compactas possíveis. Si o caixão vasio já era bastante pesado, agora com o morto dentro, era impossível levá-lo á sepultura. Fiz um cordão de bambú de taquara e assim puxei o caixão até á sepultura, no que os outros me ajudaram empurrando com toda a força. Depois de eu ter enchido a sepultura pela metade com terra e ter feito uma oração com os outros, voltei, cançado para morrer e exgotado até o último. Cheguei á casa só de madrugada.
Á cabeceira do morto a senhora Bendlin plantou um exemplar de arvore do gênero das coníferas, aqui chamada pinheiro (araucária), tão característica na flora do planalto sul-americano. A arvore alcançoui hoje, depois de quasi 50 annos, uma altura considerável e me recorda sempre que por Ella passo, do enterro nocturno (com obstáculos).
Minha fama como marceneiro de esquifes deu-me o emprego fixo de fornecedor de caixões mortuários na directoria colonial, que me concedeu 5$000 pelos grandes e 3$000 pelos pequenos. Como ainda não tinha taboas serradas, os esquifes foram feitos de taboas de pinheiro, rachadas, ainda por muito tempo”. (Do livro Chrônica do Municipio de São Bento desde a sua fundação 1873 até 1923- Wolfgang Ammon – escrito em alemão - ortografia original traduzido por Elly Herkenhoff).
Onde repousam os mortos, vive a história
Não é a toa que hoje já se fazem tours por cemitérios, onde a história está viva e mostra através das lápides quem foram os desbravadores, os ancestrais, os líderes, famosos, onde todos se igualam e viram pó. Nas catacumbas, como nas pirâmides a suntuosidade do poder econômico e político. É comum ver famílias viajarem para o exterior e lá nos centenários cemitérios procurarem vestígios de seus antepassados na busca do resgate da história e da origem. Se você visitar alguma cidade que não conhecia e quiser saber um pouco mais da sua história, visite o cemitério, e lá, principalmente nos primeiros túmulos você encontrá os sobrenomes que deram origem ao lugar. Quem foram seus fundadores. Suas personalidades e autoridades.