Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 30º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Marcos 10,46-52, traz o lado luminoso para a mesma pergunta: “O que você quer que eu faça por você?”. Mas a resposta é diametralmente oposta. Os preferidos querem poder; o cego quer ver Jesus. A mesma pergunta é feira a cada um de nós como aquele homem sem identidade, estamos cegos, sentados e à beira do caminho. Queira Deus que possamos dar a sua mesma resposta: “Meu Mestre, que eu veja”. A fé é uma visão, e essa visão nos permite segui-lo pelo caminho. Perguntaram ao menino das chaves: “Você é capaz de fazer a chave do Reino dos céus?”. “Sim”, respondeu-me ele? “E qual é a chave do Reino dos céus”, voltei a perguntar. O pensamento foi rápido, a reposta, curta: “A fé”. Rápida, curta, certa. A fé é ouvidos para ouvir, boca para gritar, pés para correr a Jesus, mãos para lançar longe o manto e olhos para ver e seguir Jesus. Princípio da fé é a miséria reconhecida. Meio é a invocação da misericórdia. Cumprimento é a iluminação que faz ver o Senhor! “Senhor, que eu veja”! A meta da catequese de Jesus aos discípulos missionários e de Marcos ao leitor é aportá-lo aqui, onde acontece o último e definitivo milagre da cura da cegueira. O cego deste Evangelho é símbolo do discípulo missionário que se encontrou com aquele que lhe restitui a visão, que o levanta de um salto, que o retira da margem para coloca-lo no centro do caminho, através daquele que é caminho, verdade e vida. A caminhada do Evangelho é uma educação do desejo para aprendermos o que é pedir. O budismo visa à iluminação do desejo; Jesus, a sua educação. Jesus não diz ‘não peça’; Jesus pergunta ‘o que você quer?’ para, a partir daí, trabalhar o coração, o olho, as mãos, os pés. O modelo é o cego de Jericó, que não pede isso ou aquilo, mas um transplante da vista, que o mude e mude todo o seu mundo: “Senhor, que eu veja”! Esse cego teria um nome, mas não tem: Bartimeu é apelido, quer dizer, filho de Timeu; ele é definido por sua relação com seu pai e não por seu próprio valor. É cego: para ele, tudo é noite; é imagem do discípulo missionário que não entende, não tem fé, demora a entender, tem olhos, mas não vê, tem coração endurecido. É mendigo: alguém que ‘pede’ o que quer; parece uma criança, que vive do que recebe. Estava sentado: se o ser humano é um ser que caminha, ‘homo viator’, o cego se senta imobilizado por sua cegueira; não vendo, não sabe aonde ir. Fica na beira do caminho: não caminha sobre os passos do Mestre; está à margem, longe do leito por onde a vida escorre. O cego de Jericó é espelho de cada um de nós. Tendo ouvido o Nazareno, ouviu a promessa de Deus e pode desejar e pedir o que Deus quer dar-nos. Invoca o nome de Jesus, só ele e os demônios chamam Jesus pelo nome! Grita, põe-se em pé de um salto, desvencilha-se do manto, corre ao encontro de Jesus, pede a vista e obtém, e pode segui-lo no seu caminho. O encontro pleno com Jesus é o dom concedido a quem invoca o seu nome. O que podemos fazer quando a fé vai se apagando em nosso coração? É possível reagir? Podemos sair da indiferença? Marcos narra a cura do cego Bartimeu para animar os leitores a viver um processo que possa mudar suas vidas. Não é difícil nos reconhecer na figura de Bartimeu. Vivemos às vezes como ‘cegos’, sem olhos para ver a vida como a via Jesus. ‘Sentados’, instalados numa religião convencional, sem força para seguir seus passos. Desencaminhados, ‘à beira do caminho’ que leva a Jesus, sem tê-lo como guia de nossas comunidades cristãs. O que podemos fazer? Apesar de sua cegueira, Bartimeu ‘fica sabendo que, por sua vida, está passando Jesus. Não pode deixar escapar a ocasião e começa a gritar repetidamente: “Tem compaixão de mim”.
26/10/15 – Seg: Rm 8,12-17 – Sl 67 – Lc 13,10-17
27/10/15 – Ter: Rm 8,18-25 – Sl 125 – Lc 13,18-21
28/10/15 – Qua: Ef 2,19-22 – Sl 18 – Lc 6,12-19
29/10/15 – Qui: Rm 8,31b-39 – Sl 108 – Lc 13,31-35
30/10/15 – Sex: Rm 9,1-5 – Sl 147 – Lc 14,1-6
31/10/15 – Sáb: Rm 11,1-2a.11-12.25-29 – Sl 93 – Lc 14,1.7-11
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