Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 27º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Marcos 10,2-16, é composto por duas partes: sobre o matrimônio e sobre os ‘pequenos’. O centro da primeira passagem evangélica são as palavras genesíacas de Jesus: “Não são dois, mas uma só carne”. Homem e mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus, que é amor, comunhão. Justamente enquanto homem e mulher, os dois são relação com o outro, dom e acolhida recíproca, e formam uma só vida no único amor. O casamento reflete a Trindade, companhia perfeita, vitória sobre a solidão. “Este mistério é grande!”. A relação do homem-mulher é símbolo da relação Deus-homem. Deus é o esposo do ser humano, que Ele ama com amor eterno. O ser humano é esposa de Deus, mesmo infiel, não é abandonado por Deus. A Bíblia é a história deste amor incrível, cuja prova extrema é a morte de Jesus na cruz por aqueles que o rejeitam e traem. Nós nos ternamos ‘alguém’, um ser único e insubstituível, na medida em que nos relacionamos com os outros. A nossa dignidade humana é a de ser interlocutores e parceiros de Deus e dos outros. Não há maior dignidade que a de Jesus, no qual Deus esposou indissoluvelmente a nossa humanidade e cada um de nós. É o que belamente ensina Gaudium et spes: “Por Sua encarnação, o Filho de Deus uniu-Se de algum modo a todo ser humano”. O casamento não existe somente para a perpetuação da espécie, para a ‘geração da prole’. Nem existe apenas para a satisfação de várias necessidades, para atender à chamada ‘necessidade de ajuda’. Não é um expediente para superar a nossa incompleteza e vencer a solidão, para resolver a ‘necessidade de companhia’. O casamento só encontra a sua expressão plena no amor absoluto de Deus, no qual cada um realiza a si mesmo. Neste sentido, é possível entender a importância que a Igreja atribui à monogamia. Um amor que não for total e fiel não seria reflexo do amor de Deus; não seria amor. O modelo da relação esposo-esposa é o de Cristo pela Igreja. Um modelo que sempre pode e deve ser imitado, mas nunca será alcançado! A segunda passagem evangélica refere-se aos ‘pequenos’, que, com os pobres e pecadores, são os destinatários principais do Reino oferecido por Jesus. Com as crianças nos braços, Jesus compara o Reino de Deus aos pequeninos: “O Reino de Deus é de quem é como elas”. Há um entendimento profundo entre Jesus e as crianças. Jesus as abraça, chama-as para que venham até ele, e as abençoa, impõe as mãos sobre elas. Os discípulos missionários não conseguem perceber esta cumplicidade entre Jesus e as crianças. A criança é símbolo de uma relação ‘nova’, autêntica consigo mesmo, necessária para se entrar no Reino. A criança é pobre e recebe tudo, com a maior tranquilidade. Por isso mesma sendo nada, é aquilo que os outros fazem dela, com a maior naturalidade. Lançando-se nos braços que quem a acolhe, escancara a sua condição de filho, aceita pelos outros e por ela mesma como única possibilidade de vida. Somos essencialmente filhos. Recebemos como dom de amor tudo o que temos e somos, inclusive o próprio Deus. Não somos. Ninguém dá o que não tem, e ninguém tem o que não recebeu! Iludem-se os que, como os mestres da Lei e os fariseus, pensam ter por terem conquistado e merecido. Isto vale de todos nós, seres humanos, que somos fundamentalmente relação e presença filial. Enquanto filhos, somos ‘de’ alguém. Certos povos, as pessoas só têm nome próprio, o ‘sobrenome’ é o nome do pai! Algo semelhante encontramos nas genealogias de Jesus que Lucas e Mateus colocam no início de seus evangelhos.
05/10/15 – Seg: Jn 1,1-2,1-11 – (Jn 2,2-5.8) – Lc 10,25-37
06/10/15 – Ter: Jn3,1-10 – Sl 129 – Lc 10,38-42
07/10/15 – Qua: At 1,12-14 – (Lc 1) – Lc 1,26-38
08/10/15 – Qui: Ml 3,13-20a – Sl 1 – Lc 11,5-13
09/10/15 – Sex: Jl 1,13-15; 2,1-2 – Sl 9A – Lc 11,15-26
Seja um participante fiel, na sua Igreja, ofereça o Dízimo!