É por estas e por outras que a população, o cidadão de bem, o contribuinte, o povão, cada vez se distancia mais dos políticos e da política. A cada dia a população fica mais chocada com os noticiários. Além da violência pura e simples, hoje predomina a violência da criminalidade política, que aos poucos vai mostrando, o mundo da política dominado, no dizer do Ministro Celso Mello, “por um grupo de delinquentes que degradam a atividade política”. A política real,
predominantemente, se transformou em campo de ação de bandoleiros.
Essa situação parece ter recrudescido nas últimas duas décadas. No plano nacional já foi atingido o Judiciário e, em uma escala sem precedentes, o Executivo e o Legislativo, estes, flagrados em conúbios com o sistema financeiro, estatais, fundos de pensão e com as maiores empresas de obras públicas do País.
Na raiz dessa degradação está a perda do sentimento de coletividade, de bem comum, substituídos pelo egoísmo do individualismo, fruto da radicalização da ideologia do liberalismo. A ideia do mercado, como valor supremo da vida econômica, se transbordou gravemente para todas as esferas da vida social. Hoje, partidos e políticos, no geral, são produtos de mercado. No dizer de Alfredo Reicilin, “criou-se um círculo vicioso: uma classe política inculta e irresponsável produz um mundo cínico de clientes e financiadores”. Na falta das grandes causas, utopias e esperança, só se ouve – parafraseando Montesquieu – o lamentável ruído das pequenas ambições e dos grandes apetites.
Esta semana sordidamente, agentes estaduais tentaram envolver o vereador Cesar Godoy, numa falcatrua, num escândalo que poderia por fim a sua carreira política, com um gesto de cooptação em troca da liberação de recursos que sequer foram pleiteados por ele, mas que alertado em tempo, mudou o rumo. Uma vergonha patrocinada pelo secretário estadual de Saúde, João Paulo Kleinubing, numa jogada rasteira e que não poupava nem o deputado estadual e líder do governo Silvio Dreveck.