Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 22º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Marcos 7,1-8.14-15.21-23, nestes sete versículos, cortados de uma seção maior, ensinam que todas as coisas são boas, porque são criadas por Deus para o homem e que o verdadeiro princípio do mal não está nas coisas, mas em nós: é o próprio coração humano, quando não usa as coisas para louvar a Deus e servir os irmãos. A estrutura de Mc 7,1-23 é a seguinte: Os versículos 1-7 denunciam uma religiosidade exterior em que a Lei transformada em ‘legalismo’, é reduzida a tradições humanas, que esvaziam a Palavra de Deus. Os versículos 8-13 contêm uma exemplificação que mostra uma tradição anulando um mandamento, o Quarto. Os versículos 14-19 ensinam que todas as criaturas são boas, porque provêm de Deus e são para o bem do ser humano. Os versículos 20-23 apontam o verdadeiro princípio do mal: o coração humano, quando não usa as criaturas para servir a Deus e amar os irmãos. A palavra mais importante da primeira parte é tirada do profeta Isaías: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. A da segunda parte é a que afirma que é ‘dentro’ do coração que fazemos as escolhas e tomamos as decisões que mantêm puras ou sujam nossa vida. A palavra do profeta Isaías, que Jesus dirige aos fariseus, são dirigidas à Igreja. O faz as pessoas boas ficarem longe de Deus não é a sua bondade, mas as suas ‘tradições religiosas’ cortadas de sua fonte, o amor. Somos tradicionalistas e habitudinários. Graças a isso, não precisamos inventar sempre de novo respostas, atitudes e comportamentos. Vivemos, em grande parte, de memória. Nisso, há uma considerável economia de energia, que podemos investir em enfrentar novos desafios e descobrir novas respostas. Mas o cristão, que vive de memória, rompe com o passado, porque vive de uma novidade absolutamente única: a memória do corpo do Senhor que a ele se entregou no pão. Este mistério de amor é a sua memória, a sua tradição, que o cristão recebe e transmite desde o princípio ou desde o fim. Para os judeus, o miolo da tradição é a Lei, dada por Deus como caminho para a vida. Seus dois princípios fundamentais são o amor a Deus e ao próximo, que Jesus sintetizou num único mandamento, o mandamento do amor. Esta lei é boa, mas impotente para salvar-nos. Serve para convencer-nos do nosso pecado e conduzir-nos humildemente ao médico que pode curar-nos. Mas a pessoa cheia de si prefere defender-se. Ao invés de confessar a própria incapacidade, dedica-se a uma observância de detalhes para justificar-se e condenar os outros. Esta atitude é efeito e causa da dureza do coração, que impede reconhecer a realidade de Deus no puro dom. No fundo, tudo isso tem a ver com o ‘pão’ de Jesus. O centro da discussão são leis e tradições alimentares que impedem o ato básico e necessário de ‘comer’. Nessas leis e tradições, exprime-se aquela dureza de coração que não nos deixa viver a Eucaristia, que é Ele próprio que se dá a nós para que vivamos dele, nosso alimento. O mal é que reduzimos a realidade desse dom a um fantasma, ficando numa religiosidade formal, que observa todas as leis, menos a de amar os irmãos. Note-se que a lista de ‘impurezas’ apontadas por Jesus diz respeito quase que exclusivamente ao próximo. Nenhum pecado nos afasta mais de Deus e dos irmãos do que a presunção de sermos Justos. Paulo é incisivo: “Vocês que buscam a justiça na Lei se desligaram de Cristo e se separaram da graça”. A auto justificação esvazia a justificação. Tira-nos a verdadeira consciência de nós mesmos como miséria e de Deus como misericórdia.
31/08/15 – Seg: 1Ts 4,13-18 – Sl 95 – Lc 4,16-30
01/09/15 – Ter: 1Ts 5,1-6.9-11 – Sl 26 – Lc 4,31-37
02/09/15 – Qua: Cl 1,1-8 – Sl 51 – Lc 4,38-44
03/09/15 – Qui: Cl 1,9-14 – Sl 97 – Lc 5,1-11
04/09/15 – Sex: Cl 1,15-20 – Sl 99 – Lc 5,33-39
05/09/15 – Sáb: Cl 1,21-23– Sl 53 – Lc 6,1-5
Seja um participante fiel, na sua Igreja, ofereça o Dízimo!