Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 21º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de João 6,60-69, registra o escândalo final dos discípulos missionários diante do discurso sobre o pão da vida, e a insistência de Jesus em revelar-se plenamente. Jesus falou de si mesmo como “pão descido do céu” e mostrou como comer a sua carne e beber o seu sangue nos faz viver de seu amor para com o Pai e com os irmãos. Agora que se revelou plenamente, pede a adesão consciente, livre e plena dos discípulos missionários: “Vocês também querem ir embora?”. Entre Ele e os discípulos missionários não está apenas a ‘pedra’ de escândalo, mas o ‘muro’ das murmurações, da crítica, da incredulidade. Os que apenas murmuravam, mais adiante, já estão brigando. Uma antecipação da ‘disputa Eucarística’! Alguns ao invés de se deixarem atrair, afastam-se, saem do grupo dos discípulos missionários, abandonam Jesus. Jesus, depois do entusiasmo inicial, decepcionou as várias expectativas messiânicas. Os exegetas mostram isso claramente: a crise da Galileia é um marco divisor no ministério público de Jesus. Temos aí um alerta para a comunidade cristã. Ontem como hoje, as pessoas podem ficar fascinante por suas obras ou por sua palavra, mas não acolhem sua pessoa. Ninguém se deve maravilhar de que até entre os Doze se insinue, como a serpente do Paraíso, a amarga traição. Dentro da comunidade, Judas, atraído por algum aspecto do messianismo de Jesus, foi traído em suas expectativas, e acabou por trair Jesus, que era maior que o messianismo que lhe atribuíam e que as expectativas de seus seguidores. Judas é o lado sombrio, ameaçador e traiçoeiro, ai, meu Deus, da própria comunidade cristã! O motivo da crise é sempre o mesmo: a carne de Jesus! Já disse: se fosse um ‘ET’, faria mais sucesso! O problema vem do fato de que o pão que Ele nos dá é a sua “carne pela vida do mundo”. A salvação do ser humano passa pela cruz do Filho do Homem! Nem Pedro, o mesmo que confessara o messianismo, aceitava essa dura realidade. Nem os discípulos missionários podiam compreendê-la. Não vamos atacar os discípulos missionários. A dificuldade que eles tiveram é a mesma que nós temos. Ou você não tem nenhuma dificuldade diante da Eucaristia? Trata-se de duplo escândalo: de um lado, Jesus não realiza os sonhos messiânicos, os deles e os nossos; por outro lado, nos chama a ser como Ele e, para isso, precisamos ‘comer a sua carne e beber o seu sangue’, como tudo o que isso significa e implica! Não vemos nem sentimos com a mesma clareza dos primeiros discípulos missionários, mas a cruz, humanamente falando, foi um fracasso total. Ao invés de um Messias poderoso e glorioso, que tem em suas mãos tudo e todos, Jesus virou um joguete, nas mãos de todos. Ao invés de dominar, coloca-se a serviço: a sua realização é a sua morte, a sua vida doada, o sentido da vida enfim vivido coerentemente até o fim. Paulo lê esse gesto extremo e supremo de Jesus, coerente com toda a sua vida, de Nazaré a Jerusalém, com a clareza da fé: “a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas, para aqueles que se salvam, é poder de Deus”. A fé releu e reinterpretou o ‘escândalo’ que a cruz representara para os judeus, e a ‘loucura’ que significara para os pagãos. Estão em jogo duas concepções diametralmente opostas do ser humano. Nós queremos aquele ‘Deus’ que o nosso egoísmo projeta, que vive de ter, poder e aparecer. Jesus tem e revela a face do amor: partilha, serviço e humildade. O Deus de Jesus é diferente. Criamos um ‘Deus’ à nossa imagem e semelhança, mas só podemos ser salvos se nos tornarmos imagem e semelhança de Jesus, que é dom de si até à morte de si.
24/08/15 – Seg: Ap 21,9b-14 – Sl 144 – Jo 1,45-51
25/08/15 – Ter: 1Ts 2,1-8 – Sl 138 – Mt 23,23-26
26/08/15 – Qua: 1Ts 2,9-13 – Sl 138 – Mt 23,27-38
27/08/15 – Qui: 1Ts 3,7-13 – Sl 89 – Mt 24,42-51
28/08/15 – Sex: 1Ts 4,1-8 – Sl 96 – Mt 25-,1-13
29/08/15 – Sáb: Jr 1,17-19– Sl 70 – Mc 6,17-29
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