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o Estado que usa a ONU para dizer ser o melhor do Brasil


Cinco escolas estaduais foram fechadas na Grande Florianópolis nos últimos sete anos

Unidades foram perdendo alunos e piorando a infraestrutura até fecharem. Algumas viraram centros de educação, outras estão em péssimas condições

Cinco escolas estaduais foram fechadas na Grande Florianópolis nos últimos sete anos Diorgenes Pandini/Agencia RBS
Foto: Diorgenes Pandini / Agencia RBS
Texto: Michael Gonçalves — Fotos: Diorgenes Pandini

michael.goncalves@horasc.com.br

Desde 2007, cinco escolas estaduais foram fechadas apenas em Florianópolis: todas passaram por um período de falta de recursos para depois encerrarem as atividades. No mesmo caminho, seguirá a Escola Bela Vista, em São José, que, depois de ter uma ala incendiada, não será recuperada e passará para o município. Ainda, fala-se em fechar as portas da Anibal Nunes Pires, em Capoeiras, na Capital.

Para a secretária de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) e vice-presidente do Conselho Estadual de Alimentação, Claudete Mittmann, o próprio Estado promove o sucateamento e esvaziamento das unidades escolares.

— Hoje, o aluno não se identifica com a escola onde estuda, porque em muitos dos casos ela não fica na sua comunidade. O pior é que não há investimento nos colégios que continuam abertos e recebem essa demanda. O Estado poderia ter escolas com menos alunos, mais infraestrutura e mais atraentes para a comunidade escolar – sugeriu.

Já segundo a Secretaria de Estado da Educação, um dos motivos para essa situação é aevasão escolar no ensino médio – considerando reprovação e abandono – e outro é a migração dos alunos do centro para os bairros, como ocorre na Capital, principalmente norte e sul da Ilha. “Não adianta ficar com duas escolas próximas atendendo cem alunos cada, se o atendimento pode ser feito em apenas uma”, explica a Secretaria em resposta à Hora.

Para conferir a situação atual das sete unidades de ensino em questão, a reportagem acompanhou a secretária do Sinte em visita pelos educandários, e mostra que existem espaços bem aproveitados, mas também falta planejamento para outros.

Escola de Educação Básica Otília Cruz
Quantos alunos atendia: 150
Onde: Coloninha

Escola de Educação Básica Otília Cruz chegou a atender 150 crianças até ser fechada em 2007. Daquele ano até 2011, a comunidade da Coloninha, na área continental de Florianópolis, ocupou o espaço, foi transformado em uma área comunitária, onde aconteciam atividades de dança, futebol, corte e costura, violão e cavaco, bateria mirim, entre outras. Muitos materiais dessas oficinas foram doados ou adquiridos por meio de mutirões, a exemplo dos livros da biblioteca, computadores e máquinas de costura.

Há cinco anos, o espaço foi repassado à prefeitura de Florianópolis que, em setembro de 2014, inaugurou uma creche. Desde então, a ex-escola pública atende mais de 230 crianças em período integral, dos seis meses aos seis anos.

EEB Antonieta de Barros
Quantos alunos atendia: 252
Onde: Centro, Perto do Museu Victor Meirelles


Fechada em 2008, quando apresentou problemas na estrutura pela falta de manutenção, a EEB Antonieta de Barros virou estacionamento vip. Há sete anos, o colégio abrigava 252 alunos das comunidades do Maciço do Morro da Cruz, em Florianópolis.

Fundada como Escola Dias Velho, na Rua Victor Meirelles, ganhou o nome de Antonieta de Barros em homenagem à educadora e primeira parlamentar negra catarinense.

Alvo de pichações e abrigo para moradores de rua em seu hall, a unidade escolar também sofre com o vandalismo – as janelas estão quebradas. Além disso, o prédio virou almoxarifado e estacionamento de motos dos funcionários da Secretaria de Educação.

— É o exemplo da falta de cuidado do Estado com a educação. Escola foi sucateada e, hoje, serve como estacionamento – lamentou a dirigente do Sinte, Claudete Mittmann.

Há dois anos, o comerciante Fernando da Purificação estabeleceu a sua empresa à frente da antiga escola. A cada dia, ele identifica uma nova pichação.

— Vejo somente carros e motos entrando e saindo da escola. Teve um dia que flagrei cinco moradores de rua dormindo sob a marquise da entrada do colégio — lamentou.

O prédio, com sérios problemas, fica entre uma faculdade e o museu Victor Meirelles.

EEB Silveira de Souza
Quantos alunos atendia: 224
Onde: Centro, Rua Alves de Brito, na Capital


Fechada em 2009, a EEB Silveira de Souza foi uma das primeiras unidades escolares de Santa Catarina. Inaugurada em 28 de setembro de 1913, fica em um dos pontos mais nobres de Florianópolis: a Rua Alves de Brito, no Centro. O colégio foi desativado com a justificativa da pequena procura, na época, 224 estudantes.

— Havia uma pressão dos moradores da região para o fechamento dessa escola, em virtude do barulho. A unidade atendia os filhos das pessoas que trabalhavam no Centro — comentou Claudete Mittmann, do Sinte.

O prédio centenário é composto por duas alas simétricas (onde havia uma seção masculina e outra feminina) e a grande área livre. O espaço foi todo repassado à prefeitura de Florianópolis. O local foi sede de um evento de decoração, a Casa Cor, e, por isso, ganhou uma reforma completa.

A filha da administradora Alda Gomes, 57 anos, estudou na EEB Silveira de Souza, em 2009, na 6 ª série. Ela lembra com saudade da filha correndo pelos corredores do prédio.

— Quando comecei a trabalhar no Centro, coloquei a minha filha aqui e o ensino era ótimo. No fim daquele ano, me fizeram a proposta de colocá-la no Instituto Estadual de Educação (IEE) ou no Henrique Stodieck, mas meu sonho era colocá- la no IEE – afirmou Alda.

Desde 2013, o núcleo de Educação de Jovens, Adultos e Idosos ( EJA) atende lá. Aliás, é o único EJA matutino da Capital. Em 2014, a escola de música também passou a funcionar no local. Os dois núcleos têm mais de 300 estudantes.

EEB Daysi Werner Salles
Quantos alunos atendia: 350
Onde: bairro Coqueiros, na Capital


Após o fechamento, em 2014, os alunos da EEB Daysi Werner Salles, do bairro Capoeiras, foram transferidos para a EEB Presidente Roosevelt, no bairro Coqueiros, ambos em Florianópolis. O colégio na Rua São Cristóvão também já abrigou mais de 1,7 mil alunos, mas estava com menos de 350 no ano passado. Ou seja, atendendo com cerca de 20% da capacidade.

Atualmente, a unidade escolar, erguida em um quarteirão inteiro tem quatro salas ocupadas. Mas não há alunos, muito menos professores nesses espaços. Membros de uma ONG, que atende moradores de rua, utilizam as salas algumas vezes na semana.

— Prometeram que a escola seria reformada e até agora nada.

Os últimos investimentos foram feitos apenas pelo governo federal – disparou a dirigente do Sinte, Claudete Mittmann.

EEB Celso Ramos
Quantos alunos atendia: 300
Onde: Prainha, na Capital


Fechada em 2010, a EEB Celso Ramos chegou a ter cerca 1,3 mil alunos. No pé do Morro do Mocotó, na comunidade da Prainha, a unidade sofreu com os casos deviolência. Antes de ser fechada, a instituição tinha 300 alunos e as aulas eram interrompidas com frequência pelas ameaças e agressões contra professores e entre os próprios alunos.

Além da falta de estudantes, o prédio também sofreu com problemas estruturais. Havia rachaduras nas caixas de água, fiação exposta, banheiros destruídos e vidros quebrados.

A edificação seria doada para a Assembleia Legislativa, que transformaria o local em umestacionamento. Mas a pressão das comunidades do entorno acabou forçando o Estado a doar o espaço para a prefeitura de Florianópolis, que construiu uma creche.

EEB Bela Vista
Quantos alunos atende: 220
Onde: Bela Vista, em São José


EEB Bela Vista é a bola da vez na lista da Secretaria de Estado da Educação, no bairro Bela Vista, em São José. A escola sofreu um incêndio no início do ano e perdeu seis salas de aula, laboratórios, sala de convivência e biblioteca. Os 220 alunos do ensino médio já foram comunicados que o colégio não abrirá matrículas em novembro.

— É fácil para o governo dizer que não há demanda, mas quem quer colocar um filho em uma escola com problemas estruturais e sem pintura — questionou a secretária de Comunicação do Sinte, Claudete Mittmann.

Desde o incêndio, a escola não recebeu reparos. Apenas a área afetada foi isolada.

Os alunos da EEB Bela Vista devem ser deslocados para as EEB Wanderley Júnior e Oswaldo Rodrigues Cabral. O fechamento depende de uma avaliação do Conselho Estadual de Educação. A comunidade escolar é contra o processo de fechamento.

EEB Aníbal Nunes Pires
Quantos alunos atende: 340
Onde: Capoeiras, na Capital


Até agora, a Secretaria de Estado da Educação nega a possibilidade de fechamento daEEB Aníbal Nunes Pires, na Rua Irmã Bonavita, bairro Capoeiras, na Capital, mas a comunidade acadêmica diz o contrário. Hoje, o colégio atende 340 alunos divididos entre o ensino médio e três salas do ensino fundamental. A unidade chegou a ter mais de mil alunos na década de 1980.

Criado para ser uma espécie de Instituto Estadual do Continente (O IEE é a maior escola de SC), a Aníbal Nunes Pires tem o ensino médio inovador e, por isso, recebe recursos do governo federal.

— Os alunos do ensino médio inovador têm carga horária integral e almoçam na escola. Além disso, eles têm passeios para São Paulo e saída pedagógicas para Urubici, entre outras atividades. O perfil melhorou muito nos últimos anos. Quem está aqui só quer apreender, mas o prédio precisa de reformas — lamentou um professor, que prefere não ser identificado.

A escola foi reformada pela última vez em janeiro de 1997. O prédio sem pintura sofre com as infiltrações, que são responsáveis por goteiras nos corredores. Em determinado ponto do colégio, o forro caiu e não foi recolocado.

A comunidade escolar realiza um abaixo-assinado contra o fechamento da escola.



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