Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 18º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de João 6,24-35, no contesto da multiplicação dos pães e a auto apresentação de Jesus como pão da vida, à qual se seguirá o discurso sobre o pão eucarístico. Ao dizer “Eu sou o pão da vida”, Jesus não está usando uma linguagem instrumental, mas uma linguagem mística. A palavra ‘mística’ vem do verbo grego ‘mayéo’, que quer dizer: iniciar alguém numa realidade escondida, secreta, sacra, especialmente nos sagrados mistérios. Linguagem ‘mística’ é a que mergulha e ilumina o ‘mistério’ da própria pessoa de Jesus, que é o único mistério da fé cristã. No longo discurso de Jo 6, depois da multiplicação dos pães, Jesus inicia seus discípulos missionários e a multidão no mistério da sua pessoa e no mistério da Eucaristia. ‘Mística’ e mistério’ se ligam, nos nossos ouvidos mal acostumado, a magia e irrealidade. Magia e irrealidade são apenas um desvio daquela estrada que todos somos chamados a trilhar, para chegarmos ao nosso destino. Todo ser humano é, por natureza, um místico, alguém à procura do mistério escondido em cada coisa e em cada fato da vida. Aquilo que vemos não é tudo. Aquilo que ouvimos não é tudo. Aquilo que tocamos não é tudo. Tudo o que afeta nossos sentidos e atinge nossa inteligência está aí para ser entendido e interpretado. É um sinal de cujo significado só nós temos e detemos a chave. O universo é um livro aberto que quer ser lido. O universo é um livro aberto na medida em que sabemos lê-lo. No ser humano, o sinal encontra seu significado, a realidade encontra a sua palavra, a letra encontra o texto que lhe dá sentido e sem a qual ele não existiria. Abandonar-se a Deus dentro e através da vida quotidiana é uma extraordinária aventura do espírito, que permite ‘tocar com a mão’ o mistério: não só o de Deus, mas o da vida. É mistério a vida que se acende numa mulher, não menos que o amor humano. É mistério a dor que nos dobra sob o peso das perguntas, ou o trabalho com que humildemente contribuímos para levar o mundo adiante. É mistério a morte como selo da nossa pobreza, mas como porta que nos abre ao abraço definitivo com o Pai. Vivendo a vida de todos, entrevemos dela o que muitos não intuem: que ela não é fechada em si mesma. Quando diz que é pão da vida, Jesus está usando uma metáfora. A palavra ‘metáfora’ quer dizer ‘leva além’, ‘vai além’, ‘conduz além’. Temos uma linguagem ‘literal’, quando ‘pedra é pedra e pão é pão’, e temos uma linguagem ‘metafórica’ quando pedra não é pedra e pão não é pão’! A linguagem em geral, mas especialmente a linguagem metafórica, leva para lá de si mesma, leva à realidade que deve ser compreendida e comunicada. Se não somos místicos, pessoas que captam o mistério dos sinais, ainda não somos humanos. O cristão do século XXI ou é um místico ou não é nada. Aqui estamos dizendo algo muito mais fundamental e sério: ou ‘o ser humano é místico ou não é humano’. Se não somos místicos, somos como aqueles animais que associam determinado som a um objeto ou a um conjunto de objetos. Somos animais, mas não humanos. Somos cachorros inteligentíssimos, mas não vamos além disso. Podemos gostar, comer, dominar o mundo, mas não o entendemos em todo o seu alcance nem o interpretamos na profundeza do seu mistério. Jesus diz que o pão, símbolo da vida, é ele, o Filho, que ama o Pai e os irmãos. A vida humana é feita por aquela teia de relações de amor que a tornam humana e humanamente vivível! “Quem não ama permanece na morte”. Jesus, neste longo discurso sobre o pão da vida, aplica a si mesmo as características do pão.
03/08/15 – Seg: Nm 11,4b-15 – Sl 80 – Mt 14,13-21
04/08/15 – Ter: Nm 1,1-13 – Sl 50 – Mt 14,22-36
05/08/15 – Qua: Nm 13,1-2.25-14,1.26-30.34-35 – Sl 105 –Mt 15,21-28
06/08/15 – Qui: Dn 7,9-10.13-14 ou 2Pd 1,16-19 – Sl 96 – Mc 9,2-10
07/08/15 – Sex: Dn 4,32-40 – Sl 76 – Mt 16,24-28
08/08/15 – Sáb: Dn 6,4-13 – Sl 17 – Mt 17,14-20
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