Herdeiro de uma das piores situações econômicas e financeiras, prefeito de Rio Negrinho vai superando os problemas
Rio Negrinho – Prefeito Municipal Alcides Grosskopf fez uma avaliação de sua gestão e dos problemas enfrentados pela atual administração, principalmente em função da herança recebida de seu antecessor. Contou ter estado em Brasília participando pela primeira vez da Marcha dos Prefeitos, até para ver o que se pretende uma vez que se discute pacto federativo, recursos e tantas outras coisas.
Agora com o segundo mandato da presidente Dilma em andamento ao mesmo tempo em que eu me encho de esperança, há também as frustrações. Foi importante ter participado em Brasília, mais de 3 mil prefeitos, discussões. Lamentamos a ausência da presidente que arrumou uma viagem para o México e mandou o ministro Kassab representá-la. Foi uma vaia só, apupos e ficou muito difícil e feio. É importante eu falar o que senti lá naquela hora. No segundo dia que era a vez do Congresso Nacional, mas já às 9:00 na abertura, o presidente Paulo Silkoski, para surpresa nossa avisou que os presidente Renan Calheiros (Senado) e Eduardo Cunha (Câmara), não iriam, comparecer para não serem vaiados.
No meio daquela multidão de prefeitos foi assumido o compromisso que ambos seriam poupados e não apupados. Feita esta proposta eles aceitaram e em meia hora estavam por lá. Foi bom e um momento importante. Elencamos 19 itens de uma pauta de reivindicações e esta pauta foi entregue ao vice-presidente da República Michel Temmer.
Foram abordados vários temas e inclusive que o governo federal cria os programas assistenciais e por aí afora, só que nunca diz a fonte de onde virão os recursos. Toma que a criança é tua e passa os encargos para os municípios que já andam de pires na mão. Um exemplo disso é a merenda escolar. Foi debatido que o custo por aluno, o município recebe R$ 0,30 dia/aluno, quando o custo é de R$2,70 a R$3,00 em média. Transporte escolar é outro problema da maior grandeza. O município recebe R$ 12,00 por aluno/mês e gasta R$ 60,00. É uma diferença muito grande e estoura nos cofres municipais.
O governo quer enxugar os gastos mas acaba reduzindo a arrecadação dos municípios. Um exemplo no passado aquele FPM que era de 0,5% que recebemos em abril e dezembro, a de abril que era de R$ 400 mil em 09 de julho, portanto com 90 dias de atraso, recebemos R$ 200 mil. Então o Congresso nacional assumiu alguns compromissos com os municípios. Um deles é que ainda no mês de julho aprovariam, isso foi um compromisso dos dois presidentes (Senado e Câmara) que só votariam qualquer programa do governo desde que fosse indicado a fonte de recursos. Nós municípios estamos caminhando sem rumo.
SEM RUMO E SEM DINHEIRO
“Nós em Rio Negrinho passamos o mês nos preocupando com a folha de pagamento, com o que sobra pagando as contas. A situação é bem ruim. Apesar de tudo isso ainda estamos caminhando com algumas obras. A herança da dívida ainda é muito grande e para se colocar tudo em dia está difícil. A somatória de toda a dívida que herdamos, as enchentes, calamidade pública a destruição.
Agora até que enfim com a minha ida à Brasília, juntamente com o deputado Mauro Mariani que levamos ao conhecimento que ainda não recebemos uma ajuda que nos desse fôlego Foram apenas R$ 50 mil para compra de combustível e dos R$ 510 mil de custos da limpeza, dos entulhos, veio apenas R$ 222 mil. Tivemos mais de 20 pontes e pontilhões avariadas a serem refeitos. Ficou a discussão da ponte grande, a maior de Rio Negrinho com custo de R$ 1,2 milhão, sobre o Rio Preto e nós não temos este dinheiro.
Foram papéis, pedidos, encaminhamentos e nada até agora. Mas, estamos com nossos funcionários em dia e já conseguimos pagar 50% do 13º salário e já estamos com uma reserva para no final do ano pagar o saldo que é uma coisa sagrada.
Já revitalizamos e ampliamos todos os postos de saúde que são 12 no centro, Volta grande e Serro Azul. Nos bairros todos estão sendo revitalizados, dobrando o espaço físico, capacidade de atendimento.
Conseguimos com o falecido Luiz Henrique uma emenda para equipamentos novos para os postos de saúde, desde bebedouros, macas e daqui a pouco estaremos com todos eles bem estruturados.
O caso da ponte, voltei a Brasília e juntamente com o Mauro fomos ao Ministério da Integração e fiz uma proposta. Rio Negrinho não precisa receber mais nada, mas pelo menos a ponte que já está esperando um ano, não temos recursos para isto e eu já tinha licitado para fazer ela de madeira com a ajuda das empresas locais. Agora acabei cancelando. Me pediram um prazo de 30 dias. Pedi então que sim ou não, mas fosse dado uma posição. A comunidade cobra e eu não tenho resposta.
Rio Negrinho e Guaramirim foram os dois únicos municípios que no ano passado decretaram Calamidade Pública e continuamos esperando. Um fato importante é que R$ 40 milhões estão destinados para a Defesa Civil do Estado e Rio Negrinho sem ser contemplado. Isso me deixou indignado. O Mauro também ficou indignado e foi um auê.
Faz duas semanas o Milton Hobus que é o secretário da Defesa Civil me ligou dizendo que tinha uma boa notícia. Disse que esteve com o Ministro da Integração e que ele havia assinado a liberação de R$ 1.130, milhão para a ponte. Agora vamos fazer uma nova obra e que vai ficar acima da cota, porque qualquer enchente e nem precisava ser grande, levava a ponte embora. Pretendemos resolver em definitivo com uma obra em concreto e com vão livre.
Temos obras de recapeamento e saneamento para dar continuidade com algumas liberações que estamos esperando e mais a contra partida do Samae vamos concluir os 90% do esgoto sanitário. Estamos buscando um novo financiamento junto ao Badesc no qual liquidamos a dívida que existia de mais de R$ 5 milhões. Tenho estado permanentemente na Capital e não costumo agendar.
Vou e corro atrás, fico esperando nos corredores e salas de espera, mas felizmente sou atendido. Aprendi que não adianta ficar tentando agendar, o negócio e marcar presença e se torna muito mais produtivo. Quem não é visto não é lembrado.
Infelizmente as nossas regionais não resolvem muita coisa por falta de autonomia. As expectativas até o final do ano não são as melhores devido a situação crítica tanto política quanto econômica. Isso reflete diretamente na nossa arrecadação”.
ANO ELEITORAL E REELEIÇÃO
“Na verdade as pessoas me perguntam sobre reeleição e tenho respondido: não é a minha preocupação agora. A minha preocupação é com a administração. Lógico que como político penso no assunto, mas não é uma coisa do dia a dia. Estou trabalhando, organizando, colocando a casa em ordem e no ano que vem vamos fazer uma pesquisa.
Vou ficar sabendo como a comunidade está entendendo, ou entendeu o nosso drama, colocando a prefeitura novamente nos trilhos e reconquistando a credibilidade e se quiserem que eu continue, enfrentarei. Se tiver ruim e o povo entender que o Alcides tem que sair eu não tenho dinheiro para queimar e caio fora.
Vejo que o momento está começando a ficar bom perante a comunidade. Alguns entendiam no começo as dívidas e as dificuldades, outros não e cobravam ações imediatas. Não queriam saber dos outros problemas e sim da sua rua. Participo muito de reuniões a comunidade e vejo que o momento está bom. As pessoas estão reconhecendo a situação e estamos dando o atendimento na medida do possível.
Para quem assumiu o município sem uma ambulância, situação mais ridícula que eu vi na minha vida. Você assumir na Câmara no dia 1º, embora já tivéssemos sido alertados inclusive por funcionários e chegar no dia seguinte na Prefeitura e encontrar inclusive o gabinete com porta chaveada e outras salas da administração e ter que chamar um chaveiro para poder entrar.
No dia último 03, as quatro horas da manhã, fui despertado por telefone e avisado pelo Pablo que é o secretário da Saúde que os quatro veículos que teriam que levar doentes para Florianópolis, Joinville, Jaraguá com pacientes com agendamento não tinha gasolina para abastecer e nem crédito nos postos. Faz o seguinte vou ligar lá posto Mires que eu tenho uma conta e abastece no meu nome e manda viajar.
Isso eu tenho guardado as notas para provar. Paguei do meu bolso mais de R$ 800,00 para os quatro veículos abastecerem. Chegando na prefeitura fomos começar a nos inteirar de outros problemas. Desde outubro a prefeitura não pagava as contas de combustível, ligamos para a empresa e eles simplesmente informaram que como trocou a administração e havia débito não podiam fornecer mais.
Pedimos encarecidamente pois havia uma licitação que estava vigente e não poderíamos comprar em outro lugar e acabamos os convencendo a mandar uma carga para nós. Foi um caos. Sem ambulância apelávamos para os Bombeiros que sempre foram atenciosos. Foi aí que acionamos o deputado Mauro que falou com o secretário da Saúde Dalmo que nos disponibilizou uma ambulância usada.
Hoje a renovação da frota está bem avançada. Os veículos que são usados para viagens são todos novos. Temos veículos adaptados para cadeirantes. Temos 908 quilômetros quadrados de território, somos quase do tamanho de São Bento e Campo Alegre juntos.
A nossa economia é baseada na madeira e este transporte é muito forte e exige manutenção permanente das estradas. Teve momento em que apenas dois caminhões pequenos atendiam mais de mil quilômetros de estrada. Mas aos poucos estamos superando todas estas dificuldades.
Claro que não vamos pagar todas as dívidas herdadas nesta gestão, mas os encargos, Iprerio, parcelamos para 60 meses. Recentemente fomos notificados em R$ 350 mil referente ao não recolhimento do PIS/PASEP e que não havia sido apurado pela auditoria, 2010 e 2011. Lamento por isso, mas já estivemos em momentos bem piores.
Então arrumar a casa nestes quatro anos cria a expectativa de ir para a reeleição. Por isso que eu falo que se a comunidade entender, e dentro do partido sou a pessoa na condição de preferencial e se for o caso vamos a luta”.
SAÚDE É O QUE INTERESSA
Prefeito Alcides lembra que passou recentemente por um infarto, “Graças a Deus me recuperei e estou me cuidando. Passei cinco dias na UTI e tive outros agravantes quem requerem cuidados. Só que no dia a dia não consigo ficar afastado, nem manter aquela disciplina que quando estava internado, fazia planos para me cuidar e aliviar o pé no acelerador. Literalmente estou me alimentando de remédios e fazendo exercícios físicos. Deveria ter ficado afastado 60 dias, mas no dia seguinte a alta hospitalar já estava na prefeitura. Mas o principal é que estou me sentindo bem e quero continuar servindo a população de Rio Negrinho que confiou na minha pessoa”.