Na Toca do Coelho, sobrou só um pé de cabra para devolver à Federação Catarinense de Futebol e ao Figueirense. O destino da taça do Campeonato Catarinense 2015, que passou do campo para os tribunais desportivos, agora faz parte de um inquérito policial.
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Quando chegaram para trabalhar na manhã desta quinta-feira, os funcionários da Toca do Coelho, a lojinha do JEC que fica num dos espaços debaixo da arquibancada da Arena Joinville, voltada para o estacionamento, estava arrombada.
Antes de quebrar o vidro que dá acesso a uma das salas onde havia uma mesa com computador, dinheiro e documentos, os invasores tentaram entrar pelos fundos, forçando uma porta com grade de aço. Com um pé de cabra, o ladrão conseguiu passar como um ninja sem ser visto por mais de 70 câmeras de segurança instaladas na Arena Joinville.
JEC vai entrar com embargo à decisão do STJD de dar o título ao Figueira
A empresa que faz a vigilância da Arena para a Prefeitura de Joinville, a Khronos, tem 64 câmeras, mas em nenhuma delas foi encontrado qualquer movimento suspeito. A Polícia Civil ainda vai requisitar imagens de outros locais. Um dos diretores da empresa Vejoaovivo, Cristian Aquino, confirmou que uma das câmeras que fica ligada 24 horas por dia focada no estacionamento da Arena também não gravou as imagens.
A Polícia Militar e uma equipe do Instituto Geral de Perícias (IGP) passaram boa parte da manhã no local. Os técnicos fotografaram tudo, avaliaram os vestígios deixados pelos ladrões, recolheram o pé de cabra e devem concluir o laudo em até dez dias.
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O delegado da 2ª Delegacia da Polícia Civil, Fabio Fortes, foi até a Arena Joinville, e disse que terá de esperar pelo laudo e levar algumas linhas de investigação adiante. A primeira medida será ouvir os funcionários da Toca do Coelho.
O gerente de marketing do JEC, Fernando Kleimann, foi o único representante do clube a comparecer na Arena na manhã desta quinta-feira. Ele ouviu relatos dos policiais, pediu para ver todas as câmeras de vigilância, mas não falou com a imprensa sobre o assunto.
Em nota, o clube se manifestou dizendo que lamenta o ocorrido e que a direção não irá se manifestar para não atrapalhar nas investigações da polícia. (leia a nota no final desta matéria).
ENTENDA O CASO
Já classificado no último jogo do hexagonal, o JEC empatou por 0 a 0 com o Metropolitano, em um jogo para cumprir tabela. Assim, o atleta da base André Diego Krobel chegou a ser relacionado, mas não saiu do banco.
Após o primeiro jogo da final, o JEC foi denunciado pela procuradoria do TJD-SC porque foi constatado que o atleta não tinha contrato profissional. Ele completou 20 anos no dia 28 de março, enquanto a partida ocorreu dia 18 de abril. E é vedada a participação em competições profissionais de atletas não profissionais com idade superior a 20 anos.
Em meio ao impasse, a segunda partida foi realizada e, com um novo empate sem gols, a taça de campeão foi entregue ao JEC, que fez a festa na Arena. O título, no entanto, não foi homologado devido à possibilidade de o Joinville vir a ser punido com a perda de quatro pontos. Foi o que aconteceu nos julgamentos em primeira e segunda instância no Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina (TJD-SC).
O caso foi para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que, na quarta-feira, efetuou o julgamento, em Belo Horizonte, e, por unanimidade (6 votos a 0), ratificou o entendimento do Tribunal catarinense, manteve a punição ao Tricolor do Norte do Estado e, consequentemente, a retirada de quatro pontos da equipe. No mesmo julgamento, o STJD entendeu que deveria decidir sobre o título do Catarinense 2015, para evitar que o caso voltasse à FCF e depois, retornasse ao STJD, arrastando por mais tempo a indefinição. E o Figueirense foi declarado o campeão.
— Não há sentido realizar mais duas partidas ou determinar que a discussão volte para a Federação. Era mais prudente resolver agora e colocar o resultado de campo para dar ao Figueirense o título pelo empate por 0 a 0 — explicou o presidente do STJD, Caio César Vieira Rocha, após o julgamento.
No entanto, o Joinville vai entrar com um embargo contra a decisão do STJD, que ainda precisa fazer um acórdão para tornar a decisão oficial.
— A gente entende que não houve a determinação expressa do tribunal que se de título nenhum. Realmente, tem que esperar o trânsito julgado que é o final do processo para que a federação seja intimada de uma eventual decisão e aí sim ela faça o que estiver determinado a ela (no caso, a oficialização do campeão após o acórdão) — afirmou o advogado do Joinville, Roberto Pugliese Jr.
Confira na íntegra a nota do Joinville Esporte Clube:
"O Joinville Esporte Clube lamenta fato ocorrido durante a madrugada desta quinta-feira, (16/07), onde a Loja Oficial do Clube, situada na Arena Joinville, foi arrombada e o Troféu de Campeão Catarinense, conquistado dentro de campo e entregue ao final da última partida do campeonato, foi levado.
O Joinville não irá se pronunciar sobre o ocorrido neste momento para não atrapalhar nas investigações da Polícia.
Á Direção."