Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 14º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Marcos 6,1-6, mostra que não são só os seus que se admiram de Jesus, escandalizando-se com sua sabedoria e seu poder. Não podem ler e reconhecer a presença de Deus ‘neste’ homem que eles conhecem muito bem: sua cidade, seus pais, sua profissão. Jesus se espanta e se desaponta com eles: vem entre os seus, e os seus não o reconhecem! É o escândalo de Deus que se fez ‘carne’, que se fez plenamente humano: tem necessidades e trabalha para satisfazê-las, come, bebe e se cansa, dorme, custa a ficar acordado, submete-se às leis da vida e da morte. Os contemporâneos de Jesus não são diferentes de nós. Tanto eles como nós queremos um Deus diferente, um Filho de Deus menos humano, um Filho do Homem mais divino. Até que gostaríamos de compartilhar os seus atributos, mas que não se fale de ele compartilhar os nossos, dos quais, no fundo, gostaríamos de nos livrar. Temos aí um problema grave, que agita o cristianismo desde o início. A heresia mais séria que a Igreja teve que enfrentar foi justamente o gnosticismo, não tanto por se considerarem possuidores de um conhecimento superior, ou por disporem fontes secretas, mas por não aceitarem a natureza humana como ela é e por não acolherem Jesus como ele é. O ser humano não é só espírito, mas corpo, carne, matéria; Jesus não é só divino, mas humano, plenamente humano, irrenunciavelmente humano. E como no homem, a sua espiritualidade e transcendência são colhidas na sua ‘carne’, da mesma forma, em Jesus, a sua divindade, só podem ser acolhidos na sua verdadeira, perfeita e plena humanidade. O primeiro Concílio Ecumênico não se reuniu para afirmar a divindade de Jesus, mas a sua humanidade. A ‘carne’ de Jesus é o centro da fé cristã. Reconhecer a sua humanidade equivale a ser ou não de Deus. Na sua humanidade, naquilo que faz e diz, naquilo que lhe fazemos e que ele passa, até a Paixão: a raiz e o tema são os mesmos, Deus se revela e se doa definitivamente. Na história concreta de Jesus de Nazaré está presente a história de Deus, tão antiga quanto a humanidade, tão humana quanto a história de Israel, tão intrigante quanto a história de Jesus. Às vezes, pensamos: “Há! Se eu visse Jesus, se eu o ouvisse, se o tocasse, como acreditaria nele! Não entendo como aqueles ‘judeus’ tinham tanta dificuldade”. Doce ilusão! Nada mais falso! Aqueles ‘judeus’ que nós consideramos fechados e resistentes não creram em Jesus justamente porque o viram, ouviram e tocaram. Pareceu-lhes humano demais, pouco divino, diferente do que esperavam. Distante dele no tempo e no espaço, para nós é mais fácil criar um Deus e um Jesus do tamanho da nossa imaginação. Não temos tanta dificuldade em acreditar que Deus criou o mundo. Deveríamos prestar atenção e perceber com que facilidade nós criamos Deus! Diz o teólogo, Fausti: “A fé não é aceitar que Jesus seja Deus, o deus que nós pensamos, mas aceitar que Deus, o Deus que nós não pensávamos, é este homem Jesus”! Jesus não é um sacerdote do Templo, ocupado em cuidar e promover a religião. Ninguém o confunde com um mestre da Lei, dedicado em defender a Torá de Moisés. Os camponeses da Galileia vêm em seus gestos curadores e em suas palavras de fogo a atuação de um profeta movido pelo Espírito de Deus. Jesus sabe que o espera uma vida difícil. Os dirigentes religiosos o enfrentarão. É o destino de todo profeta. Não suspeita ainda que será rejeitado precisamente entre os seus, os que o conhecem melhor, desde criança.
06/07/15 – Seg: Gn 28,10.22a – Sl 90 – Mt 9,18-26
07/07/15 – Ter: Gn 32,23-33 – Sl 16 – Mt 9,32-38
08/07/15 – Qua: Gn 41,55-57; 42,5-7a.17-24a – Sl 32 – Mt 10,1-7
09/07/15 – Qui: Gn 44,18-21.23b-29; 45,1-5 – Sl 104 – Mt 10,7-15
10/07/15 – Sex: Gn 46,1-7.28-30 – Sl 36 – Mt 10,16-23
11/07/15 – Sáb: Gn 49,29-32; 50,15-26a– Sl 104 – Mt 10,24-33
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