
Um dos reféns do assalto a um banco em Timbó Grande, no Norte do estado, na terça-feira (30) disse que conseguiu manter a calma porque teve medo de morrer. “Na hora pensei: não vou morrer pelo que não é meu. Mantive a calma porque a prioridade era a minha vida”, contou ao G1 o vigilante Cristiam Gonçalves, que trabalha na agência bancária há 6 anos. A cidade de 7.563 habitantes conta com dois policiais militares trabalhando por dia.
A agência bancária foi assaltada na manhã de terça-feira (30) no momento em que começaria o atendimento. Bandidos invadiram o local disparando contra a agência e fugiram com quatro reféns. As vítimas foram soltas a aproximadamente dois quilômetros do local. PMs acompanharam a ação, mas não reagiram para evitar que pessoas se ferissem em troca de tiros.
Segundo Gonçalves, ele e outro vigilante, um funcionário do banco e um cliente foram feitos de escudo humano. Ele e o cliente foram levados na carroceria da caminhonete e o outro vigilante e o funcionário da agência ficaram do lado de fora do veículo, protegendo as portas. Os quatro foram feitos de “escudos humanos” para impedir que a polícia atirasse.
Efetivo de dois policiais por dia
A cidade conta com efetivo de nove policiais, dos quais seis estão disponíveis para os trabalhos nas ruas de Timbó Grande. “Cidade de interior geralmente tem o efetivo reduzido. São dois policiais trabalhando por dia. Eles trabalham 24h e folgam 48h”, detalha o sargento Sálvio Borges, responsável pelo grupamento de Timbó Grande.

evitar que PM atirasse (Foto: Reprodução/RBS TV)
Ele acredita que um efetivo maior não evitaria que os suspeitos tivessem fugido. "Timbó Grande é uma cidade pacata, e dois policiais dão conta do serviço. Numa situação como essa, mesmo que tivessemos 10 policiais o resultado seria igual. A nossa prioridade foi evitar danos à integridade física dos cidadãos e esse objetivo foi alcançado", afirma o militar.
Durante o assalto na terça, os policiais que estavam de folga foram acionados para reforçar o efetivo de dois policiais. “Tivemos sorte porque o pessoal estava na região. Dois moram em Timbó Grande e os demais em outras cidades, algumas com trajeto que levam quatro horas. Nessa ocorrência contamos com sete policiais”, detalha.
De acordo com o Núcleo de Comunicação Social da PM, há um concurso em andamento e 658 militares devem ser formar em 2016. "Todas as ações de prevenção foram desenvolvidas, mesmo nesse ambiente tão distante, mas não é possível mensurar", diz o major Aires Volnei Pilonetto, chefe de jornalismo do setor. Ele não soube informar se Timbó Grande está entre as cidades que devem receber novos policiais.
A delegacia da cidade também conta com um agente que reveza o serviço com expedientes em outro município da região. Conforme a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), a Polícia Civil catarinense trabalha com 55% do efetivo ideal e em cidades que não são comarca, caso de Timbó Grande, não há agentes sempre disponíveis.
Ainda conforme a assessoria, 400 policiais civis aprovados em concurso aguardam nomeação, no entanto, faltam recursos. Após serem chamados, eles passam por uma formação que leva de oito a nove meses.
'Mantiveram tranquilidade'
Uma viatura e dois carros dos próprios policiais foram utilizados no acompanhamento quando os criminosos fugiram com os reféns. “Eram quatro criminosos e quatro reféns, todos mantiveram a tranquilidade. Timbó Grande nunca teve uma ocorrência assim e a população ficou próximo por curiosidade. Então qualquer confronto poderia ter vítimas”, detalha o sargento.
De acordo com a Polícia Militar, na tarde de terça a agência bancária informou que os criminosos levaram aproximadamente R$ 7,8 mil. O G1 não conseguiu confirmar o valor com o banco.
Até a manhã desta quarta-feira (1º) ninguém havia sido identificado ou preso, conforme a Polícia Militar. A caminhonete utilizada para fugir do centro da cidade foi encontrada abandonada em uma plantação. "Com certeza outro carro estava esperando no local. Havia marcas no solo", diz o sargento Sálvio. O veículo encontrado tinha registro de furto em Curitibanos e estava com uma placa falsa. O G1 não conseguiu contato com a Polícia Civil até a publicação desta reportagem.
Ainda conforme a Polícia Militar, os criminosos conheciam bem a região. "Efetivos de outras cidades fecharam os acessos, mas a área é muito grande. Tem muitos locais ermos. Um deles conheciam muito bem a região para coinseguirem ter saído", detalha.
De acordo com a Polícia Civil, a quadrilha atuou de forma semelhante a outra ocorrência registrada na região. "Esse crime se assemelha bastante a um crime de roubo ocorrido em Santa Cecília. Nesse momento não posso descartar que não seja nem a mesma quadrilha", afirma João da Cunha Neto, delegado da Divisão de Investigação Criminal de Caçador, em entrevista à RBS TV..
Assalto
Segundo a Polícia Civil, o assalto aconteceu por volta das 9h55, no Centro da cidade. Um grupo de homens armados parou uma caminhonete L200 no meio da rua em frente ao banco e começou a atirar contra a agência, enquanto seguiam para o local. Os disparos quebraram a porta de vidro, por onde os bandidos entraram.
De acordo com o vigilante Cristiam Gonçalves, os crimonosos não agrediram os feréns. "Ficaram só no diálogo e diziam que se cada um fizesse a sua parte, ninguém sairia machucado".
Um dos homens ficou do lado de fora e os demais ordenaram que clientes e funcionários se deitassem no chão, segundo testemunhas informaram à Polícia Civil. Elas contaram que os bandidos queriam encontrar o gerente da unidade, para abrir o cofre da agência. Como ele ainda não havia chegado, os criminosos pegaram o dinheiro que estava nos caixas e também os envelopes de depósito bancário colocados nos caixas eletrônicos.