A diminuição de 50% do faturamento da Mannes levou a empresa a demitir 157 funcionários no início desta semana em Guaramirim, no Norte de Santa Catarina. A rescisão dos contratos começa a ser assinada nesta quarta-feira e deve se estender até o final da próxima semana.
Muitos empregados estão insatifeitos com o modo como a empresa propôs opagamento dos direitos trabalhistas, em parcelas que podem chegar a 16 meses. O depósito do FGTS de alguns colaboradores também está atrasado há quatro meses, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário de Jaraguá do Sul e região.
Do total de funcionários demitidos, 120 são operários da fábrica e 37 trabalhavam no setor administrativo. O administrador Paulo Campos, porta-voz da empresa, admite que a empresa não pode arcar imediatamente com todos os custos da rescisão, estimados em R$ 1,6 milhão. Ele afirma que, primeiro, serão pagos aqueles com salários menores e menos tempo de casa.
A maioria dos funcionários deve receber todos os direitos trabalhistas entre três e quatro meses. O pagamento do FGTS também será normalizado no momento da homologação, segundo Campos.
— O prazo de 16 meses para regularizar o pagamento será aplicado a apenas umas cinco pessoas — rebate Campos.
Um dos atingidos é Sebastião Correa da Luz, de 54 anos, que estava na Mannes há quase dois anos e meio. Ele diz que não havia sinais de demissão até o aviso da empresa, e que a preocupação agora é com o orçamento da família, composta por três pessoas.
Crise e aumentos dos custos
Paulo Campos afirma que foi necessário interromper a produção durante o segundo turno - mas que o período normal e o primeiro turno estão mantidos. A empresa, quepediu recuperação judicial em março de 2014, emprega 500 pessoas.
— Tivemos aumento de 20% no custo dos insumos, principalmente por causa da alta do dólar, e a crise nacional fez com que muitas grandes redes congelassem os pedidos. Não podemos repassar o prejuízo e reajustar os preços neste momento. Então, esta é a saída que encontramos para voltar a ser uma empresa viável. É uma questão de sobrevivência — justifica Campos.
A estimativa de economia com o fechamento do segundo turno é de R$ 500 mil com salários e encargos trabalhistas. Segundo o administrador, 28 colaboradores foram convidados a mudar do segundo para o primeiro turno, que será reforçado, mas apenas 17 aceitaram a alteração de horário. Quinze vagas estão abertas para a produção neste período, que vai das 5 às 14 horas. O trabalho no segundo turno é das 14 às 23 horas.