Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste Domingo da Epifania do Senhor, o Evangelho de Mt 2,1-12, diz que José, judeu, esposo de Maria, com o auxílio da palavra do anjo, sabe onde se encontra o Messias: falta-lhe apenas reconhecer e acolher o dom. Já os pagãos, representados pelos Magos, devem fazer uma longa caminhada, guiados pela estrela, para chegar a Jerusalém e informar-se onde nasceu o Senhor. José representa o caminho da fé do israelita; os Magos, o caminho da fé do pagão, o nosso caminho. Encontrar a Deus, que nos salva das nossas falências e nos abre as portas da humana realização, é o desejo que nunca sai do coração humano. A história dos Magos sempre impressionou a cultura dos grandes e a piedade dos pequenos. O texto não os chama de ‘magos’, mas tornaram-se ‘reis’, por influência de Is 60,3 e do Sl 72,10ss. O texto não os quantifica, mas, na tradição, são contados ‘três’, em correspondência aos três dons que ofereceram. Ampliados simbolicamente, representam Sem, Cam e Jafet, os filhos de Noé, toda a humanidade, raiz ancestral da Igreja. Os temas desta poética narração são dois: a sabedoria, que prepara o caminho para o encontro com a revelação; a revelação, que manifesta a todos o Messias, luz dos povos. Quem o encontrou, como o pagão Lucas, deixa em herança a trajetória que percorreu para encontrá-lo. O Salvador está presente, antes de tudo, na ‘estrela’, que simboliza a sabedoria, princípio de toda busca. A verdadeira sabedoria leva a Jerusalém: a sabedoria abre a mente e o coração para a revelação, e o Salvador está presente na ‘Escritura’, que indica em que direção deve ser procurado. Seguindo as suas indicações, a estrela reaparece numa nova luz: a razão é iluminada pela revelação e conhece aquele que procura. A ‘alegria’ do coração dá a certeza de se ter encontrado ‘no lugar certo’ o que se procurava. É ali, naquela frágil criancinha, enrolada em trapos, que ele é adorado: abrem-se para ela os tesouros. O Senhor está presente na ‘adoração’, no ‘beijo de comunhão’ com ele, e no ‘tesouro’ de quem dá como ele se deu. Assim, Deus já é e, finalmente, será, em plenitude, “tudo em todos”. Um místico medieval, Mestre Eckhart, dizia que a história dos Magos é “o Natal da alma”, quer dizer, o nascimento do crente em Deus e de Deus no crente. Trata-se de uma gestação lenta, gradual, mas plena. Um percurso de cinco passos: 1) a consideração da inteligência, que provoca o desejo de seguir a própria estrela; 2) a Escritura, que vai desenhando aquele que esperamos; 3) a alegria do coração que mostra onde ele realmente está; 4) a adoração, o gesto que só se dirige à divindade; 5) o dom de si àquele que já se deu a nós. A celebração da Epifania é um convite a fazermos de novo a caminhada dos Magos, como se não soubéssemos ainda ‘onde’ está o Salvador. É preciso fazer em primeira pessoa a trajetória dos Magos, enfrentando as noites da vida e da alma, os desejos e as dúvidas, as esperanças e as incertezas, guiados por uma ‘estrela’, que, no seu ziguezague, aparece e desaparece. Para não virarmos aqueles escribas e sacerdotes que sabiam tudo sobre o Senhor e davam a pista para matá-lo ou Herodes, que não sabia nada, mas tinha poder para mata-lo e, assim, preservar seu poder. É processo tomar o caminho dos Magos e deixar-se possuir pelo coração dos Magos: o caminho do amor, que, através da busca da inteligência e da revelação, da alegria e da adoração, chega ao dom de si. Só assim nascemos Nele e Ele em nós.
05/01/15 – Seg: 1Jo 3,22-4,6 – Sl 2 – Mt 4,12-17.23-25
06/01/15 – Ter: 1Jo 4,7-10 – Sl 71 – Mc 6,34-44
07/01/15 – Qua: 1Jo 4,11-18 – Sl 71 – Mc 6,45-2
08/01/15 – Qui: 1Jo 4,19-5,4 – Sl 71 – Lc 4,14-22a
09/01/15 – Sex: 1Jo 5,5-13 – Sl 147 – Lc 5,12-16
10/01/15 – Sáb: 1Jo 5,14-21– Sl 149 – Jo 3,22-30
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