O corte promovido pela equipe econômica no Orçamento do governo levou a uma situação de penúria em inúmeras embaixadas pelo mundo afora. Em países que vão de Estados Unidos e Japão, até Benin, na África Ocidental, as embaixadas e consulados estão funcionando com restrição de consumo de combustível, corte de luz, água, telefone e internet, e diplomatas estão se vendo obrigados a usar seus salários para pagar contas essenciais para funcionamento da representação do governo brasileiro no exterior.
O Itamaraty promete para os próximos dias a solução para o problema e informa que os recursos foram recebidos na semana passada e de lá para cá estava realizando os procedimentos de processamento de câmbio.
Nesta quarta-feira (21), os recursos teriam sido liberados e, em até 48 horas, espera-se que tenham chegado às embaixadas para que as pendências sejam cobertas. Mas o Itamaraty ressalva que todo o governo está trabalhando com contingenciamento de recursos, determinado pela equipe econômica, que restringiu os repasses a 1/18 do Orçamento previsto para o mês. Desde novembro, recursos não são repassados às representações diplomáticas.
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Em e-mail enviado ao Itamaraty, que acabou vazando na internet, o encarregado de negócios da embaixada no Benin, na África, João Carlos Falzeta Zanini, relata os problemas que está enfrentando com a forte restrição orçamentária.
Ele inicia a comunicação informando que, após interrupção no fornecimento de energia da embaixada, pagou, com recursos pessoais, a fatura do mês de novembro e que fez o mesmo com a conta de telefone que também estava atrasada.
Depois que ressaltar que dispõe de apenas R$ 213 (US$ 83,00) em caixa e que o gasto semanal para o abastecimento dos geradores da embaixada é estimado em aproximadamente R$ 463 (U$ 180,00), Zanini informa que "não tem mais condições de manter os geradores em operação e que começará a reduzir as atividades do dia e a liberar os funcionários".
Em seguida, ele explica que "o desconforto não é tão relevante se comparado à preocupação com a saúde", já que o posto é localizado em cidade onde "a malária é endêmica e o ar-condicionado serve de poderoso inibidor da proliferação do mosquito".
Zanini cita ainda que todos os dias, por uma ou duas horas, é obrigado a usar velas e de lanterna por falta de dinheiro pra comprar combustível para o gerador e que quando a pressão da água se esgota, é obrigado a usar galões de água comprados no supermercado para higiene pessoal.
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