Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 3º Domingo do Tempo do Advento, o Evangelho de Jo 1,6-8.19-28, falando sobre João Batista e seu testemunho, tem duas partes: a primeira, tirada do Prólogo ‘poético’; a segunda, tirada do Prólogo ‘narrativo’, que justamente conta o início do mistério de Jesus. O Prólogo ‘poético’ é como o início de uma sinfonia: aí está presente tudo o que se desenvolverá depois. Na história da fé e da teologia, é como uma mina de ouro ou diamante: daí são retiradas as mais importantes reflexões sobre a Trindade e a Encarnação. O Prólogo é um hino à Palavra, que João apresenta como luz e vida de tudo. Aquilo que a Palavra diz, depois de se calar na contemplação do Mistério, introduz nas modulações do indivisível. Suas raízes estão no Antigo Testamento, naqueles cantos sobre a Palavra e a Sabedoria criadoras, que são personificações de Deus na natureza e na história. Enquanto Jo 1,6-8 é a respeito da Palavra, Jo 1,19-28 é sobre o testemunho da Palavra e sua testemunha privilegiada. Os dois textos falam de João Batista: o primeiro no hino à Palavra; o segundo na narração da Palavra. O primeiro é sobre a Palavra. O segundo, sobre o testemunho, e a testemunha, que dão voz à Palavra. João Batista é a testemunha privilegiada da Palavra: ele a espera, intui sua presença, a reconhece revelada em Jesus, e a indica a outros! Os versículos 6 a 8 interrompem o ritmo do hino à Palavra, antecipam o versículo 15, e serão desenvolvidos nos versículos 19 a 34. Desde sempre, “a Palavra estava voltada para o Pai”; num momento preciso da história, “houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João”, que é sua testemunha privilegiada; haverá sempre outros ‘enviados por Deus’, que testemunharão a outros. A finalidade do seu envio por parte de Deus é testemunhar: ele é enviado para testemunhar! João Batista é figura dos sábios e profetas, que, sempre e em todo lugar, despertaram seus irmãos para a luz. Em nenhuma época e em nenhum lugar do mundo, faltaram e faltarão pessoas livres e iluminadas, que são como que sopradas pelo vento do Espírito e como os faróis na noite do mundo. ‘Sementes da Palavra’ são lançadas em todos os povos, em todas as culturas, em todos os âmbitos da vida e em todos os humanos corações. A finalidade do testemunho é a fé: ‘para que todos cresçam’! Em outros termos: a finalidade do testemunho é que ‘todos’ reconheçam a luz da vida e entrem naquele misterioso diálogo com Deus que os conduz a viver a sua verdade. Se há uma fé explícita e articulada, como a judaico-cristã, há outras expressões, genuínas, da fé, que iluminam, a seu modo, os seres humanos. Não fosse assim, não teríamos vida, mas apenas crepúsculo, sombra e trevas, símbolos e pastores da morte! Assim como os sábios e os profetas, de Israel e de todos os povos, não são a luz. Mas são iluminados pela Palavra e a testemunham aos outros, a fim de que todos acolham a luz da vida. Um iluminado que se considera luz não só não ilumina, mas está na noite mais profunda. É “um cego que guia outros cegos”. ‘Testemunha’ é aquele que viu, recorda e conta. Diz o teólogo Fausti: “Testemunha é uma experiência de vida que se torna palavra e é comunicada a outros. Tendo visto, guardando no coração e vivendo a Palavra, a ‘testemunha’ a proclama aos outros, para que a Palavra não caia no esquecimento, pois ela é a vida de tudo e de todos”. A luz verdadeira conduz à vida e produz vida, enquanto a mentirosa produz palavras enganadoras, que levam à morte. Não só algumas pessoas e alguns grupos privilegiados ‘possuem’ a Palavra. Todo ser humano tem, como dom do alto, a luz da Palavra.
15/12/14 – Seg: Nm 24,2-7.15-17a – Sl 24 – Mt 21,23-27
16/12/14 – Ter: Sf 3,,1-2.9-13 – Sl 33 – Mt 21,28-32
17/12/14 – Qua: Gn 49,2.8-10 – Sl 71 – Mt 1,1-17
18/12/14 – Qui: Jr 23,5-8 – Sl 71 – Mt 1,18-24
19/12/14 – Sex: Jz 13,2-7.24-25a – Sl 70 – Lc 1,5-25
20/12/14 – Sáb: Is 7,10-14 – Sl 23 – Lc 1,26-38
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