A Fundação Pró-Rim, de Joinville, foi a única instituição de saúde catarinense a ver seu nome no guia Você S/A – As 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar. O feito chama a atenção. A instituição não tem fins lucrativos – sobrevive de doações da comunidade e de repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) – e, apesar do orçamento modesto, aparece no mais importante ranking nacional que avalia a gestão de pessoas pela sexta vez.
Especializada em transplantes renais e em tratamentos de hemodiálise, a Fundação Pró-Rim alcançou suas melhores notas de gestão nos tópicos relacionados à liderança e desenvolvimento. No índice que mede o ambiente de trabalho, os funcionários disseram que se identificam com a empresa.
– A Fundação Pró-Rim apresenta um conjunto de pequenas ações que, somadas, fazem a diferença – explica o diretor de recursos humanos da instituição, Maikon Truppel Machado.
Uma das iniciativas mais importantes colocadas em prática pela instituição é a oportunidade de desenvolvimento profissional. As bolsas de estudo são acessíveis a 100% dos funcionários, desde que o curso tenha afinidade com os objetivos da Fundação. O subsídio pode chegar a 80% do valor. Com orçamento fixo de R$ 96 mil por ano, o benefício prevê 25 horas de treinamento por funcionário.
Na parte de saúde e bem-estar, a empresa oferece, há sete anos, terapia em grupo para as técnicas de enfermagem conduzida por uma psicóloga da empresa. O funcionário também pode optar pelo plano de saúde empresarial ou pelo plano interno, criado em 2010. Este último é isento de mensalidade e cobra 30% do valor de consultas e exames para o titular e dependentes, mas não inclui internação. Após a mudança, a nota no guia no quesito saúde aumentou de 5,9 para 8,0.
Uma característica da Pró-Rim é a disposição de aprender e tentar melhorar sempre, debruçando-se sobre aquilo que não está dando certo. Em 2008, a Fundação não ficou entre as melhores empresas para se trabalhar. No retorno que recebeu dos pesquisadores, percebeu que o desafio maior encontrava-se na liderança – um ponto crucial, pois 66% da pesquisa diz respeito às ações do líder. Com os dados em mãos, a instituição promoveu um curso interno, elaborou o manual de liderança e instituiu a avaliação 360 graus, atrelada à remuneração.
Em 2013, já no guia, a pesquisa apontou que não havia uma relação forte de confiança entre os funcionários. Uma consultoria foi contratada para trabalhar este aspecto internamente.
A Pró-Rim faz questão de aproveitar todas as conquistas e datas comemorativas para celebrar. Com isso, cria situações para os funcionários se encontrarem fora do ambiente de trabalho.
– Quando as pessoas se relacionam, elas se identificam, formam grupos e estes laços refletem positivamente na atividade profissional – explica Machado.
Naturalmente, a presença no guia também foi muito bem comemorada com uma costelada de chão. Foram oito ripas de costela para ninguém botar defeito.
Uma dose de amor
A gerente de enfermagem Jacemir Samerdak já passou metade da sua vida na Pró-Rim. Começou como estagiária e, desde então, não parou mais. Só que o crescimento na carreira não aconteceu por acaso: foi acompanhado, também, do permanente desenvolvimento profissional. Ao longo dos anos, ela cursou especializações em assistência de enfermagem em nefrologia, parcerias para excelência e administração hospitar. Hoje, aos 50 anos, continua estudando. Atualmente, faz mestrado na área da saúde na PUC-PR. Todos os seus estudos foram subsidiados pela Fundação.
Jacemir diz que quer continuar se desenvolvendo. Na sua função, o grande desafio é manter a equipe motivada para o atendimento humanizado, algo fundamental em um ramo da saúde no qual os profissionais mantêm um contato prolongado com os pacientes. Os que fazem hemodiálise frequentam a Fundação dia sim, dia não, e ficam ali durante quatro horas seguidas. O vínculo acaba sendo inevitável.
A auxiliar de assistência social Silvana Sampaio, de 35 anos, sabe bem o que é isso.
– Às vezes, o paciente só quer falar, desabafar, e se você o ouve, muda tudo – afirma.
Silvana começou a trabalhar na Fundação como operadora de telemarketing, em 2008. Um dia, seu gestor lhe disse que ela tinha perfil adequado para trabalhar como assistente social. Em 2010, começou a faculdade de serviço social, com 50% da mensalidade custeada pela Pró-Rim. Silvana já fez o estágio ali dentro e aguarda para as próximas semanas o diploma universitário para ser efetivada. Mas ela não quer parar por aí. Agora, já pensa na pós-graduação. A vontade de crescer só não é maior do que a vocação para ajudar os outros. Uma cultura cultivada todos os dias e que se tornou muito forte na fundação.
– Não importa o que você faz, a diferença é fazer com amor – diz Silvana.