Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 2º Domingo do Tempo do Advento, o Evangelho de Mc 1,1-8, começa justamente com a palavra ‘evangelho’, que acabou dando nome aos quatro livros do Novo Testamento que recordam e relatam os feitos e os ditos de Jesus. Evangelho significa ‘boa notícia’, uma notícia que traz alegria, pois abre as portas da esperança. A melhor maneira de compreender o sentido da palavra ‘evangelho’ é compará-la com a palavra ‘lei’. A lei tem algumas funções importantes: faz conhecer o limite do bem; proíbe e denuncia o mal; julga e condena quem o faz. O perigo é confundir Deus com a lei, em prejuízo dos dois, sobretudo, da nossa compreensão de Deus. Evangelho, ao contrário, é a boa notícia de que Deus não é um pai-patrão, juiz implacável que tudo vê e a todos julga impiedosamente. Deus não é a proibição suprema, mas a possibilidade extrema do ser humano. A consciência, a lei interiorizada e exteriorizável, nos motiva, nos julga e nos condena. Mas é um erro grave, e uma mentira mortal, deixar que ela tome o lugar de Deus. Com efeito, Deus é pai enquanto é Mãe, que perdoa e acolhe sempre, com um amor proporcional não à nossa resposta, mas à nossa necessidade. Quanto mais o mal nos afasta dele, tanto mais ele se aproxima de nós. A nossa miséria é a única medida da sua misericórdia. Deus-Amor se sente incuravelmente atraído pela nossa miséria: é misericórdia! O evangelho, narrando e anunciando a vida de Jesus, nos possibilita esta nova experiência de Deus. O evangelho, como diz Paulo, é “poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê”. Em Marcos, a palavra ‘evangelho’ aparece sete vezes. Depois do título, antes de mostrar-nos quem é Deus diante do homem, o evangelista nos mostra como deve ser o homem diante de Deus. Marcos se serve de duas citações do Antigo Testamento, que contém dois filões importantes da pregação dos profetas: “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitar suas estardas’”. A primeira é de Ml 3,1; a segunda é de Is 40,3. São um retrato, um ‘ícone’ vivo de João Batista. O ser humano que não abre o coração aos desejos que Deus colocou dentro dele e à esperança daquilo que Deus lhe prometeu, não está em condições de compreender o mistério de Jesus. Deus-JHWH gastou dois mil anos para levar o povo a descobrir duas verdades: a primeira é que o ser humano é desejo de Deus, porque, criado à sua imagem e semelhança, só em Deus encontra a própria realidade; a segunda é que o próprio Deus é desejo de dar-se à sua sublime criatura, porque, através dos seus dons e dom que supera todo desejo! Primeira condição necessária para acolher o Senhor que vem é a sede da justiça. O mundo não está submetido ao domínio e ao arbítrio do homem pecador e injusto, mas debaixo do senhorio de Deus, santo e justo. Segunda condição é a sede da liberdade. Ainda que o ser humano esteja submetido a muitas formas de escravidão, e ele tema que a liberdade seja impossível, há uma ‘voz’ que grita para abrir no deserto o caminho que leva da terra da escravidão à pátria do desejo. João Batista é o ‘Anjo’, o enviado, o mensageiro, o anunciador, o profeta que, denunciando o pecado e anunciando o perdão, prepara o ser humano a converter-se à justiça de Deus. Ao mesmo tempo, é a voz que encoraja e prepara o novo êxodo à terra da vida e da liberdade. Sendo o último dos profetas, é desenhado com os traços do primeiro, Elias, que vem para converter os corações, para que se abram ao Senhor.
08/12/14 – Seg: Gn 3,9-15.20 – Sl 97 – Ef 1,3-6.11-12 – Lc 1,26-38
09/12/14 – Ter: Is 40,1-11 – Sl 95 – Mt 18,12-14
10/12/14 – Qua: Is 40,25-31 – Sl 102 – Mt 11,28-30
11/12/14 – Qui: Is 41,13-20 – Sl 144 – Mt 11,11-15
12/12/14 – Sex: Gl 4,4-7 – Sl 95 – Lc 1,39-47
13/12/14 – Sáb: Eclo 48,1-4.9-11 – Sl 79 – Mt 17,10-13
Seja um participante fiel, na sua Igreja, ofereça o Dízimo!