Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 32º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Jo 2,13-22, é próprio da Celebração Litúrgica da Dedicação da Basílica do Latrão. Em Caná, realizou seu primeiro ‘sinal’, Jesus mostrou onde tem casa: na alegria e no amor. Em Jerusalém, tendo entrado no Templo, sua casa por excelência, o mesmo Jesus faz um gesto de indignação: encontra o que não quer e faz um chicote para varrer tudo e todos. Os discípulos missionários não quiseram apagar nem remover essa imagem, cara a reformadores e perturbadora para conservadores. Puseram-na em posição privilegiada, os Sinóticos no final do ministério, João bem no início. Qual a intenção dos que nos conservaram esse acontecimento que, devotamente, chamamos de ‘purificação do templo”? Para termos uma resposta, devemos imaginar Jesus fazendo esse gesto não há 2000 anos, em Jerusalém, no Templo, mas aqui e agora. A pergunta seria: o que diríamos se víssemos com um chicote, nos muitos e vários templos religiosos e laicos? Que é um louco varrido, que surtou? No mínimo, um desajustado que vive fora da realidade? Colocaria em crise nossos hábitos em relação ao templo, quer dizer, a Deus mesmo e ao modo de relacionar-nos com ele? O gesto de Jesus é profético em dois sentidos. Os profetas sempre foram críticos em relação às instituições, voltadas mais para os interesses dos que detêm o poder do que para as finalidades para as quais foram criadas. O gesto de Jesus se parece, por outro lado, com os de Jeremias, que antecipa, no gesto, a ação futura. As duas dimensões estão presentes no gesto profético de Jesus. Antes de tudo, Ele denuncia a corrupção do Templo e a deformação do seu significado. Depois, Ele revela que o flagelo, que, agora, ele usa contra o templo, se abaterá, no fim, sobre ele: ele realiza agora o que acontecerá contra ele no fim. Israel tem três símbolos da sua identidade: a Aliança, a Lei e o Templo. O rei e os sacerdotes são os guardiões dessas instituições. É por isso que, em Israel, além dos reis e dos sacerdotes, emergiu e adotou-se a instituição dos profetas. Profetas e profetisas são a consciência crítica de Israel, gritando contra a hipocrisia, a mentira e a opressão. Jesus, que não foi sacerdote nem, muito menos, rei, exercia uma forma de ministério muito semelhante ao dos profetas. Seu poder tem a força do instrumento que usa: a palavra! Seu corpo torna-se tenda da Palavra! O profeta Jesus encontra diante de si uma situação difícil: em Caná, onde se celebra uma festa-símbolo da Aliança, falta vinho; em Jerusalém, o templo virou um covil de ladroes. Então, da mesma forma que, em Caná, fez da água ‘o belo vinho’ da nova Aliança, em Jerusalém, fará do templo mercantilizado a casa do Pai. Ele, o pequeno, pobre e humilde Jesus, Palavra que se fez carne, é o novo e definitivo templo, lugar pessoal de comunhão entre Deus e os seres humanos. O verdadeiro santuário será o seu corpo, morto e ressuscitado, onde se adora o Pai em Espírito e verdade. uma inversão sem precedentes marcará, desde então e para sempre, as relações entre Deus e os homens: o sacrifício de Deus ao homem tomara o lugar dos sacrifícios do homem a Deus. A busca de Deus por parte do homem foi definitivamente superada pela busca do homem por parte de Deus. Um dos fatores que levou Jesus à sua execução foi, sem dúvida, seu ataque frontal à liturgia do templo judaico. Criticar a estrutura do templo era questionar um dos pilares fundamentais da sociedade judaica.
10/11/14 – Seg: Tt 1,1-9 – Sl 23 – Lc 17,1-6
11/11/14 – Ter: Tt 2,1-8.11-14 – Sl 36 – Lc 17,7-10
12/11/14 – Qua: Tt 3,1-7 – Sl 22 – Lc 17,11-19
13/11/14 – Qui: Fm 7-2 – Sl 145 – Lc 17,20-25
14/11/14 – Sex: 2Jo 4-9 – Sl 118 – Lc 17,26-37
15/11/14 – Sáb: 3Jo 5-8 – Sl 111 – Lc 18,1-8
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