Rio Negro/PR - O 5º Regimento de Carros de Combate - Regimento Ten Ary Rauen, localizado na cidade de Rio Negro/PR e subordinado à 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (Ponta Grossa/PR), de forma pioneira, participou do 1º Exercício de Simulação de Combate Integrado que ocorreu no período de 14 a 26 de setembro de 2014 no Centro de Adestramento Simulado-Posto de Comando (CAS-PC), sendo utilizadas todas as Funções de Combate de forma simultânea (Comando e Controle, Movimento e Manobra, Inteligência, Fogos, Proteção e Logistica).
A FT 5° RCC, FT Ary Rauen, nome escolhido para homenagear o herói da FEB e patrono do 5° RCC, possuiu em sua composição de meios 2 (duas) SU de Carros de Combate e 2 (duas) SU de Fuzileiros Blindados, empregando 9 (nove) VBC Leopard 1A5 BR, 17 VBTP M113 BR, 01 VBCEng, 1 VBE Lança Ponte, 1 VBE Bergerpanzer e 18 viaturas administrativas e em torno de 280 militares.
A simulação do combate busca criar, com segurança, um ambiente que reproduza o combate, tão real quanto possível sem, no entanto, por em risco as vidas dos executantes. Assim sendo mais adequado o uso das três modalidades de simulação: a viva, a virtual e a construtiva.
A simulação viva é o grau mais avançado de verificação do adestramento e certificação. É desenvolvida em ambiente real no terreno, sob a ótica de dupla ação e, utilizando-se dos DSET (Dispositivos de Simulação de Engajamento Tático). O CAADEx de forma pioneira, avaliou, nesta ocasião, uma fração blindada constituída em formato Força Tarefa valor SU. Aplicando o sistema a laser de simulação BT-46 que equiparam as VBC CC Leopard 1A5 BR.
Já a simulação virtual simula o campo de batalha na rede de computadores, por meio de cartas ou mapas digitalizados e utilizando-se do programa Steel Beasts, ele tem a possibilidade de colocar à prova a tropa avaliada e elevar o nível de aptidão e adestramento.
Atualmente, a simulação construtiva, utilizando-se do programa COMBATER, tem como objetivo preparar, adestrar e certificar, para o combate real, Estados-Maiores (EM) de Unidades e Grandes Unidades por meio da solução de problemas militares utilizando-se dos trabalhos de comando dos EM. Com o intuito de prover as duas FT (viva e virtual) sob um comando único foi mobilizado o comando da FT 5° RCC, em ambiente de simulação construtiva no CAS-PC (Centro de Adestramento Simulado – Posto de Comando), no CISM em Santa Maria/RS e, assim, composta pelo comando da FT e com os apoios.
A grande questão do pioneiro exercício se concentrou na integração plena entre os diversos ambientes de simulação: viva, virtual e construtiva. Isso se deveu a um sistema sueco da empresa SAAB que através de sistemas de sinal de internet e sistema de posicionamento global fazem com que dados sejam cruzados, inseridos no programa COMBATER do COTER e assim haja o embate esperado entre as diversas modalidades de simulação. Desta forma, pela primeira vez houve fogos indiretos do sistema COMBATER e Steel Beasts degradando uma força oponente viva no terreno.
Assim, o 5° RCC, ao longo de dezessete dias, pode obter dados concretos de seu adestramento, nível de aptidão, prontidão e preparo para as missões constitucionais estabelecidas às Forças Armadas, tornando-se apto a cumprir missões de Defesa da Pátria.
HISTÓRICO
O projeto do Leopard começou na Alemanha em novembro de 1956. O veículo deveria ser leve, resistir a tiros rápidos de 20mm e ter proteção contra agentes químicos e biológicos.
A mobilidade teve prioridade em relação ao poder de fogo e a blindagem, considerando-se as modernas armas anti-carro. A empresa alemã Krauss-Maffei Wegmann (KMW) fez as primeiras entregas em 1965 e diversos países europeus adquiriram o veículo.
No início da década de 80, o exército alemão dispunha de aproximadamente 1200 Leopard 1 A1A1, que apresentavam acentuada defasagem tecnológica depois da entrada em serviço do Leopard 2. Assim, para adequar-se à nova demanda, estes CC receberam o sistema de controle de fogo EMES da nova versão, além de outras modificações, que originaram o Leopard 1A5, a versão mais moderna da família 1.
Desde 1990, o Leopard 1 vem gradualmente sendo empregado em funções secundárias na maioria dos exércitos, mas o Brasil, este ano, está recebendo 220 unidades repotencializadas e batizadas de VBC Leopard 1 A5 BR. O Leopard 2, por sua vez, é um carro de combate desenvolvido no início dos anos 70. Entrou em serviço no ano de 1979 e substituiu os Leopard da família 1.
O Leopard 2 A4 é o mais numeroso de todos os carros de combate da família Leopard, pois praticamen-te todos os carros das versões anteriores (A1, A2 e A3) foram convertidos para a versão A4. Vários países europeus optaram por este carro de combate, especialmente pela sua comprovada resistência e confiabilidade mecânica. Na América do Sul, o Chile adquiriu em 2007, 132 unidades do também rebatizado Leopard 2 A4 CHL.
CARACTERÍSTICAS
Depois do breve histórico das VBC a serem estudadas, para iniciarmos a presente análise, recorremos às características principais de um carro de combate, aquelas que lhe conferem a ação de choque. Ação de choque é o efeito resultante da associação entre a mobilidade e a potência de fogo, reforçada pela proteção blindada. Traduz-se no impacto físico e psicológico exercido sobre o inimigo, mediante fogos diretos potentes, desencadeados a distâncias curtas.
PROTEÇÃO BLINDADA
O grau de proteção proporcionada pela blindagem é um fator de sobrevivência nos campos de batalha. Normalmente, a proteção convencional de aço é capaz de impedir danos causados por projetis de metralhadoras, pequenos canhões e granadas alto-explosivas de artilharia. Para proteção contra munição especializada anti-carro, um considerável reforço na blindagem torna-se necessário, envolvendo considerável aumento de peso.
O Leopard 1 A5 possui blindagem de 70mm na parte frontal e 35mm nas laterais, além de uma blindagem adicional espaçada de 5mm, contra munição de carga oca, nas laterais e na torre. O Leopard 2 A4 possui de 700 a 1000mm de blindagem na parte frontal, 200mm nas laterais, além de uma proteção adicional para o motorista, com cerca de 150mm. O aspecto proteção blindada é uma das grandes diferenças entre as versões comparadas, pois o 2 A4 possui cerca de dez vezes mais blindagem.
MOBILIDADE
A despeito de todas as medidas de proteção, o fator que garantirá à VBC maior capacidade de sobrevivência é a sua mobilidade, ou seja, a capacidade de ultrapassar obstáculos, realizar manobras rápidas e atingir maiores velocidades em terreno desfavorável.
O Leopard 1 A5 é dotado de um motor de 830hp, que lhe confere uma relação peso/potência de 20hp/ton, lhe permitindo atingir velocidades de 45Km/h em terreno desfavorável e até 65Km/h em estradas.
O Leopard 2 A4 possui um motor de 1500hp, que proporciona uma relação peso/potência de 27hp/ton, lhe permitindo atingir velocidades de 55Km/h em terreno desfavorável e até 72 Km/h em estradas, velocidades estas significativamente maiores que do nosso exemplar.
Além disso, apesar de mais pesado, o Leopard 2 A4 possui uma reduzida pressão sobre o solo, 0,85Kg/cm2, menor do que o Leopard 1 A5, que é de 0,86 Kg/cm2, o que favorece a maneabilidade, em especial nas operações em terreno pouco firme. Em contrapartida, a necessidade de empregar as estradas e pontes existentes é um dos óbices do 2 A4, que pesa 55,1ton contra as 42,4ton do 1 A5. No aspecto mobilidade, o 2 A4 possui vantagem devido a sua maior relação peso/potência e menor pressão sobre o solo, porém, seu peso maior acarreta em sérios problemas de trafegabilidade, principalmente em estradas não pavimentadas e pontes.
PODER DE FOGO
O desempenho de um CC é diretamente proporcional ao seu calibre, à cadência de tiro, à capacidade do seu sistema de controle de fogo e à sua capacidade de busca, aquisição e transferência de objetivos.
O Leopard 1 A5 é dotado de um canhão de 105mm, raiado, modelo L7 A3 da Royal Ordnance, britânica. A versão 2 A4 possui um canhão L44 Rheinmetall alemão de 120mm e com alma lisa que dispara munição desencartuchada.
O canhão de alma lisa do 2 A4 é menos preciso que o raiado do 1 A5 e sua munição é mais cara que a convencional. Em contrapartida, tem maior poder de penetração e a capacidade de disparar, segundo o manual do fabricante, a 5500m, enquanto o 1 A5 o faz a 4000m. Na prática, estas distâncias não puderam ser confirmadas. Os impactos ao primeiro disparo mais longos realizados pelo autor foram de aproximadamente 4000m com o 2 A4 e de 2500m com o 1 A5.
O fato de o 2 A4 utilizar munição desencartuchada afeta positivamente sua cadência de tiro, pois, além de auxiliar na limpeza do canhão, permite a execução de vários disparos sem a necessidade de esvaziar o cesto do armamento, atividade esta que deve ser realizada a cada 3 ou 4 tiros, com o 1 A5.
Ainda sobre aspectos que influenciam na cadência de tiro, o Leopard 2 A4 utiliza munição de 120mm, que é mais pesada que a munição 105mm, dificultando a recarga.
Possui um bunker para o armazenamento da munição, com capacidade para 15 tiros, este proporciona segurança à tripulação, mas acarreta no aumento do tempo de recarga.
Além disso, o canhão 120mm do 2 A4, após o disparo, corta a estabilização automaticamente e toma a posição de carregamento, que pode ser regulada de acordo com o biotipo do Aux Atdr a fim de facilitar o carregamento, principalmente quando o CC está em movimento. A entrada em posição de carregamento também aumenta o tempo de recarga, diminuindo, consequentemente a cadência de tiro.
Sobre o sistema de controle de fogo, o EMES 18 do Leopard 1 A5 é uma cópia do EMES 15 da versão 2 A4. As diferenças são: a configuração das caixas, que no Leopard 2 A4 encontram-se melhor distribuídas, facilitando a operação e o fato de que o Leopard 1 A5 não possui o compensador de movimento próprio.
Este recurso, ainda que não afete significativamente na técnica de tiro ou no tempo de engajamento, torna desnecessário o uso da taquimetria quando o alvo está parado, compensando o movimento próprio até 10s ou 170m.
Outra distinção no sistema de controle de fogo é o Painel de Controle do Comandante, que só aparece na versão 2 A4. Não influencia diretamente na execução do tiro propriamente dito, mas armazena os dados do último disparo, tornando-se uma ferramenta importantíssima na identificação de possíveis falhas ou erros na técnica de tiro, além de permitir calcular com relativa precisão a velocidade do vento no alvo. Sobre busca, aquisição e transferência de objetivos, as capacidades proporcionadas pelos equipamentos de cada uma das versões comparadas são muito distintas.
O Leopard 1 A5 utiliza ainda a ultrapassada luneta TRP, que é manual, tanto o giro quanto o mecanismo para acoplamento ao canhão, e não pode ser utilizada com o CC em movimento, sob pena de queimá-la. A transferência de objetivos é realizada manualmente.
O 2 A4 utiliza o periscópio Peri R-17, com estabilização independente do EMES, o que permite ao comandante realizar buscas mais precisas. Bem mais moderno, possui o Integrador, que permite acelerar o giro do periscópio ou ainda imprimir uma velocidade de giro constante e automática. A transferência de objetivos é realizada com um simples apertar de botão.
Em relação ao poder de fogo, o Leopard 2 A4 tem a capacidade de disparar a distâncias mais longas e com maior poder de penetração, mas o 1 A5 é mais preciso e tem uma melhor cadência de tiro, mesmo com a necessidade de descartar os estojos deflagrados. O sistema de controle de fogo de ambas as versões não apresenta diferenças significativas ou que possam influenciar no tempo de engajamento, mas a capacidade de busca, aquisição e transferência de objetivos é muito maior no 2 A4.
COMUNICAÇÕES
Ter comunicações amplas e flexíveis é outra característica necessária à tropa blindada. O Leopard 1 A5 possui equipamento rádio israelense com sinal criptografado, já o 2 A4, além do sinal criptografado, possui rádio israelense com salto de frequência, sinal GPS e com um Sistema de Gerenciamento do Campo de Batalha, que permite ao Cmt SU verificar a posição de suas VBC, as medidas de coordenação e controle da manobra e as atualizações em tempo real a respeito de qualquer fator que influencie no combate. Neste aspecto, outra vantagem para a versão da família 2.
CONCLUSÃO
Da análise dos aspectos comparados entre as VBC CC Leopard 1 A5 e 2 A4, pode-se concluir que:
A versão 2 possui maior proteção blindada.
A mobilidade de ambas as versões é muito boa. O 2 A4 tem melhor relação peso/potência e pressão sobre o solo. O 1A5 tem melhor trafegabilidade, principalmente considerando as estradas não pavimentadas e pontes.
Apesar do 1 A5 ser mais preciso e ter uma melhor cadência de tiro, o poder de fogo do 2 A4 é maior por causa de seu calibre, que lhe permite disparar a distâncias mais longas com maior poder de penetração e de sua grande capacidade de busca, aquisição e transferência de objetivos.
O Leopard 2 A4 possui equipamentos de comunicações com uma maior capacidade.
Levando em consideração nossas hipóteses de emprego, o teatro de operações onde se desenvolveriam os combates e nossas possíveis ameaças acredita-se que o conflito se caracterizaria por combates a curtas distâncias e contra um inimigo com menor poder relativo de combate.
Dadas a estas características, o Leopard 1 A5, ainda que inferior ao 2 A4, teria suficiente mobilidade e proteção blindada.
Mas é conveniente ressaltar que em combates a curtas distâncias os fatores preponderantes para o êxito na missão são a necessidade de aquisição rápida de objetivos e a capacidade em estabelecer e monitorar setores de observação e, portanto, o Leopard 1 A5, no aspecto poder de fogo, teria uma enorme desvantagem em relação ao 2 A4, mesmo sendo mais preciso e com melhor cadência de tiro.
Finalizando, os dois carros de combate pertencem à mesma família e são dotados de um sistema de controle de fogo muito similar, por isso nossas tripulações estariam em condições de serem rapidamente adaptadas a operar a VBC Leopard 2 A4, caso haja futuras aquisições.
Fonte: Revista Ação de Choque / N°09
CI Bld - Centro de Instrução de Blindados “General Walter Pires” - Santa Maria/RS
DANIEL BERNARDI ANNES – Cap.
Oficial de Cavalaria da turma de 1999
O NOVO 5º RCC
Organograma:
Cmt----SCmt----Estado Maior:
----1° Esquadrão
----2° Esquadrão
----3° Esquadrão
----4° Esquadrão
----Esquadrão de Comando e Apoio
---- NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva)
No ano de 2014 foram incorporados 170 novos recrutas. Sendo 47 de Rio Negro, 57 de Mafra e 13 de São Bento do Sul, após anos sem terem sido convocados jovens de Rio Negrinho e São Bento do Sul. Na Seleção Geral de 2014, para incorporação em 2015, foram inspecionados de São Bento do Sul, 664 jovens, de Rio Negrinho, 341, de Mafra 445 e de Rio Negro 272, num total de 1.722 que passaram pela seleção inicial.
NOVO QUARTEL
Com recursos através do Ministério do Exército, estão sendo investidos até agosto deste ano R$ 50 milhões, para construção do novo Quartel com uma área útil de 630.000 m2.
VIATURAS
A frota total do Regimento está composta por 141 viaturas, entre elas 54 carros de Combate Leopard 1 A 5BR e 21 novos caminhões 05 Ton, recém chegados. O 5º RCC constitui-se hoje, numa das maiores forças armadas terrestres da América Latina.
OPERAÇÕES DE 2014
Neste ano o 5º RCC participou de atividades como:
COPA DO MUNDO
Defesa de Estruturas Estratégicas como hotéis e distribuidoras de energia elétrica.
ENCHENTES 2014
Apoio à Defesa Civil e assistência em torno de 800 famílias.
EXERCÍCIO DE SIMULAÇÃO INTEGRADA
Operação FT Ary Rauen.
TROCA DE COMANDO
Como norma, a cada dois anos ocorre a troca de comando. Está prevista para 24 de janeiro de 2015, a transferência do atual comandante Tenente Coronel Sérgio Manoel Martins Pereira Junior para Brasília e assumirá o Tenente Coronel Anselmo Rangel dos Anjos, procedente do Rio de Janeiro.