Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 29º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus, mostra que a palavra mais importante, deste texto, é a sábia, paradoxal e conhecida resposta de Jesus aos seguidores dos fariseus e seus cúmplices, os herodianos: “Daí, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. A pergunta preparada pelos fariseus era uma armadilha. Qualquer resposta ‘simplista’ que Jesus tivesse dado, cairia na arapuca armada por seus adversários. Se dissesse que se devia pagar o imposto aos opressores romanos, colocaria o povo contra si; se dissesse que não, estaria contestando a autoridade dos ocupantes romanos. A resposta de Jesus não evita a pergunta. Como aquele cardeal que tinha que responder umas dez perguntas em uma hora e meia, e gastou mais de uma hora para responder a menos comprometedora de todas e não sobrou tempo para responder as demais! O que Jesus sabiamente faz é colocar o problema num outro nível, pondo a pergunta fundamental: o que significa dar a César o que é seu, e dar a Deus o que é de Deus? Qual a relação entre o poder do Filho do Homem com o poder dos poderosos do mundo? O que cabe a César, se tudo é de Deus? Duas coisas precisam ser levadas em conta se quisermos entender a resposta de Jesus. A primeira é que Deus não dispensa o ser humano das suas responsabilidades; a segunda é que o seu poder não compete com o nosso, pois é dom, amor e serviço e não apropriação, violência e dominação! A relação entre a autoridade de Deus e a do poder terreno é um campo minado. Está a ilustrar a relação difícil entre os profetas e as instituições. A desconfiança entre Estado e Igreja é também uma constante; os motivos vão da perseguição por causa da fé, da justiça e da liberdade ou de objetivos menos nobres, como defender os próprios interesses, conquistar ou manter privilégios, omitir-se por comodidade ou subordinar-se um ao outro. Em todas essas situações, quem paga é o povo! O teólogo Fausti diz: “Só quem dá a Deus o que é de Deus, sabe o que deve dar a César. O que é de Deus, o fruto do qual o Pai tem fome, é a liberdade dos filhos e o amor entre os irmãos. Quem procura isso encontra resposta também para o resto”. Se usa a moeda de César, reconhece a sua autoridade e paga os impostos exigido. O cristão reconhece a autoridade civil e a respeita naquilo que esta faz de bom, organizando com justiça a liberdade e a convivência entre as pessoas. O serviço que a autoridade exerce, neste sentido, vem de Deus. O cristão nunca pode ser um aliado cego e absoluto do poder, mas só do homem, imagem de Deus. Se o poder pretender ser absoluto e contrariar a consciência, o cristão deve questioná-lo e mesmo desobedecê-lo e rejeitá-lo. O ‘dar a Deus’ é o critério para o ‘dar a César’! Em última análise, tudo é de Deus. Não no sentido de que Deus se apodera de tudo, mas no sentido de que ele doa tudo a todos. É por isso que ele é Deus, e não homem ou criatura. É possível conhecer o poder de Deus olhando para o Filho, pois este tem, em relação aos irmãos, a mesma atitude de amor e respeito que o Pai tem em relação a ele. O poder de Jesus é um poder de mansidão, de dom e serviço. Convive com o pode de posse, violência e dominação, e o vence sem eliminá-lo, como a luz vence as trevas; o dom, o roubo, o amor, o egoísmo. A história humana, antes de chegar à vitória final e definitiva sobre o mal, é marcada pela cruz do justo, mas, desde já, aliás, aqui e agora onde os irmãos vivem como o Filho, está a vida eterna, quando os filhos vivem como irmãos! Dará a Deus o que é de Deus não é senão viver a justiça, a liberdade e a fraternidade possível aqui e agora.
20/10/14 – Seg: Ef 2,1-10 – Sl 99 – Lc 12,13-21
21/10/14 – Ter: Ef 2,12-22 – Sl 84 – Lc 12,35-38
22/10/14 – Qua: Ef 3,2-12 – (Is 12) – Lc 12,39-48
23/10/14 – Qui: Ef 3,14-21 – Sl 32 – Lc 12,49-53
24/10/14 – Sex: Ef 4,1-6 – Sl 23 – Lc 12,54-59
25/10/14 – Sáb: Ef 4,7-16 – Sl 121 – Lc 13,1-9
Seja um participante fiel, na sua Igreja, ofereça o Dízimo!