São Bento - Comemorar aniversário é celebrar a vida. Neste 16 de outubro, o Hospital e Maternidade Sagrada Família completa 60 anos de fundação. A comemoração pelos anos de serviços prestados à comunidade é repleta de vitórias pela vida. Quando inaugurou em 1954, sua estrutura era composta por apenas 7 quartos, 16 leitos de internação e um médico.
Atualmente o Hospital tem em seu quadro funcional 246 funcionários. Seu corpo clínico é composto por 59 médicos especialistas nas mais diversas áreas. Ao todo são 106 leitos, com 10 no atendimento da UTI. Mensalmente são realizados aproximadamente 10 mil atendimentos na Urgência e Emergência. Por ano a média de internamento chega a 5,4 mil pacientes. Em 2013 foram realizadas 4.534 cirurgias e 1.276 partos. Foram servidas 255.129 refeições e lavados 197 mil quilos de roupas.
A modernização da estrutura e equipamentos é uma constante. Nos últimos anos foram implantados sistemas que auxiliam no melhor atendimento à população. Prescrição eletrônica, atendimento de urgência e emergência respeitando-se o Protocolo de Manchester e digitalização de prontuários são iniciativas que qualificam a instituição como referência na prestação dos serviços.
O hospital comemora seus 60 anos com visão no futuro, prevendo para breve a ampliação da estrutura, oferecendo mais serviços e disponibilizando mais acomodações na ala pediátrica e na maternidade.
Evolução conversou com a diretora administrativa Zélia Zeitamer, há 24 anos atuando na área da saúde junto ao Sagrada Família, que considera quase que um sacerdócio, uma vez que é preciso gostar muito do que faz, diferentemente de outras profissões. Aqui não se trabalha apenas pelo salário, tem que gostar do que faz e exige muitas renúncias e dedicação, afirma. “Todo projeto de vida tem história, além da dedicação tem muitos acontecimentos que marcaram muito, acho que a cidade apesar de nossas restrições está bem servida, melhoramos muito e ainda temos muito o que melhorar”. O Sagrada Família é administrado pelas Irmãs da Divina Providência e tem hoje como diretora a irmã Nelsa Hachtbacher. O Hospital cresceu nestes sessenta anos mas as ampliações foram sendo feitas conforme a demanda exigia, não houve um planejamento propriamente dito fomos sendo empurrados pelas necessidades. Isto causou a perda de vários espaços e hoje somos reféns de uma Legislação que atrapalha. Só por estarmos a menos de 50 metros de uma propriedade tombada pelo Patrimônio Histórico, não podemos em uma determinada ala fazer mais nenhuma construção. Então muito se fala em um novo Hospital com nova localização que até seria ótimo. Mas o que fazer com este e com que recursos construir um novo que deverá consumir de R$ 35 a R$ 40 milhões. Nossa maior necessidade é adequar o espaço da maternidade e que não é possível. Só para ilustrar vamos voltar a maternidade trinta anos passados. Nós tínhamos um quarto de maternidade e um berçário em que o bebe ficava separado da mãe. No outro quarto duas camas e dois criados mudos. Aí surgiu a lei de alojamento conjunto. Então passou a ser o mesmo quarto com mais dois berços. Depois veio a lei do acompanhante, e o mesmo quarto ganhou mais duas poltronas. Hoje para você atender a demanda precisa um setor novo. A pediatria está na mesma situação, explicou Zélia.
Novo projeto
Vários estudos foram feitos, inclusive com a idéia de mudar o Hospital de local, mas com que recursos, pondera Zélia? Nós começamos aqui com, uma clínica, foi crescendo como já disse empurrado pelas necessidades;Ficamos com muitos espaço perdidos. A solução que se chegou é a da construção de uma torre de até seis andares e isto solucionaria a demanda por muitos anos futuros. O que já temos cadastrado junto ao Governo do Estado é o projeto da pediatria, mas que esbarra justamente na legislação. Estamos pleiteando uma verba estadual em torno de R$ 1.800 milhão. Seria a construção de uma pediatria nova.
Situação econômica financeira
Sobre esta situação Zélia ressalta que o ponto alto da gestão da irmã Nelsa, é justamente de ter os pés no chão e fazer o que é possível. Ela cita o caso dos equipamentos da UTI, que sempre está necessitando de reparos e até de troca de equipamentos devido ao uso continuo. Temos uma grande preocupação com o capital de giro, pois se falarmos em SUS todo mundo sabe da defasagem dos recursos que gira em torno de 40% no que é gasto. Também podemos considerar o Hospital como uma empresa, mas a sua administração é um pouco diferente. Trabalhamos 24 horas por dias, trezentos e sessenta e cinco dias, e não podemos escolher para trabalhar só com procedimentos que dão lucro, pois além do caracter filantrópico, quem ficaria sem atendimento seria a população. Vamos dar um exemplo: um procedimento que o SUS paga R$ 300,00 pode ter um custo para o Hospital em torno de R$2.000,00, e de onde tirar esta diferença. Cortando investimentos e deixando de fazer outras coisas. Existem hospitais públicos cujo déficit é maior do que a nossa receita anual. Mas, eles são socorridos com dinheiro público. Ainda mais que nosso atendimento em termos de SUS é em torno de 75%. Então vamos nos virando como dá. É uma luta diária de 60 anos. Aqui atendemos cerca de 330 pessoas por dia mas não se vê macas nos corredores. E ninguém sai sem atendimento. Estamos no aguardo de algumas verbas parlamentares e que de preferência não sejam carimbadas para que possamos ter mobilidade para comprar enxovais, e outros para os quais não existem recursos, ou seja, poder utilizá-los no custeio.
Hemodiálise
Devido ao impasse com a RIM & Vida que ainda está em demanda judicial, a mesma continua atendendo seus pacientes em espaço do Hospital e os demais são atendidos pela Fundação Pró-Rim de Santa Catarina que é a nova contratada.
Quimioterapia
Zélia explicou que acompanha todo o processo e que a ideia inicial era apenas uma extensão do serviço de Jaraguá do Sul, com o Sagrada Família participando apenas como suporte para o atendimento quando necessário como apoio em alguma intercorrência. Como esta forma não foi aprovada, surgiu então a idéia de a mesma ser instalada no Hospital que cederia o espaço físico e não se trataria mais apenas de Quimioterapia, mas uma UNACOM, onde o Hospital passaria a ser referência e oferecer outros procedimentos inclusive cirurgias.Como as regras foram mudadas no meio do jogo foi que o Hospital entrou nesta história. Não escondemos de ninguém que é uma instalação provisória para qual ainda faltam alguns detalhes para depois chamarmos a Vigilância Sanitária para vistoria, para aí pedirmos o credenciamento, para depois pedir o credenciamento definitivo do Ministério da Saúde, desta vez como alta complexidade. O processo terá que seguir tudo dentro da legislação e quanto tempo irá demorar não sabemos nem podemos fazer previsão. A própria irmã Nelsa nunca quis atropelar o processo para que siga e seja feito dentro das normas legais exigidas. Não adianta abrirmos um serviço e acabar inviabilizando o que já existe.
Casa de apoio
Sobre este assunto Zélia disse que nada foi tratado nem com ninguém sobre esta necessidade. Claro que os nossos pacientes terão um tratamento melhorado, pois não precisarão mais se deslocar para Jaraguá do Sul, mas os das outras cidades que inclusive aqui serão agregados, continuarão a precisar deste apoio. A maioria é gente pobre, sem recursos e que precisa de uma café, de um local para ficar esperando até o retorno, de alimentação, além do desconforto causado pelo medicamento recebido. Ainda não pensamos como isto será resolvido. Se eu disser para o senhor que hoje nós temos espaço para isto, estarei mentindo, afirmou Zélia. Tanto é que o espaço destinado para a Quimioterapia já é um improviso e tivemos que sacrificar outras alas e espaços.
Conclusão
Zélia consultada sobre qual presente gostaria de receber pelo 60 anos do Hospital, foi direta e objetiva: Que os nossos custos fossem cobertos 100% pelo SUS. Que fossemos considerados uma empresa onde quem compra, pague pelos serviços prestados e esse pagador fosse o Estado, uma vez que a população já paga impostos e a saúde é dever do Estado.