31/08/14 Dom: Jr 20,7-9 – Sl 62 – Rm 12,1-2 – Mt 16,21-27

Neste 22º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus, mostra que Pedro confessara a messianidade de Jesus. Qual era a concepção de Messias que Pedro tinha na cabeça? A resposta está nos dois versículos iniciais deste texto. Quando Jesus que deve ir a Jerusalém, onde o espera um fim violento, e ele espera a ressurreição, Pedro começa a reprovar Jesus dizendo: “Deus não permita tal coisa Senhor! Que isto nunca te aconteça!”. A palavra de Jesus a Pedro: “Vai para trás, Satanás!” é tradicional, vá atrás de mim, embora a sua tradução e interpretação sejam discordantes. A maioria das traduções traz: “afasta-te de mim”, “arreda-te de mim”, “fique longe de mim”. O Lecionário da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, traz: “vai para longe, Satanás!”. A tradução Ecumênica da Bíblia é a primeira exceção: “Afasta-te! Para trás de mim, Satanás!” e, em nota de rodapé, diz: “Retira-te, para trás de mim. Jesus rechaça a sugestão de Pedro; por outro lado, ele ordena ao apóstolo que o siga”. Todas elas parecem sofrer do mesmo defeito: parecem mais focadas em Satanás que em Jesus: traduzem o verbo ‘hypágo’ sempre como ‘afasta-se’, quando ele tem outros sentidos, inclusive o mais simples de ‘ir’, e, no caso, o de ‘ir atrás de mim’, portanto, o de seguir! São Jerônimo já entendera isso, no século V, quando traduziu do grego para o latim: “Vade post me, satan, scandalum est muhi”, que quer dizer: “Vem atrás de mim, satanás, és um escândalo para mim”! O que quer dizer isso? É o que vamos ver. Essa aparente complicação era necessária para entendermos corretamente este trecho do Evangelho. Podem ter certeza: explico, não complico; quando complico é para explicar melhor. “Venha atrás de mim” são as palavras usadas por Jesus para o chamamento dos discípulos missionários. Jesus não está chamando Pedro embora, nem pedimos que Pedro se afaste dele, mas, pelo contrário, que se aproxime ainda mais, que venha atrás dele, opísso mou é atrás de mim, a posição do seguimento. Jesus não só está chamando Pedro de novo, mas está chamando Pedro a um novo seguimento. Uma coisa foi seguir Jesus até esta ‘virada’ de Cafarnaum; outra será segui-lo daqui para frente. Se até aqui, tivemos o Evangelho da alegria, palavra inspirada, milagres estupendos, admiração do povo, de agora em diante, teremos o Evangelho da cruz, palavra explicada só aos discípulos missionários, menos milagres, distanciamento do povo. Pedro se coloca ‘diante’ de Jesus, tentando levá-lo a fazer a sua vontade, como Satanás. Jesus não o expulsa, mas o coloca no lugar certo: ‘atrás’ dele, como discípulo missionário. Logo em seguida, Jesus dirá: “Se alguém quiser me seguir, vir atrás de mim, renegue a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. O lugar do discípulo missionário não é na frente de Jesus, pois assim, Jesus seria seguidor, nem ao lado de Jesus, pois, Jesus seria companheiro, embora tenha querido ser amigo, nem, sobretudo, no lugar de Jesus, assim, o discípulo missionário seria ídolo, mas ‘atrás’, opísso, de Jesus. “Satanás”. Essa palavra, dirigida a Pedro, sempre criou dificuldades para a sensibilidade cristã, especialmente católica, diante do inegável papel de liderança desempenhado por Pedro na Igreja primitiva. A palavra ‘satanás’, um dos títulos demonológicos, quer dizer divisor. Pedro quer dividir, afastar, Jesus de sua missão, da obra que o Pai lhe confiou, do próprio Pai. Ainda que com amor e palavras cativantes, Pedro apresenta, com a melhor das intenções, para salvar Jesus, para o bem de Jesus! As mesmas tentações de Satanás, que Jesus já encontrara no deserto e encontrará a vida toda.

01/09/14 – Seg: 1Cor  2,1-5 – Sl 119 – Lc 4,16-30

02/09/14 – Ter: 1Cor 2,10b-16 – Sl 145 – Lc 4,31-37

03/09/14 – Qua: 1Cor 3,1-9 – Sl 33 – Lc 4,38-44

04/09/14 – Qui: 1Cor 3,18-23 – Sl 24 – Lc 5,1-11

05/09/14 – Sex: 1Cor 4,1-5 – Sl 37 – Lc 5,33-39

06/09/14 – Sáb: 1Cor 4,6-15 – Sl 145 – Lc 6,1-5

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