A vida na cooperativa não é fácil, além das dificuldades financeiras faltam as mínimas estruturas para poder trabalhar
São Bento - Hoje a Cooperativa de Catadores de São Bento do Sul tem uma dívida com a Receita Federal na ordem de R$ 20 mil. E no intuito de buscar ajuda a presidente da cooperativa Sandra Alves de Lima Carvalho Machado esteve nesta segunda-feira na Câmara de Vereadores, onde participou da Tribuna Popular Livre.
Segundo a presidente da entidade os cooperados passam por dificuldades diariamente. “Trabalhamos das 8:00 às 17:00 e ganhamos R$ 400”, disse. Segundo ela além do baixo rendimento os cooperados ainda pagam 15% para manter as contas da cooperativa e também cada um paga seu INSS. “Já bati na porta de muitos prefeitos, mas se continuar desta forma a cooperativa vai fechar as portas”, falou.
Segundo a presidente da cooperativa existem projetos das esferas federais, mas devido às restrições na Receita Federal a instituição não pode se cadastrar. “Não temos como fazer milagre, temos que tirar do bolso dinheiro para abastecer o caminhão”, disse ela falando da dificuldade que encontra no dia a dia ao sair em busca dos materiais reciclados.
Um dos motivos para que a cooperativa acabe tendo dificuldade é devido ao número crescente de carrinheiros na cidade. “Tem dias que iam 4 a 5 caminhões de material para reciclagem, hoje não mais. Os carrinheiros passam nos locais, catam o papelão e as latinhas e sobram para nós somente o lixo para separar”, falou. Questões burocráticas acabam também interferindo no trabalho dos catadores. “A cooperativa precisa de licença para trabalhar” disse. Segundo a presidente existem outros galpões na cidade que trabalham ilegalmente e ninguém toma atitude.
Vida difícil
“Vocês imaginam o que é fazer as refeições em meio ao lixo?” questionou Sandra, falando que o galpão é pequeno, mas devido as restrições não consegue buscar projetos para a construção de um novo espaço. Segundo a presidente em muitos momentos ela já pensou em abandonar a cooperativa, “mas eu amo o meu trabalho, o que para muitos é lixo, para nós é dinheiro”, exemplificou. Sandra ainda falou sobre o pagamento mensal feito aos trabalhadores cooperados, segundo ela, os rendimentos do mês foram cerca de R$ 300 e poucos reais “tem gente que diz pra mim, olha Sandra, eu não tenho comida”. Para preparar as refeições aos cooperados Sandra conta que vai nas associações que compram os materiais da cooperativa para retirar um vale, e com esse vale vai ao mercado comprar o alimento. “Compro o mais baratinho pra fazer o almoço todos os dias, mas ainda assim, eles comem melhor lá do que em casa”, exemplificou Sandra, dizendo que em média este custo é de R$ 60.
Ajuda
A presidente da Cooperativa pede que os vereadores, autoridades e comunidade em geral faça uma visita na cooperativa para conhecer o trabalho realizado pelos catadores. “Precisamos de ajuda, já falei pedi pro prefeito, fui em reuniões, mas para ter ideia a última reunião durou cinco minutos apenas, em cinco minutos não da para falar nada”, explicou. Sandra deixou claro que a intenção dos cooperados é que o poder público faça o pagamento desta dívida que a cooperativa tem com a Receita Federal. “Existem muitas empresas interessadas em encaminhar os seus materiais para lá, por isso digo que se quitada esta dívida com a Receita Federal o resto a gente ajeita”, finalizou.