Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 14º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus, mostra que ao duro discurso da ‘maldição’, o “ai de ti” segue o termo do discurso da ‘bênção’, melhor dizendo, da ‘bendição’ do ‘bem dizer’. Uma ‘berakah’ suave e terna típica oração hebraica geralmente iniciada pelas palavras ‘Bendito sejas tu, ó Deus’, escorre dos lábios de Jesus. Ele proclama, reconhece publicamente, o dom do Pai. Dança de alegria por aqueles que acolhem a Palavra. Estamos diante de um ponto alto do Evangelho: o Filho se alegra com a mesma alegria do Pai porque os filhos participam dos movimentos interiores de Deus. Os filhos participam do conhecimento e do amor, ou seja, da própria vida, que existe entre o Pai e o Filho. Em Deus, esse conhecimento é por natureza; em nós, que dele participamos, é por graça. O Espírito, que é amor circulante entre o Pai e o Filho, faz brotar em nosso coração e florescer em nossos lábios a mesma palavra que, desde sempre e para sempre, o Filho diz, definindo-se e definindo sua Fonte: “Abbá”! Que quer dizer pai, papai, paizinho. Assim, através do conhecimento e do amor, entramos na Trindade, da qual saímos e à qual somos chamados a voltar. Desta forma, a criação atinge a sua finalidade, que na verdade, é a sua fonte. São as núpcias entre a criatura e o Criador, o casamento anunciado no Jardim da criação e que só será consumado no Jardim da cruz. Os filhos acolhendo o irmão acolhe o Filho. Acolher Jesus é a salvação do homem, criado para ser filho, perdido se não chega a sê-lo. Na sua carne, esconde-se a Glória; acolher a sua carne é acolher a Glória; unir-se a ela é unir-se à Glória. Felizes aqueles para quem a carne do Filho do Homem não é escândalo, pedra que atrapalha a caminhada, mas acesso para a Glória. Aí daqueles para quem na carne do Filho do Homem não veem transparecer a glória, mas tão somente e simples e normal história do carpinteiro de Nazaré. Sábios e inteligentes enquadram-se na segunda hipótese. Esses procuram um Deus sábio e prudente. Mas não conseguem admirar-se nem com o poder nem com a sabedoria de Jesus. Pequenos e pobres, porém, enquadram-se na primeira classe. Só esses encontram a sabedoria e o poder de Deus onde de verdade está: na incipiência, na ‘ignorância’ da lei de que os fariseus acusaram Jesus, e fragilidade de Jesus. E só eles têm, graça sobre graça, o poder de se tornar filhos de Deus. A humanidade de Jesus é a porta e o lugar da comunicação entre Deus e nós, entre o Pai e os filhos. A humanidade de Jesus é a escada de Jacó, que une o céu e a terra. A missão de Jesus atinge, assim, o seu objetivo: compartilhar com os irmãos a vida íntima do Filho e, através dele, o seio do Pai. Essa é a nossa salvação, o fim para o qual fomos criados: tornamo-nos filho no Filho, participando do seu mesmo conhecimento e amor! É por isso que, após o ‘hino de júbilo’, Jesus nos convida ao ‘banquete da Sabedoria’. O verdadeiro alimento é conhecer a Deus como Pai e nos reconhecer como filhos. Esse é o dom do Espírito, que nos comunica uma vida filial e fraterna, raiz da nova lei, a lei da liberdade do Filho. A perícope precedente remete à proposta de Deus: o dom da Sua vida no Filho; a que vem imediatamente depois mostra a nossa resposta: a responsabilidade de viver como filhos e irmãos. É a lógica que esta por baixo, no fundamento, da vida moral. Primeiro, considera-se o que somos; depois, o que devemos ser e fazer. Os escolásticos, corretamente, diziam: o agir segue o ser. Os bons moralistas dizem: o dever segue o ser. A Bíblia não diz, mas a lógica é a mesma: “Seja aquilo que és”!
07/07/14 – Seg: Os 2,16.17b-18.21-22 – Sl 144 – Mt 9,18-26
08/07/14 – Ter: Os 8,4-7.11-13 – Sl 113 – Mt 9,32-38
09/07/14 – Qua: Os 10,1-3.7-8.12 – Sl 104 – Mt 10,1-7
10/07/14 – Qui: Os 11,1-4.8c-9 – Sl 79 – Mt 10,7-15
11/07/14 – Sex: Os 14,2-10 – Sl 50 – Mt 10,16-23
12/07/14 – Sáb: Is 6,1-8 – Sl 92 – M0 10,24-33
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