Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 12º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus, diz que a missão, que visa o seguimento, cruza, mais cedo ou mais tarde, com a perseguição. A palavra de Jesus é clara: “Eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos”. O discípulo missionário, que nem sempre é totalmente ovelha, que, muitas vezes, ainda tem umas garras de lobos, é associado ao destino do Cordeiro, que o lobo ataca e mata. A agressividade do mal que domina o mundo se descarrega sobre ele, que, com Jesus, carrega o pecado do mundo. É a lei fundamental da história que o ser humano constrói: o mal é carregado por quem não o faz; quem não faz o mal, levando-o sem devolvê-lo, o vence. No livro de Isaías, temos a misteriosa figura do Justo, do Servo de Deus, que nos salva do mal, não o fazendo, mas o assumindo: ele carrega os nossos sofrimentos; cumpre, assim, a vontade de Deus, que é a salvação dos pecadores; por suas chagas somos curados. O Cordeiro imolado é o único em condições de abrir os sete selos do rolo escrito por dentro e por fora. A cruz, na verdade, é a chave que dá acesso ao mistério de Deus e ao mistério do mundo, como explica o misterioso Peregrino aos dois de Emaús. Só o Cordeiro imolado decifra o enigma da história: o mal perde vencendo, enquanto o bem ganha perdendo! Não é à toa que, segundo Paulo, a sabedoria está sintonizada na ‘palavra da cruz’. Paulo, de fato, não pretende saber outra coisa senão Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado. Em Jesus crucificado podemos ver a realidade do nosso mal e a verdade do amor de Deus, que carrega sobre si o nosso mal. A cruz não é sinal de um Deus vingador nem fetiche de um Deus mágico, mas a Glória, Glória do Filho único do Pai, que é amor, que entra nesse mundo e nos salva. O mistério do Mestre prossegue no mistério do discípulo missionário. Por medo de sofrer e de morrer, encapsulamo-nos em nós mesmo e nos defendemos, atacando e agredindo. O problema não é sofrer e morrer, essa pode ser a solução; o problema é fazer sofrer e morrer, esse é o mal, isso é o que faz mal. O mal que alguém faz provoca, numa reação em cadeia, o mal que está no outro, que vai em frente até encontrar pela frente um ‘mais forte’, quer dizer, uma pessoa boa capaz de devolver mal com bem. Nessa luta, que é a vida, não há muita escolha: ou nos sacrificamos ou sacrificamos o outro. A primeira atitude é divina; a segunda é desumana, pois não nos humaniza nem humaniza ninguém. As dificuldades, as reações contra o Evangelho, as perseguições não nos devem assustar. É o preço que se paga pela vitória do bem. É sinal de destruição do mal. É necessário que o mal apareça, para ser vencido pelo bem. Diante das dificuldades e mesmo perseguições, porém, o discípulo missionário não deve ter medo. Jesus repete três vezes: “Não tenhais medo!”. Nossa atitude, ao contrário, deve ser a mesma de Jesus, que venceu o medo pela confiança irrestrita no Pai e por sua entrega total à missão que recebera do Pai. A lembrança da execução de Jesus estava ainda muito fresca. Pelas comunidades cristãs circulavam diversas versões da Paixão. Todos sabiam que era perigoso seguir alguém que tinha terminado tão mal. Recordava-se uma frase de Jesus: “O discípulo missionário não está acima do Mestre”. Se a ele chamaram de Belzebu, o que não dirão de seus discípulos missionários? Jesus não queria que seus discípulos missionários alimentassem falsas ilusões. Ninguém pode pretender segui-lo de verdade sem compartilhar, de alguma maneira, sua sorte. Em algum momento, alguém o rejeitará, maltratará, insultará ou condenar?! A resposta sai do mais profundo de Jesus: “Não tenhais medo!”.
23/06/14 – Seg: 2Rs 17,5-8.13-15a.18 – Sl 59 – Mt 7,1-5
24/06/14 – Ter: Is 49,1-6 – Sl 138 – At 13,22-26 – Lc 1,57-66.80
25/06/14 – Qua: 2Rs 22,8-13; 23,1-3 – Sl 118 – Mt 7,15-20
26/06/14 – Qui: 2Rs 24,8-17 – Sl 78 – Mt 7,21-29
27/06/14 – Sex: Dt 7,6-11 – Sl 102 – 1Jo 4,7-16 – Mt 11,25-30
28/06/14 – Sáb: Is 61,9-11 – (1Sm 2) – Lc 2,41-51
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