Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 6º Domingo do Tempo da Páscoa, o Evangelho de João, é uma última retomada dos vários temas do Evangelho. É a conclusão do ‘Testamento’ de Jesus. Declara os bens e os destinatários desses bens. A sensação de quem percorreu o Evangelho até aqui é a de encontrar-se contemplando um diamante, de dentro para fora, grande como o universo, aliás, infinito como o próprio Deus. O tema do capítulo, com efeito, é nada menos que a Glória: do Pai, do Filho, dos filhos e filhas. A profundidade é tanta, a imensidão tão vasta, que todo comentário mostra-se supérfluo, quando não prejudicial. Existem três coisas inúteis e pouco inteligentes: parafrasear uma poesia, explicar uma piada e comentar essas palavras de Jesus. Fazê-lo seria até profamá-las. Por isso, vamos apenas fincar algumas setas na direção do tesouro. Primeira: O capítulo 17, como o Prólogo, página inicial, revela o mistério profundo da relação de Jesus com Deus e com o mundo. Com a diferença que, agora, depois de ter lido a maior parte do livro, estamos em condições de escrever. É como uma janela, que o Evangelho abre sobre a realidade mais íntima de Jesus, Filho de Deus e irmão de todo homem. Segunda: Trata-se de um testamento. A herança que o Filho nos deixa é a sua relação com o Pai. As palavras de Jesus, aqui, é uma oração. É um diálogo entre o Filho e o Pai. Melhor: um diálogo entre o Tu do Pai e o Eu do Filho. Antes do Eu, há sempre um Tu. É esse Tu, o Pai, no caso, que define a identidade do Eu, Jesus o Filho. Terceira: Pode-se dizer muita coisa de Jesus. Pode-se atribuir-lhe uma série de títulos. Os Evangelhos fazem isso. Profeta. Messias. Cristo. Filho de Davi. Rei. Servo. Senhor. Deus. Filho do Homem. Et coetera! Esses títulos dizem algo, mas não dizem tudo, porque não dizem o mais essencial e específico. Jesus é o Filho amado que ama com o mesmo amor o Pai e os irmãos. O seu olhar, coração, alma, espírito, abraça, a um só tempo, o céu e a terra, o Pai e todos e todos os seus filhos. Isso fica patente na oração. A oração de Jesus tem sempre três polos, ‘Tu’, o Pai, ‘Eu’, Jesus e ‘eles’, os irmãos e irmãs, cujo destino é tornar-se ‘um’. Quarta: Aquilo que a oração pede é dado na própria oração. Jesus pede a glorificação. Pois bem, a glorificação é dada agora, enquanto ele está em diálogo com o Pai. Também a nossa glorificação não acontecerá só depois da morte, num futuro totalmente indisponível. Acontece agora, no presente, no tempo já disponível. Aquele que adere a ele e ora nele participa, pelo Espírito da glória que ele tem junto do Pai. “Amados, desde agora já somos filhos de Deus, embora ainda não tenha se tornado claro o que vamos ser”! Quinta: Essa oração, desde a Antiguidade, recebeu o nome de ‘Oração Sacerdotal’. O sacerdócio aqui, porém, é muito diferente. Os sacrifícios sacerdotais dão lugar à vida oferecida do cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A vida entregue de Jesus é tudo o que Deus espera. O sacrifício de amor é tudo o que o ser humano precisa oferecer, simplesmente para ser humano. Sexta: A ‘Oração Sacerdotal’ é a versão joanina do Pais-nosso. É uma oração de louvor ao Pai, constituída de vários pedidos, cujo conteúdo, com outras expressões, aparece nos outros Evangelhos e demais textos do Novo Testamento. Sétima: na ‘Oração Sacerdotal’, Jesus dá a chave para entrarmos no mistério da sua Paixão, antecipando já seus frutos. Os acontecimentos da Paixão, inflingidos por seus irmãos e irmãs, brotam do seu amor pelo Pai e por nós. No sentido que o Filho trabalhe com uma imagem sádica ou vingativa do Pai.
26/05/14 – Seg: At 16,11-15 – Sl 149 – Jo 15,26-16,4a
27/05/14 – Ter: At 16,22-34 – Sl 137 – Jo 16,5-11
28/05/14 – Qua: At 17,15.22-18,1 – Sl 148 – Jo 16,12-15
29/05/14 – Qui: At 18,1-8 – Sl 97 – Jo 16,16-20
30/05/14 – Sex: At 18,9-18 – Sl 46 – Jo 16,20-23a
31/05/14 – Sáb: Sf 3,14-18 ou Rm 12,9-16b – (Is 12) – Lc 1,39-56
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