Rainer Mafra, nasceu em São Bento do Sul, em 15 de dezembro de 1981, filho de Antonio Dias Mafra e Liane Malewschik Mafra. Graduou-se em Composição e Regência na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Trabalhou por dez anos como professor de violão na Escola de Musica Donaldo Ritzmann em São Bento do Sul. Participou por longos anos do Grupo Coral e Musical Edelweiss, para o qual continua fazendo os arranjos. Em 1999 morou um ano em Nürnberg na Alemanha onde se aprofundou nos estudos da língua alemã.
Em 2010 mudou-se para a Alemanha morando com sua esposa Merielli na cidade de Frankfurt. Trabalha como professor de violão em uma escola de música e também dá aula particular. Se tornou fã do compositor alemão Peter Finger, de quem já executava várias músicas quando morava no Brasil. Foi executando uma dessas músicas que conquistou a admiração de Peter Finger. Iniciou-se aí uma amizade que está abrindo as portas do mundo artístico alemão. Foi por incentivo desse compositor que o Rainer lançou no final do ano de 2013 um livro com técnicas para violão. O livro chamado de Projekt Akustikgitarre é acompanhado de um DVD para que o aluno possa visualizar e acompanhar as técnicas descritas no livro. Em maio foi publicado o segundo volume pela mesma empresa a FingerPrint. As obras estão à disposição do público para aquisição na Internet. Através da editora alemã, Rainer pode conhecer compositores brasileiros como João Bosco, Guinga e o compositor alemão Ian Melrose.
Abaixo segue entrevista dada a revista Acontece.
ACONTECE - Porquê você foi para a Alemanha e o que faz aí?
RAINER MAFRA - Me mudei em março de 2010 buscando maiores oportunidade profissionais e de estudo. Desde 2010 trabalho danto aulas particulares de violão atendendo Frankfurt e algumas cidades vizinhas. Também estou escrevendo um livro com técnicas para o violão do básico ao avançado, que poderá ser lançado ainda este ano pela editoral “Acoustic Music” (www. acoustic-music.de). Logo que cheguei aqui tive a oportunidade de conhecer pessoalmente meu grande ídolo Peter Finger, violonista alemão dono de um estilo único de tocar que utiliza violões com cordas de aço. Uma afinação própria e usando dedeiras de metal na ponta dos dedos. Eu já havia composto em sua homenagem a música Fingers, que também utiliza sua técnica e afinação, lançada no ano de 2008 no CD “Acústico 89” da rádio 89 FM. Participei de alguns workshops com ele e desde então venho pesquisando uma nova maneira de tocar, mesclando sua técnica com a música brasileira. Escrevi vários arranjos de Música Brasileira para serem tocados nesse estilo de violão e agora estou “lapidando” esse repertório para começar a dar concertos novamente.
ACONTECE - A sua família é de origem alemã? Se sim, qual a sensação de voltar ao país de origem?
RAINER MAFRA - O fato de eu vir de uma família de cultura alemã contribuiu na escolha pela Alemanha, pois desde pequeno sempre quis aprender a língua que minha avó falava. Em 1999 morei por um ano na cidade de Nürnberg e desde então quis voltar à Alemanha para morar definitivamente.
ACONTECE - Qual a principal diferença que você sente, profissionalmente, entre o Brasil e a Alemanha?
RAINER MAFRA - A principal diferença que senti vivendo e trabalhando com música nos dois países foi na atitude das pessoas com relação ao seu trabalho. Aqui as pessoas têm noção de que viver tem um custo alto e por isso se você é um profissional, elas pagam pelos teus serviços simplesmente sem questionar. No Brasil as pessoas ainda acham, não sei por quê, que o artista tem que trabalhar de graça, que ele não tem contas para pagar no final do mês. Com relação a aulas de violão também é muito difícil cobrar um valor justo, pois se cobrar o que deveria os alunos não aparecem.
ACONTECE - E no acesso à cultura, de maneira geral, como é na Alemanha?
RAINER MAFRA - Aqui o acesso à cultura de uma forma geral é muito grande. Além dos incontáveis museus, em todos os lugares da Alemanha sempre há muitos eventos culturais. Música é ensinada nas escolas, e percebo em minhas aulas que isso ajuda muito os alunos quando vão aprender um instrumento. Creio também que é um senso comum dos pais incentivar seus filhos à cultura.
ACONTECE - Aí da Alemanha, você segue fazendo os arranjos para o Coral Edelweiss. Há outros trabalhos que ainda são feitos para São Bento?
RAINER MAFRA - Sim, eu continuo escrevendo arranjos para o Edelweiss, já perdi as contas, mas com certeza já escrevi mais de vinte arranjos desde que vim para cá, e ainda tenho outras encomendas. Faço com gosto, pois tenho um grande carinho por esse grupo do qual participei desde meus 12 anos de idade. No ano de 2012, em rápida visita ao Brasil, participei do lançamento em Florianópolis, do CD do são-bentense, meu grande parceiro e amigo, Eduardo Hänsch. Mas fora isso não mantenho outra atividade ligada ao Braisl.
ACONTECE - Por fim, há previsão de voltar para cá?
RAINER MAFRA - Minha mãe não vai gostar dessa resposta, mas no momento não tenho nenhum incentivo a querer voltar! Vim para cá porque nos mais de dez anos que trabalhei no Brasil não consegui ver boas perspectivas de futuro. Quando me formei em 2006, a escolha que eu trabalhava sequer tinha plano de carreira e por isso continuei ganhando a mesma coisa até 2010. O salário era baixo, impossível para me tornar independente e poder deixar de morar na casa dos meus pais. Também não via muitas oportunidades para trabalhar com música em outras áreas. Como já estava quase completando 30 anos de idade, resolvi dar esse grande passo encarando o desafio de morar num outro país. Hoje, em pouco mais de três anos, tenho uma vida muito bem estabelecida e em ascensão. Meu trabalho como professor garante com dignidade o meu sustento e o da minha esposa, que por estar cursando a universidade ainda não pode trabalhar. Esse ano algumas portas começaram a se abrir para mim, agora só me cabe correr atrás dessas oportunidades e deixar tudo acontecer!