23/03/14 Dom: Ex 17,1-7 – Sl 94 – Rm 5,1-2.5-8 – Jo 4,5-42

Neste 3º Domingo do Tempo da Quaresma, o Evangelho de João, diz que Jesus quer revelar à Samaritana o dom de Deus: “Se conhecesses o dom de Deus!”. Ele pede a ela “dá-me de beber” para que ela possa lhe pedir “dá-me esta água”. É a água viva: o amor do Pai e do Filho, que Jesus tem sede de dar a cada irmão. Depois de ter encontrado de noite com Nicodemos, o homem da Lei, Jesus se encontra, em pleno dia, com a Samaritana. Se este encontro está documentado no Evangelho, é porque ele quer se encontrar com cada um de nós; a Samaritana, com efeito, representa todos os homens, todas as mulheres, pois todos tem ‘sede’ e Jesus é a ‘água’ que sacia a sede. Jesus traz à tona nossos desejos mais profundos para poder oferecer-nos água mais profunda. Qual é a sede do homem, se não a felicidade e a plenitude do ser com Aquele do qual é a cara-metade? Há água e água; há vida e vida. Há uma água parada, morta, e uma água movida pelo sopro do amor, que jorra para a vida eterna. O Evangelho de João, depois de falar da água do batismo de João Batista e do batismo de Jesus Cristo, no Espírito, da água da purificações e do vinho bom, do nascimento da água e do Espírito, agora, Jesus e a mulher conversam sobre sede e água. Na sequencia em Jo 5, conta-se a cura de um dos que esperam o movimento da água da piscina de Betesda, tema que retornará em Jo 7, depois da multiplicação dos pães. Junto com a água, se fala de ar e de fogo, de espírito e de luz. O encontro entre Jesus e a mulher acontece na solidão. Um mestre não falava com um mulher no espaço público, o que deixa os discípulos missionários maravilhados. Ao poço se vai nas horas frescas da manhã e do por-do-sol. Porque esta mulher vai em pleno meio-dia, quando sabe que não encontrará outras mulheres?  O que ela deseja na hora do calor e da sede? A pergunta que Jesus lhe faz lhe parece estranha. Parece uma cantada, parece querer algo mais com ela. Tanto mais que, à beira do poço, Jacó cortejou Raquel e Moisés teve sede das sete filhas de Ruel, para se casar com Séfora. Jesus, porém, diferente de Jacó e Moisés, não mostra força e coragem; cansado, mostra a sua fraqueza. Também ele tem sede, como a mulher que vem buscar água. Como sabemos, o evangelista João, e aqui, mais ainda, toda palavra ou alude a outra coisa ou joga com um mal-entendido. Os mal-entendidos são fundamentais para aprofundar o conhecimento; descortinam um horizonte novo. Se a pessoa está disposta à novidade, os mal-entendidos são princípio do bom-entendimento entre as pessoas. O texto começa com um jogo de equívocos sobre a água. O mais importante é o que fala da água que sacia a sede física e da água que a mulher, mesmo tendo seis homens, ainda não encontrou. É a água da qual também Jesus tem sede: o amor entre Esposo e esposa. É por isso que, depois dos equívocos sobre a água, entra-se nos equívocos sobre os maridos e o marido, sobre os lugares e os modos de adorar a Deus, e sobre o alimento, a plantação e a colheita. ‘Água’ e ‘pão’, quer dizer amor a Deus! São os desejos fundamentais, lugar primeiro de mal-entendido e de entendimento entre as pessoas. De mal-entendido em mal-entendido, chega-se a uma compreensão maior do homem Jesus, que é reconhecido, primeiro como aquele que dá a água viva, depois como um profeta, em seguida como o Messias e o Eu-Sou e, finalmente, como o salvador do mundo. A cena é a narração de um encontro entre homem e mulher. Estão cara a cara dois desejos, cada um dos quais é sede do outro e água para o outro.

24/03/14 – Seg: 2Rs 5,1-15a – Sl 41 – Lc 4,24-30

25/03/14 – Ter: Is 7,1-14; 8-10 – Sl 39 – Hb 10,4-10 - Lc 1,26-38

26/03/14 – Qua: Dt 4,1.5-9 – Sl 147 – Mt 5,17-19

27/03/14 – Qui: Jr 7,23-28 – Sl 94 – Lc 11,14-23

28/03/14 – Sex: Os 14,2-10 – Sl 80 – Mc 12,28b-34

29/03/14 – Sáb: Os 6,1-6 – Sl 50 – Lc 18,9-14

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