Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 2º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de João, traz o testemunho de João Batista a respeito de Jesus. Enquanto o texto precedente, o famoso prólogo, é sobre a Palavra, este é sobre o testemunho, que dá voz à Palavra, pois a Palavra sem voz é muda. Se o texto anterior, tínhamos um prólogo poético, aqui, temos um prólogo narrativo. Tem a forma da processo, como todo o evangelho, com perguntas e respostas. Apresentam-se os personagens do drama: de um lado, postam-se os protagonistas da Palavra; do outro, os seus antagonistas. De um lado João e Jesus, respectivamente a testemunha da Palavra e a Palavra testemunhada; do outro, judeus, sacerdotes, levitas e fariseus. O processo que começa aqui, contra João Batista, continuará contra Jesus e, depois, contra os discípulos missionários de Jesus e no interior de cada um de nós, onde testemunha da Palavra e adversário da Palavra se dividem entre mentira e verdade, escravidão e liberdade, trevas e luz, vida e morte, e têm que escolher. A apresentação de João Batista é reduzida à sua essência: ele é a testemunha da Palavra: a espera, a intui já presente, lhe é revelada em Jesus, a reconhece e a indica aos outros. João Batista é o caminho que leva à descoberta da Palavra, o Logos que se fez carne, que vai contra o Pai aos irmãos, cumprindo as promessas de Deus e as esperanças dos homens. João Batista faz a passagem do desejo ao desejado, da esperança ao esperado. É imagem de todo ser humano capaz de reconhecer a luz de Deus que brilha e se esconde na criação. É iluminado, mas sabe que não é a luz. É o sábio que medita sobre a vida e nela capta a presença de Deus. É o profeta por excelência, o último dos profetas do Antigo Testamento: vê aquele que nasceu do Espírito e se torna sua testemunha. Em João Batista, as várias Alianças de Deus com o homem estão presentes, em continuidade e descontinuidade: a da criação e a da revelação, a da Lei e a selada na carne de Jesus. Promessa e realização são inseparáveis: a primeira desperta o desejo; a segunda o satisfaz; sem a promessa, a realização não pode ser compreendida; sem a realização, a promessa é uma ilusão priva de realidade. João Batista é o homem dos desejos, que trabalha com aquilo que ‘não é’ e que ainda deve ser. O seu ser está voltado para o outro, para Outro. Podemos dizer que é um homem ‘ex-centrico’, ou seja, com o centro fora de si. Este centro o atrai, o desequilibra e o coloca em movimento. Neste sentido, é uma miniatura de Israel, o povo da promessa: João é aquele Israel que crê naquele Deus que promete e no cumprimento da promessa. É um homem que busca. Mas não se contenta com a sua busca; encontra aquilo que busca e o comunica aos outros. na verdade, a testemunha é um homem livre, em contraposição com a mentalidade reinante ao seu redor. A testemunha é um espírito inquieto e lúcido, que garimpa a verdade. a testemunha é um discípulo missionário que, quando encontra a verdade, a vive e a proclama, emprestando sua voz à Palavra. No Antigo Testamento, a Palavra de Deus cria aquilo que anuncia, é viva e eficaz. No Novo Testamento, Jesus, diferentemente dos profetas, fala com autoridade divina: “mas eu vos digo”. Sua palavra opera milagres, perdoa pecados, transmite seu poder pessoal e perpetua a sua presença. Por isso, a Palavra sem ulteriores qualificação, acaba por designar não as palavras de Jesus, mas, em primeiro lugar, a mensagem do evangelho anunciado por Ele e por sua comunidade e, num segundo momento, ele próprio.
20/01/14 – Seg: 1Sm 15,16-23 – Sl 49 – Mc 2,18-22
21/01/14 – Ter: 1Sm 16,1-13 – Sl 88 – Mc 2,23-28
22/01/14 – Qua: 1Sm 17,32-33.37.40-51 – Sl 143 – Mc 3,1-6
23/01/14 – Qui: 1Sm 18,6-9; 19,1-7 – Sl 55 – Mc 3,7-12
24/01/14 – Sex: 1Sm 24,3-21 – Sl 56 – Mc 3,13-19
25/01/14 – Sáb: At 22,3-16 ou At 9,1-22 – Sl 116 – Mc 16,15-18
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