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Ex-presidente do TJD critica Ministério Público e PM: "Um show de desastre"

Quarta, 11 de dezembro de 2013

 

Mário Bertoncini concedeu entrevista ao DC e condenou o comportamento das autoridades de Joinville na condução do jogo que terminou em pancadaria generalizada na Arena Joinville

 
Ex-presidente do TJD critica Ministério Público e PM: "Um show de desastre" Carlos Moraes/Estadão Conteúdo
Foto: Carlos Moraes / Estadão Conteúdo

A barbárie que se passou na Arena Joinville no último domingo e chocou o país a seis meses da Copa do Mundo levará muito tempo para ser esquecida. Enquanto houver impunidade, haverá violência nos estádios. E é dever da Polícia evitar que os vândalos transformem arenas de futebol em campos de batalha. Pelo menos é que garante o auditor e ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina, Mário Cesar Bertoncini. Em entrevista ao Diário Catarinense, Bertoncini condenou o comportamento da Polícia Militar e do promotor Francisco de Paula Fernandes Neto, que orientou os PMs a não entrarem no estádio, e lamentou o trágico incidente em solo catarinense: "foi um show de desastre".

ENTREVISTA
Mário Cesar Bertoncini
Auditor e ex-presidente do TJD-SC



Diário Catarinense — Você achou uma medida irresponsável da polícia decidir não entrar no estádio em um jogo de risco?
Mário Cesar Bertoncini —
 Foi um show de desastre. O promotor (Francisco de Paula Fernandes Neto, da 17ª Promotoria do MP-SC em Joinville) e a Polícia não se ligaram que tratava de um jogo de risco. Houve uma falta de comunicação e o resultado foi o que vimos.

DC — Mas, nesse caso, o que deveria ter sido feito de diferente?
Bertoncini —
 Essa opinião de que a polícia não deve estar no estádio é só desse promotor de Joinville, todo o Ministério Público de Santa Catarina pensa o contrário.

DC — Então, na sua opinião, tanto a Polícia como o Ministério Público agiram de forma equivocada?
Bertoncini —
 O promotor errou. O Estatuto de Defesa do Torcedor diz que é obrigado ter segurança pública nos estádios. Isso é uma lei federal, não é algo inventado pela CBF ou por algum clube. Tem que haver segurança pública em um evento de futebol. Na verdade, a gente sabe que a polícia está doida para se livrar desse abacaxi, ela não tem policiais suficientes para botar na rua e precisa levar até 400 para o estádio. Mas não tem jeito, está na lei, eles são obrigados a dar segurança ao público. Inclusive, são pagos para isso. Os clubes pagam uma taxa para haver policiamento nos estádios, e não é barato.

DC — E, de alguma forma, parece que cada um tenta botar a culpa no outro. Qual é a sua opinião?
Bertoncini —
 Acho que não temos que olhar para trás, e sim para frente. Em pouco mais de um mês teremos o Campeonato Catarinense e haverá vários jogos de risco. A polícia terá que estar presente, e o Ministério Público tem o dever de cobrar a presença ao invés de fazer o contrário

DC — Além disso, que outra sugestão você daria para que cenas de violência não voltem a se repetir?
Bertoncini —
 Bom, para começar, o Atlético não deveria jogar com a presença de torcida, pois já não estavam em Curitiba porque cumpriam suspensão. Eu acho errado os clubes perderem o mando de campo e mandarem seus jogos para outros estádios, em outras cidades, com a presença de torcida. Dessa forma, não há nenhuma punição. A primeira coisa que precisa mudar é o regulamento, e os jogos com portões fechados precisam voltar. Era assim, mas os clubes conseguiram mudar.

DC — E você acha que houve negligência dos clubes, especialmente do Atlético-PR?
Bertoncini —
 Olha, o Atlético-PR vai tirar o dele da reta e dizer que tentou levar, mas o Ministério Público disse que não era para ter PMs e eles, de fato, não foram para o jogo. Na verdade, o promotor deu uma atravessada e agora não quer assumir o erro. Ele não tem nada que interferir, é uma lei federal. E aí não tem jeito: os torcedores já queriam brigar, quando viram que não tinha policiamento ficou ainda mais fácil.

 



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