Este é o sexto livro de Donald, e o primeiro de coletânea de crônicas
São Francisco/SC – Na sexta-feira, 29, às 19:00, no auditório do Museu do Mar, a Academia de Letras e Artes de São Francisco, além de receber novos membros honorários e amigos da academia, lançou cinco livros de seus integrantes: Neusa Fontes, Andrea de Oliveira e Soraia das Neves Pinheiros, Rita de Cássia Alves, Hilton Görresen e Donald Malschitzky.
“O bálsamo do labor da cigarra” é o livro de Donald Malschitzky, com 89 crônicas, divididas em seis assuntos que norteiam os escritos: Acordes, Por aí, Cada tipo, De faca na boca, Give peace a chance, Pó de estrelas e alguns rastros. Com capa de Lair Bernardoni e prefácio de Carlos Adauto Vieira, o livro passeia por temas que vão de aspectos do passado à crítica social, sem deixar de lado a poesia do dia a dia.
Prefácio a quem ainda os lê
A crônica, como gênero literário, nem sempre teve a consideração atual que a faz parte da maioria dos jornais diários, pequenos ou grandes, exigindo dos seus autores a capacidade de redução do texto a 2200 caracteres, via de regra. Ela era preterida pelos folhetins, semanais ou mensais, na sua maior frequência. O aumento do número de jornais diários obrigou a substituição dos folhetins pela crônica.
Li folhetins em jornais diários em Florianópolis, alguns escritos pelo saudoso Dr. Othon Gama D´ Eça, misto de escritor, pintor, pianista e extraordinário orador, sobre crimes inventados por ele (pela atração curiosa da massa leitora).
A crônica, via de regra, é um episódio real e/ou imaginário, versão de fato ou emoção, que exige do autor a capacidade de colocar em um texto curto causo com começo, meio e fim. Às vezes, um fim inesperado, o qual caracteriza o estilo do escritor. Ou, às vezes, sem este fim, mas um ponto final, encerrando o colóquio. A crônica é sempre coloquial. Inteligente talentosa conversa com os leitores.
Tivemos e temos grandes cronistas, a começar pelo Velho Machado de Assis, passando pelos seus contemporâneos José de Alencar, Lima Barreto, crescendo pelo João do Rio e chegando aos modernos: Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga ( O Sabiá da Crônica) com textos divertidíssimos. No Estado, temos uma plêiade de bons na crônica como J. P. Silveira de Souza (talvez o melhor texto catarinense, hoje) Flávio José Cardoso, Rubens da Cunha, Hilton Görresen( o mais autêntico herdeiro da verve francisquense) Joel Gehlen um virtuose, Júlio de Queiroz, premiadíssimo, Herculano Vicenzi que explora um filão colonial de empreendores, Carlos Adauto Virmond Vieira com a sua crônica jurídica, Marcelo Harger com as familiares, Anselmo Moraes com a sua nostalgia pelo Bucarein da infância, o filosofo Gordurinha, e o Bar do famoso Chico do Ernesto e Ana Ribas Diefenthaeler, com as suas sobre amizades; finalmente, o nosso Donald Malschtzky, autor deste exemplar com crônicas selecionadas de suas publicações por vários anos. Donald nada fica devendo aos grandes e renomados produtores deste, hoje, gênero literário, inventando saborosos e originalíssimos enredos coloquiais em dois mil e duzentos caracteres. Que nos prendem da primeira a última letra.
Confiram !
Carlos Adauto Vieira Escritor