Quando mais de 20% dos moradores de uma edificação apresentam sintomas como dores de cabeça, irritação nos olhos, dermatites, congestão nasal, rinite alérgica, asma brônquica, náuseas e secura na garganta, é provável que estes problemas não sejam dos indivíduos, mas sim dos ambientes. A organização mundial de saúde (OMS) criou este termo “Síndrome do Edifício Enfermo” (SEE) em 1983 para definir aqueles edifícios “vedados” por conta da climatização, acarpetados e com pouca manutenção. Seria possível acreditar que muita coisa mudou nestes 30 anos? Pois a OMS calcula que um quarto dos edifícios de todo o mundo tem péssima qualidade do ar.
As doenças mais comuns atacam o aparelho respiratório e a pele, geralmente alergias provocadas por fungos, ácaros e bactérias. Nos locais públicos e de trabalho, o problema é ainda maior, pois há uma grande concentração de pessoas ao mesmo tempo e no mesmo local. Um caso emblemático aconteceu na Filadélfia, Estados Unidos, em 1976, onde um grupo de 180 pessoas hospedadas em um hotel adoeceram e destas, 30 morreram por pneumonia.
As causas mais frequentes da SEE são a ventilação inadequada, contaminação interior, exterior e microbiológica. A contaminação interna ocorre através de fumaças de cigarro, escapamentos de automóveis, uso de ar-condicionado, tintas, vernizes, cola e resinas entre outros produtos emissores de compostos orgânicos voláteis (COVs). A contaminação externa ocorre quando estes contaminantes entram nos espaços e, por conta da ventilação inadequada, permanecem nestes ambientes. Já a contaminação microbiológica decorre da proliferação de fungos e bactérias que se desenvolvem em ambientes úmidos e mal ventilados, em filtros de aparelhos de ar condicionado, carpetes, entre outros elementos. Atualmente, não se pode também deixar de citar as contaminações eletromagnéticas, resultado de radiações emitidas em locais próximos de redes de alta tensão e torres de celular, ou até mesmo pelos próprios equipamentos utilizados dentro dos ambientes, os quais podem inclusive causar tumores em exposições contínuas.
E o que a arquitetura dos edifícios tem a ver com estas doenças?! Absolutamente tudo! Edificações mal projetadas geram os edifícios doentes! Tratado há mais de 30 anos na Europa e Estados Unidos, o tema no Brasil é recente e pouco comentado.
E como tratar e prevenir esta “síndrome”?! Um dos itens mais importantes é prever, já na fase de projeto, uma adequada ventilação dos ambientes, promovendo a renovação do ar interior. A incidência solar também é um importante meio para controlar a umidade dos ambientes e “exterminar” os fungos, bactérias e ácaros. A utilização de materiais de acabamento interno das paredes, pisos e mobiliários com baixa emissão de COVs também auxilia na manutenção da saúde das edificações. E ainda, plantas e vegetações podem filtrar o ar do ambiente e até absorver toxinas, como fazem a babosa e a dracena. E por último, uma das mais conhecidas recomendações: realizar a correta manutenção dos equipamentos de ar-condicionado.