O fato de um paciente ser transferido de um hospital de Joinville para outro em Mafra ou Porto União, no Norte de Santa Catarina, deve começar a ser encarado pela população como solução e não mais como problema da saúde pública.
O recado ficou claro em reunião, nesta sexta-feira, entre representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde e da central regional de regulação de leitos e procedimentos — um conceito bastante novo no País — durante reunião de avaliação do serviço na região.
A central de regulação da Norte e Nordeste de SC é a primeira do Brasil neste tipo de serviço. Ela faz a distribuição de pacientes entre hospitais visando, principalmente, fazer os serviços de urgência e emergência funcionarem em rede entre várias cidades, como prevê o SUS.
A estratégia é para que um hospital como o São José, em Joinville, não fique sobrecarregado com pacientes de toda a região, por exemplo, enquanto outro hospital em Rio Negrinho ou Canoinhas tenha leitos vagos, o que acaba gerando prejuízos a ambos e ao Sistema Único de Saúde (SUS).
— A compreensão da população é fundamental. Temos situações em que familiares reclamam porque um paciente será levado para outra cidade. Mas isto será cada vez mais uma realidade, já é comum em outros países e vai melhorar a saúde — diz o coordenador da central no Norte de SC, Jean Rodrigues da Silva.
A situação é comparada com a classificação de risco (Protocolo de Manchester), que determina o tempo de atendimento e a necessidade de transferência de pacientes entre unidades conforme a gravidade do caso. Implantada em 2010 em Joinville, ela também gerou reclamações, já que casos mais graves passavam à frente dos menos graves, mas hoje já é mais assimilada pelos pacientes, segundo gestores.
Pontos a avançar
A reunião desta sexta-feira, com a participação da apoiadora do Ministério da Saúde para a rede de urgência e emergência em SC, Ana Carolina Ferreira, serviu para aproximar gestores de hospitais da região Norte/Nordeste em busca de melhorias na formação desta rede e da regulação.
— É uma alegria para o Ministério ver como gestores e funcionários do SUS na região estão empenhados neste objetivo. Os avanços passam por estruturação de processos dos hospitais e, sem dúvida, pela melhoria da atenção básica combinada com a regulação, para que os hospitais não sejam sobrecarregados — afirmou, durante o evento.
O gerente regional de saúde, Henrique Deckmann, disse que que a central regional de regulação já trouxe melhorias como a transferência de pacientes do São José para o Hospital Bethesda.
— A central já ajudou a desafogar um pouco o São José e a ocupar melhor o Bethesda, o que contribui para a sobrevivência financeira daquele hospital. Aos poucos, vamos vendo que mais do que falta de leitos, temos que ocupar bem os leitos que já temos, o que antes da central não era possível — diz.
Para a equipe da secretária Tânia Eberhardt, presente na reunião, as dúvidas e pontos a serem ajustados só começaram a surgir porque a regulação e a rede de urgência e emergência mostram que estão funcionando na região, o que, para o Estado, são avanços.