Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste 31º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus é próprio da Celebração Litúrgica de Todos os Santos. Jesus, como um novo Moisés, sobe a montanha e sentado, como mestre, comunica a ‘Nova Lei’ aos discípulos missionários, semente do povo de Deus que ele veio renovar. Jesus declara ‘felizes’ aqueles que nós consideramos ‘infelizes’. É uma revolução total, a sua revolução, o reinado de Deus que ele anuncia aproximar-se de nós. O Sermão da Montanha estende-se por trê capítulo. É a ‘constituição’ do Reino: declara seus cidadãos, estipula sua condição, apresenta seus critérios. Silvano Fausti, jesuíta italiano, teólogo e exegeta, apresenta sete chaves de leitura para entramos na riqueza desses capítulos: 1ª. Escatólógica: desvelam a verdade última da realidade; 2ª. Teológica: mostra que Deus é seu Pai, igual e diferente dele; 3ª. Soteriológica: salvam-nos da mentira e do fracasso definitivo; 4ª. Antropológica: pintam o rosto do homem realizado, feito à imagem do Pai; 5ª. Cristológica: são uma autobiografia de Jesus, revelando sua face de Filho; 6ª. Eclesiológica: desenham as linhas da comunidade dos filhos que vivem como irmãos; 7ª. Moral: convidam-nos a ‘agir’ de acordo com o que ‘somos’, vivendo nossa identidade de filhos no Filho. Alguns estudiosos dizem que o Sermão da Montanha é uma catequese batismal, usada na iniciação cristã dos novos membros da Igreja. Na Igreja Antiga, Mateus era considerado o ‘Evangelho do Catequista’. Aqui, temos a ‘regra de vida’ dos filhos que renasceram no Filho, pela fé e pelo batismo. Não se trata de uma nova lei, mais impraticável que a antiga. Trata-se de um coração novo, aquele prometido pelos profetas. O que Jesus afirma aqui é o que ele vive em todo tempo e lugar, e comunica a todos os que se dispõem a segui-lo na condição de discípulo missionário. As palavras de Jesus não são Lei, que julga, condena e mata, mas Evangelho. Não são exigências tanto mais elevadas quanto mais impossíveis, mas o dom do seu próprio Espírito, que, transformando nosso coração, nos torna filhos. Jesus não só diz; ele faz o que diz. Ele nos dá o que nos diz. Na verdade, Mt 4,23 a Mt 9,35 forma uma grande inclusão. Isso significa que o Sermão da Montanha e a narração dos nove milagres e um exorcismo formam uma unidade. A palavra dos capítulos 5 a 7 tem o poder de renovar-nos, como mostram plasticamente os capítulos 8 e 9: purifica a nossa vida; dá-nos a fé; torna-nos capazes de servir; liberta-nos do medo; do mal; do pecado; da doença e da morte; torna-nos capazes de ver e de anunciar o Reino de Deus! Uma nova moral? Não, no sentido do moralismo, que transforma o evangelho em lei e a lei em canga. Sim, no sentido que temos, no Sermão da Montanha, um ‘indicativo’, a nova vida do reino, transformado em ‘imperativo’, a novidade de vida exigida dos discípulos missionários. O Filho que se tornou um de nós nos faz ser o que somos: filhos chamados a viver como irmãos. Este é o único dever do ser humano: tornar-se o que é. Senão, decai ao que não é. Passa a viver como os animais, leva uma vida vegetativa, ou vira pedra na vidraça dos outros! Só para os discípulos missionários? Para os discípulos missionários em primeiro lugar; mas para as multidões, quer dizer para todos, também. São para todo ser humano que procura a verdade do seu ser e a autenticidade da sua existência. O discípulo missionário não é senão a cifra do homem verdadeiro!
“Se se perdêssem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse o Sermão da montanha, nada estaria perdido” (Ghandi).
04/11/13 – Seg: Rm 11,29-36 – Sl 68 – Lc 14,12-14
05/11/13 – Ter: Rm 12,5-16a – Sl 130 – Lc 14,15-24
06/11/13 – Qua: Rm 13,8-10 – Sl 111 – Lc 14,25-33
07/11/13 – Qui: Rm 14,7-12 – Sl 26 – Lc 15,1-5
08/11/13 – Sex: Rm 15,14-21 – Sl 97 – Lc 16,1-8
09/11/13 – Sáb: Ez 47,1-2.8-9.12 – Sl 45 – Jo 2,13-22
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