No artigo anterior vimos como é importante aproveitar a água da chuva, diminuindo a demanda por água tratada. Mas como fazer este aproveitamento? O primeiro passo é a instalação de calhas, que serão utilizadas para encaminhar as águas até tubos de queda ligados a uma cisterna (no pavimento térreo) ou a um reservatório elevado, mas localizado abaixo delas.
No caso da água ser armazenada em uma cisterna no pavimento térreo, será necessária a instalação de um motor, que vai impulsioná-la até um reservatório elevado para então ser distribuída. A capacidade do reservatório deve ser dimensionada tendo como base, principalmente, a demanda de água pluvial (o quanto será necessário para satisfazer o uso pretendido), o regime pluviométrico da região (quanto e quando são as chuvas) e a confiabilidade que ser quer do sistema (garantir o abastecimento para quantos dias?).
Antes, porém, do armazenamento, a água coletada precisa ser “limpa”, o que significa a passagem por filtros, para que o material que estiver no telhado junto com a água – folhas, sujeiras e sementes – não entre no reservatório. É recomendável também que o sistema preveja o descarte da primeira água coletada, ou seja, a água que cai nos primeiros momentos da chuva. Esta água, além de “lavar” o telhado de todas as suas sujeiras, apresenta altas concentrações de poluentes tóxicos dispersos na atmosfera. Estes dispositivos de limpeza devem ser instalados em locais de fácil acesso, permitindo a realização de eventuais vistorias ou manutenções.
No caso da utilização da água pluvial para fins que exijam um contato físico entre o usuário e a água, é necessária a utilização de um sistema de desinfecção a fim de evitar possíveis infecções. Este tratamento geralmente é feito a base de cloro – e pode ser realizado a partir da instalação de uma bomba dosadora de cloro junto ao reservatório superior ou simplesmente através do uso de pastilhas de cloro, como aquelas utilizadas em piscinas. Exige-se, neste ponto, bastante cuidado do usuário para que sejam efetuadas manutenções periódicas e preventivas no sistema.
Em casos de falta de chuvas, o sistema deve prever a entrada de água no reservatório ou cisterna, para que os equipamentos funcionem sem contratempos. No caso da ocorrência de um volume de precipitação superior à capacidade de armazenamento, a água excedente deve escoar por um extravasor para a rede pública de esgoto pluvial.
A instalação do sistema pode ser feita tanto em edifícios em construções como em edifícios já existentes. Importante frisar que a norma NBR 15.527 estabelece que a água da chuva só deve ser usada em ambientes urbanos para fins não-potáveis, ou seja, não deve ser usada para beber, tomar banho, fazer lavagem e/ou cozimento de alimentos. Importante também deixar claro que a instalação do sistema vai sempre depender de variáveis locais, e cada caso deve ser analisado individualmente por um profissional habilitado.