Há anos se ouve que a água do planeta vai acabar e que a dificuldade na obtenção de água potável será um dos grandes problemas das gerações futuras. Discussões à parte sobre a veracidade desta afirmação, sabe-se que existe uma má-distribuição da água pelo planeta (locais com abundância de água utilizável versus locais áridos com pouca ou nenhuma água disponível); sabe-se que a crescente degradação dos recursos hídricos, resultado de ações indiscriminadas por parte do homem, torna grande parte da água disponível imprópria para o consumo e ainda que o inquestionável crescimento populacional do planeta aumenta a demanda por água potável.
O acesso a esta água potável é um ato rotineiro e simples para grande parte dos habitantes de qualquer país do mundo: basta abrir as torneiras e lá está ela! Tamanha simplicidade muitas vezes faz o usuário esquecer que o tratamento da água, a fim de torná-la potável, é um processo caro e que exige grande gasto de energia. Portanto, o uso de água tratada para fins não potáveis, como a lavagem do quintal ou a lavagem dos carros é uma atitude no mínimo perdulária: é um tremendo desperdício tratar uma água que não precisa de potabilidade. Isso sem nem entrar no mérito do impacto ao meio ambiente.
Nesse contexto, a possibilidade de substituição da fonte de captação de água por uma alternativa que possa satisfazer as demandas não potáveis permite que a água de melhor qualidade possa ter um uso mais necessário. E aqui entra a possibilidade do uso da água da chuva – água que temos a nossa disposição em todas as estações do ano, caindo no telhado de nossas casas.
Algumas pesquisas demonstram que os sistemas de aproveitamento de águas pluviais podem reduzir cerca de 30% do consumo de água potável. Se formos pensar apenas no uso em descargas sanitárias, uma casa com 04 moradores deve ter uma economia de cerca de 200L por dia; 6.000L por mês e 72.000L de água por ano! Se considerarmos o uso para lavagem de carros e calçadas, a economia deve chegar facilmente aos 150.000L por ano.
O aproveitamento das águas pluviais já se tornou obrigatória através de lei em algumas cidades, como Curitiba, e há uma tendência para que esta obrigatoriedade se espalhe pelo país. Essa iniciativa não apenas apresenta um resultado individual, trazendo economia a cada usuário do sistema; mas também traz uma melhoria urbana: além da diminuição do uso da água tratada, o armazenamento da água da chuva também retarda o escoamento destas águas e sua infiltração no solo, reduzindo o potencial de inundações das cidades.
As águas coletadas podem ser utilizadas em descargas sanitárias, lavadora de roupas, irrigação de jardim, lavagem de veículos, limpeza de calçadas e pátios, dentre outros usos industriais. No próximo artigo veremos quais os componentes do sistema e como tratar a água coletada para não haver o risco de infecções.