João Schorne de Amorim, Coronel Chefe do Estado Maior da Polícia Militar de Santa Catarina, acompanhado de todo seu staff, visitou na terça-feira, 20, o Quartel do 23º BPM em São Bento do Sul, oportunidade em que falou a nossa reportagem.
EVOLUÇÃO – A que se deve sua visita?
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM – A Polícia Militar no seu novo modelo de gestão, passou a fazer visitas de inspeção em todos os Batalhões. Nessas visitas de inspeção nós temos 202 itens de check-list, na gestão de pessoal, de inteligência criminal, de ensino, de material bélico, logística de uma maneira geral, de comunicação social e também a gestão de projetos e finanças. Com isso entra Proerd, todas as atividades da Polícia Militar. Vamos verificar se o Batalhão cumpre ou não os indicadores do Plano de Comando de Florianópolis.
EVOLUÇÃO- Como isto funcionava anteriormente?
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM – Antigamente o Comandante Geral em Florianópolis dava uma ordem, eu quero que seja assim. A ordem se espalhava pelo Estado. A pessoa que estava lá na ponta dizia: “Bem, eu recebi a ordem, mas será que o Comandante Geral sabe dos meus recursos, das minhas condições”. Então eu vou fingir que cumpri, mas vou fazer do meu jeito. Hoje o Comandante dá a linha geral de Comando e cada Batalhão através de projetos, alimenta um sistema de gestão para resolver os problemas maiores destes indicadores na sua PM. Nestas condições o Comando Geral nem precisaria vir aqui para inspeção. Porque tudo isso vai para uma ferramenta de gestão chamada BI Bussiness Intelligence, uma ferramenta de gestão onde cada comandante na sua área, e os comandantes superiores conforme o guarda-chuvas vai aumentando, consegue ver todos os indicadores, toda a sua gestão. Uma coisa interessante, por exemplo, é como que trabalha o soldado da PM aqui de São Bento do Sul? Hoje tudo que ele faz se transforma em dados. Se ele preenche uma multa de trânsito, vai para o sistema virtual, para o mundo virtual. Se ele fizer um Termo Circunstanciado, um Boletim de Ocorrência, idem. Assim várias atividades que ele desempenha, se prende alguém, se cumpre uma missão, se é mandado atender uma ocorrência através do COPOM, tudo fica registrado no mundo virtual. O Sistema BI, consegue todos estes indicadores, captar estas informações e dar a resposta que o soldado “José”, tem uma escala de serviço que é assim, cumpre tantas horas por semana, que faz tantas horas extras, cumpriu tantas missões, que deixou de cumprir outras tantas em tese, porque quando nós olhamos aqui ele disse que atendeu 50 ocorrências e em 30 delas “nada foi contatado”. Aí nós vamos lá no “nada constatado”, no local e vamos ver pelo GPS que ele não foi com a viatura lá. O cidadão pediu uma viatura porque tinha uma algazarra na frente da sua casa. A solução que está aqui no COPOM, “nada constatado no local”. O GPS mostra o trajeto da viatura e poderemos conferir que a viatura sequer chegou naquele local. Se alguém vier fazer uma denúncia de que a viatura não chegou no local, verificamos também e podemos constatar: “a viatura ficou 10 minutos parada na frente da sua casa”. Então os recursos tecnológicos fazem com que consigamos fazer a gestão mesmo de longe. Então estamos aqui para ver como estão sendo feitas as coisas boas. O Batalhão aqui, e não é porque estou na frente do comandante Amarildo, até pela cultura do povo local que é muito caprichoso não poderia ser diferente. Mas de repente isso aqui poderia ser apenas mais uma repartição pública, pois sabe-se que existem algumas por aí que são uma vergonha. Aqui está tudo muito bem cuidado e organizado. Por exemplo a tropa tem baixos índices de problemas com corregedoria. Existem exceções é claro, porque eles não são violentos. Isso é uma coisa maravilhosa. Com isso nós vamos vendo as boas práticas. Fazer um relatório, assim como também é muito provável que vamos detectar algumas discrepâncias, alguma coisa que possa não estar no nível desejado e daí fazer sugestões para que o Comandante melhore aquele indicador.
EVOLUÇÃO – Qual a duração deste trabalho?
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM – O Estado Maior faz todo este levantamento hoje. Tem gente por todo canto, verificando, entrevistando, analisando, estes dados são levantados e registrados o que é positivo e o que deixou a desejar. O relatório final com as discrepâncias e sugestões e determinação para resolver com prazo de cumprimento. O que é bom será difundido. É uma visita muito mais para colher coisas boas do que trazer determinações.
EVOLUÇÃO - Coisas boas nós tínhamos, o Funrebom exemplo para todo o Estado?
CEL. AMARILDO DE ASSIS LIMA – Nós temos aqui 16 viaturas compradas com estes recursos, enquanto o Estado nos mandou 3.
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM - Realmente isso causa uma falência. Imagine Blumenau R$ 1.300 mil por ano.
CEL. AMARILDO DE ASSIS LIMA – Nós temos uma solução para isso e que surgiu no interior da Associação Empresarial juntamente com a CDL, e a minuta do projeto de Lei já está pronta e será encaminhada para o Poder Público, para criação de um Fundo de Reequipamento Voluntário e vai talvez dar até maior resultado pois irá permitir contribuições de pessoas física.
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM – Isso é uma novidade e que pela primeira vez ouvimos aqui. Precisamos que depois desta conversa dar um pulinho lá na PM 6 e mostrar este projeto. Na reunião do Conselho Estratégico do dia 27, com todos os coronéis presente nós vamos dizer: Em São Bento do Sul por iniciativa das classes empresariais com apoio da imprensa o Fundo vai ser restabelecido ainda com mais robustez. Isto é uma solução para problemas em todo o Estado e mais um bom exemplo.
EVOLUÇÃO – E o velho problema do efetivo?
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM – Uma revelação assustadora feita pelo Cel. Amarildo. Da tropa regional, 5 policiais estão afastados com câncer. Uma realidade é que nossa tropa está envelhecida. Foram muitos anos sem nenhuma inclusão. Exemplificou com a Escola criada em São Miguel d’Oeste que formou cerca de 60 policiais e está completando 30 anos, idade de aposentadoria. Agora a estratégia é formar novos policiais e não colocar no mesmo local os formados no mesmo ano.
EVOLUÇÃO - Será que vamos a exemplo dos médicos importar policiais?
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM – (Risos... risos...) Veja só, sem criticar governos. Foram anos sem nenhuma inclusão como já afirmei. Agora estão sendo incluídos 3.000 novos policiais militares, a partir de 2011. No ano que vêm completa este número. Destes novos que irão ser incluídos, a 5º Região como um todo (Joinville, São Francisco até Rio Negrinho), irão receber 210 novos policiais. São Bento especificamente vai receber 32 policiais para o 23º BPM. Há cidades com dois policiais militares, como no interior do Oeste. Precisa aumentar o efetivo. O que não podemos é ficar sem um efetivo mínimo, pois hoje contamos com mais tecnologia (Câmeras, sistema de gestão) e ferramentas auxiliares.
EVOLUÇÃO – E o problema salarial?
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM – É uma barreira e desestimulante na verdade. Nossa esperança agora é que na sexta-feira dia 23 a Assembléia Legislativa dê a solução. Pela proposta o policial inicial entrará na carreira com salário em torno de R$ 5 mil, podendo chegar a Sub-Tenente e aposentar-se com R$ 12 mil. Já o advogado formado que prestar concurso entrará como oficial com salário em torno de R$ 15 mil e poderá se aposentar com o teto de 26 mil. Vamos torcer para que isto aconteça e a carreira de PM se torne mais atrativa e compensadora.
EVOLUÇÃO – Para encerrar uma notícia boa.
CEL. JOÃO SCHORNE DE AMORIM – Até o final do ano está prevista a entrega de doze viaturas para a região. Cinco viaturas para São Bento do Sul, cinco para Rio Negrinho e para Campo Alegre, duas.