D. Aldo, citado com destaque em reportagem da Rádio Vaticano, informou que caberá ao arcebispo de Curitiba, d. Moacyr Vitti, iniciar o processo, após obter a autorização da Congregação para as Causas dos Santos. "Começaremos então a coletar os testemunhos, que são imensos, casos de salvação de vidas e também todos os ensinamentos e práticas da doutora Zilda", disse d. Aldo. Para ele, o "pleito terá fácil aprovação".
Para o arcebispo da Paraíba, o que importa é "o gesto de valorização e de reconhecimento de todas as virtudes da médica, além do legado deixado para as pastorais". D. Aldo lembrou que Zilda concorreu ao Prêmio Nobel da Paz, "o que já é um reconhecimento de dimensão universal".
Zilda morreu aos 75 anos, no dia 12 de janeiro de 2010, sob os escombros de um prédio, enquanto fazia uma palestra para voluntários e colaboradores da Pastoral da Criança, em Porto Príncipe. Viúva de Aloysio Neumann, deixou quatro filhos e dez netos. Outros dois filhos morreram - Marcelo, recém-nascido, e Sílvia, aos 30 anos. Era a 12.ª de 13 irmãos, sete mulheres e seis homens, entre eles o cardeal d. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo.
Em resposta ao Estado, d. Paulo agradeceu ao repórter a notícia sobre o processo de beatificação de sua irmã e pediu desculpas por não fazer qualquer comentário. No dia seguinte à morte de Zilda, o cardeal ditou a declaração: "Quanto mais medito sobre a vida de Zilda Arns Neumann e seu trabalho em favor das crianças e mães pobres, me convenço de que a esperança nasce com a pessoa humana e se realiza plenamente no Deus criador. Sinto que foi e é esse o sentido da vida de Zilda".
Foi d. Paulo quem convenceu, em 1982, Zilda a fundar a Pastoral da Criança e indicou o nome do então arcebispo de Londrina, d. Geraldo Majella Agnelo, atualmente cardeal e arcebispo emérito de Salvador, para ajudá-la na missão. A Pastoral da Criança, fundada em 1983, tem hoje cerca de 200 mil voluntários e atua em todos os Estados brasileiros e em 20 países da América Latina, da África e da Ásia.
Família. Filho de Zilda, o epidemiologista Nélson Arns Neumann, coordenador internacional da Pastoral da Criança, disse que "todos ficaram muito satisfeitos com a notícia de que ela poderá ser beatificada, porque, além de exemplo para a família, servirá de referência para outras pessoas que querem uma sociedade mais justa e fraterna". Os outros filhos são o veterinário Rubens, a psicóloga Heloísa e o administrador Rogério. Seu neto, Danilo, filho de Sílvia, era criado como filho.