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Luciana Albino


Arquiteta & Urbanista

CREA/SC 105541-3


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Que tal vender energia?

Terça, 18 de junho de 2013

Imagine que existe no mundo uma região completamente autossustentável em termos energéticos, e que esta sustentabilidade se faz apenas a partir de fontes renováveis – sem comprometer o meio ambiente. Seria isto possível? Pois uma pequena ilha, situada no Estreito de Kattegat, na Dinamarca, não só possui 100% de energia proveniente de fontes renováveis como ainda consegue excedentes energéticos que são repassados à rede pública. Mas como eles conseguiram isso?

Com cerca de 4.000 habitantes, a pequena ilha dinamarquesa sempre foi conhecida por sua produção de laticínios e criação de suínos. Quase toda sua energia era proveniente de petróleo ou carvão e a comunidade nada sabia sobre energias alternativas. Mas em 1997, o Ministério Dinamarquês de Ambiente e Energia promoveu um concurso cujo objetivo seria premiar a cidade que apresentasse o melhor projeto para reduzir suas emissões de carbono e aumentar a geração de energia renovável. E Samso então se propôs a resolver esta questão em apenas 10 anos e venceu o concurso. Em 10 anos, passou de importadora de energia suja para exportadora de energia limpa. A mudança ocorreu devido a cortes no consumo, aumento da eficiência na utilização dos recursos de biomassa, expansão dos sistemas individuais de aquecimento, implantação de painéis solares e a construção de turbinas eólicas em terra e em água.

Para que o plano desse certo, a população inteira foi convidada a participar. Haveria um investimento do governo dinamarquês, a mesma contrapartida do governo local e ainda capital privado de quem decidisse embarcar no projeto. Aos poucos, os fazendeiros inicialmente desconfiados compraram a ideia e hoje são sócios do parque eólico da ilha, formado por 21 turbinas – 11 em terra e 10 em alto mar. De cada 10 casas em Samso, sete usam vento ou sol para produzir sua energia. As usinas de combustível fóssil foram fechadas e os cabos submarinos que antes levavam petróleo e gás para abastecer os habitantes da ilha, hoje fornecem energia limpa ao continente.

 

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Um fazendeiro local revela que a sobra de energia gera um faturamento equivalente a R$ 1 milhão por ano, o triplo do que rende o gado: “Vendemos mais eletricidade do que leite”. A cada hora, a energia eólica é convertida em eletricidade suficiente para o abastecimento de 600 casas. Além disso, os alimentos consumidos são colhidos de hortas caseiras ou de produtores locais; as bicicletas são o principal meio de transporte e, nas casas, painéis solares e usinas movidas a palhas e lascas de madeira garantem 70% do aquecimento da água. A emissão de carbono, que era de 45 mil toneladas por ano, hoje é considerada como “carbono zero”.

A ilha tornou-se referência e abre espaço para discussões sobre a viabilidade do uso de energias limpas: este modelo poderia ser reproduzido em larga escala? Será que o resto do mundo realmente quer isto? Para o diretor do projeto, as mudanças ambientais devem começar “de baixo para cima”, ou seja, pensar localmente e agir localmente, antes de querer mudar o mundo todo. Cada um fazendo sua parte e o resto cuidará de si mesmo.



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