Jornal Evolução Notícias de Santa Catarina
Facebook Jornal Evolução       (47) 99660-9995       Whatsapp Jornal Evolução (47) 99660-9995       E-mail

Airton Anhaia: “Tirando as divergências naturais entre capital e trabalho tem prevalecido o diálogo”

Segunda, 10 de junho de 2013

Airton Edson Martins de Anhaia, natural de Itaiópolis, 52 anos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil e do Mobiliário de São Bento Sul e Campo Alegre, eleito em 1998, encontra-se em seu quarto mandato com vencimento em 20 de dezembro de 2014.

 

Clique para ampliar
“O nosso empresário merece ser aplaudido pelo seu arrojo e persistência” (Foto Pedro Skiba/Evolução)
  

EVOLUÇÃO – Como está o número de filiados do Sindicato, hoje?

AIRTON ANHAIA – Temos em torno de 2.600 filiados, porque a cada dia sai e entra gente.

 

EVOLUÇÃO – E, trabalhadores na categoria?

AIRTON ANHAIA – Em torno de 7 mil.

 

EVOLUÇÃO – E a abrangência?

AIRTON ANHAIA – São Bento do Sul e Campo Alegre.

 

EVOLUÇÃO – Então são?

AIRTON ANHAIA – Na categoria em torno de 6.000, pois englobamos a Construção Civil e aí tem em torno de 1.000 trabalhadores.

 

EVOLUÇÃO – Já falávamos em torno de 11 a 12 mil trabalhadores, assistimos muitas empresas fechando, o que aconteceu?

AIRTON ANHAIA – Se hoje temos em torno de 7 mil, já beiramos os 14 mil. Então tivemos uma redução de 50% nos postos de trabalho.

 

EVOLUÇÃO – A que você atribui um número tão pequeno de filiados?

AIRTON ANHAIA – Assumimos agora no início do ano, um planejamento, um plano de ação como queiram de até o final de agosto contratarmos uma pesquisa, para elaborarmos os chamados discos e entender as questões. Uma coisa já está definida. A rotatividade. Associamos novos trabalhadores todos os dias, mas também perdemos associados, todos os dias com o pessoal que deixa a categoria. Já chegamos próximo de 5 mil associados, no auge. Com a crise de 2008/09/10, baixamos para 950 sócios.

 

EVOLUÇÃO – E as ações para recuperação?

AIRTON ANHAIA – Temos recebido muitos trabalhadores jovens e estamos trabalhando na conscientização de direitos, cidadania. Deveres, e para que eles saibam que o Sindicato não é apenas um prédio, uma diretoria, não é apenas a coisa física e material. Mas, o trabalhador em si, ele participando das reuniões, se envolvendo, fiscalizando, ajudando a tomar decisões, apresentando, propostas, críticas. Se não for dessa forma  as coisas não acontecem. A ferramenta chamada Sindicato enfraquece.

 

EVOLUÇÃO – Sindicato com poucos participantes, perde a força?

AIRTON ANHAIA – Veja, em 2008  - 755 trabalhadores pediram demissão, enquanto 2.191 foram demitidos pelas empresas. Isso resultou numa diferença de 1.436 trabalhadores cujos postos de trabalho foram extintos. Em 2009, 533 trabalhadores pediram demissão contra 1794 que foram demitidos. 2010, 924 se demitiram e 1.539 foram demitidos. Em 2011, 1.032 pediram demissão e 1.387 foram demitidos. Quase um empate. E em 2012, 1.010 pediram demissão e 993 foram demitidos. São estes números juntamente com outros dados que queremos fazer uma análise mais profunda.

 

EVOLUÇÃO – Alguma conclusão prévia?

AIRTON ANHAIA – Tem empresário que se abre  mais, outro que fica mais retraído. Há cerca de um ano e meio, o Jaime Pfuetzenreuter (Móveis James), me disse: “Airton eu vou te dizer uma coisa e talvez apesar das diferenças poderemos colocar em prática. Eu acho que nós exageramos, pronunciamos demais a palavra crise que causamos um certo temor na classe trabalhadora, criamos uma espécie da síndrome do pânico. O trabalhador chega para fazer uma ficha e a sua última opção é o setor moveleiro. Ele quer o comércio, metal mecânico, cerâmico, têxtil, enfim se sobrar apenas o setor moveleiro em tão ele vai tentar. Ou seja, de tanto falar em crise espantamos o trabalhador”, concluiu.

 

EVOLUÇÃO – Como mudar?

AIRTON ANHAIA – Já tem vários fatores positivos. A redução do IPI, o Reintegra, O Brasil maior com redução da encargos e outras. O Udo Weihermann e dizia também: “Airton eu não sou petista nem sei um dia vou votar no PT, mas uma coisa eu admito. Hoje somos recebidos em Brasília de maneira bem mais digna. Somos ouvidos e isso já é um grande passo. Claro que as medidas que o governo vem tomando ainda não são a salvação da lavoura, mas que bom que algo vem sendo feito.

 

EVOLUÇÃO – E, o relacionamento?

AIRTON ANHAIA – Tenho dito que caminha bem. Tirando as divergências naturais entre capital e trabalho tem prevalecido o diálogo. O nosso empresário merece ser aplaudido pelo seu arrojo, persistência. Vi muita gente que saiu da indústria moveleira abrir seu próprio negócio e se dar muito bem. Já vi aposentado tirar dinheiro do bolso para manter as contas em dia na empresa.  São pessoas que nasceram para ter vergonha na cara, serem sérios. Malandro e espertalhão tem em todo lugar, mas a maioria dos nossos empresários são sérios.

 

EVOLUÇÃO - E a reposição salarial?

AIRTON ANHAIA – Conforme o Dr. Jonny (Sindicato Patronal), quando sentamos à mesa ele já diz “Vamos esquecer a razão e o dinheiro por enquanto. Vamos nos ater a razão no final vamos ver quem tem mais dinheiro”. Eu sempre respondo que dinheiro e razão todo mundo que ter. Então dentro de uma ética e respeito as negociações tem sido conduzidas. A nossa data base é 1º de maio, no período de 1 ano o INPC acumulado foi de 7.16%. Depois de cinco rodadas de negociação, em torno de 10 horas, chegamos  num acordo  8,25%  de aumento com um o ganho real de 1,09%. O salário mínimo da categoria, piso único, passou de R$ 770,00 para R$ 850,00, representando 10,39% com ganho real de 3,23%. Eu digo que foi uma boa negociação.

 

EVOLUÇÃO – E a visão de futuro?

AIRTON ANHAIA – Eu vejo que tudo que acontece de ruim é para tirarmos uma lição. Depois de tirada a lição, vemos que o que aconteceu de ruim, não foi assim tão calamitoso. Essas crises tem se tornado uma escola, tanto para empresários, empreendedores e trabalhadores. Ao contrário do que pregavam que aqui não iria sobrar um cavaco de madeira, acabamos por uma consolidação do setor, empresários se reciclando, investindo em tecnologia, criatividade e mostraram uma capacidade muito grande de se refazer e enfrentar os desafios. Estamos todos aprendendo a cobrar mais.

 

EVOLUÇÃO – E, a quase centenária Legislação Trabalhista?

AIRTON ANHAIA - No último 1º de maio a nossa famosa CLT completou 70 anos. Partindo do principio que razão e dinheiro todo mundo quer ter, precisa de mudanças. O problema é que existem resistência de todos as partes, governamental, dos patrões e dos trabalhadores. Temos que construir estas modificações na mesa de negociações. Estou muito esperançoso e otimista.



Comente






Conteúdo relacionado





Inicial  |  Parceiros  |  Notícias  |  Colunistas  |  Sobre nós  |  Contato  | 

Contato
Fone: (47) 99660-9995
Celular / Whatsapp: (47) 99660-9995
E-mail: paskibagmail.com



© Copyright 2025 - Jornal Evolução Notícias de Santa Catarina
by SAMUCA